Margarida Tengarrinha nunca entrou numa tipografia clandestina do Avante! . Por razões de segurança, apenas os camaradas mais responsáveis conheciam a localização do aparelho clandestino de imprensa do Partido. Mas a vida desta comunista está indelevelmente ligada ao órgão central do PCP, do qual foi redactora, paginadora e ilustradora durante vários períodos da vida do jornal.
«André, temos mais uma coisa para ler: já nasceu um novo Avante!» Hoje, quinta-feira, Maria Lucília Estanco provavelmente telefonará a André Rodrigues e dirá uma frase como esta. Desse contacto nascerá mais uma sessão de leitura, ela impossibilitada de ler por motivos de saúde, ele esforçando-se por transmitir da melhor maneira o que lê. Estes encontros de leitura sucedem-se há três anos, normalmente duas vezes por semana, sempre em casa de Maria Lucília, num bairro calmo de Lisboa. Não há dias fixos, tal como não há leituras determinadas, à excepção do Avante!.