Polónia

Direita ajusta contas com socialismo

O antigo chefe de Estado polaco, Wojciech Jaruzelski, foi acusado, na sexta-feira, 31, de «crime comunista» por ter decretado, em 13 de Dezembro de 1981, a lei marcial no país.
A expressão escolhida é por si só reveladora do espírito revanchista que anima a Comissão de Inquérito dos Crimes contra a Nação, visivelmente mais empenhada em realizar o desejo da direita no poder de ajustar contas com o passado socialista do que em promover a investigação da verdade histórica.
Esta comissão, ligada ao Instituto da Memória Polaca, foi criada em 1945 para investigar os crimes do nazismo. Contudo, em 1991, o seu campo de estudo foi alargado às décadas de construção do socialismo. Em 1999, viu as suas competências reforçadas, passando a ter poderes judiciais, designadamente na instauração de processos-crime, obviamente contra antigos dirigentes comunistas.
Embora não tenha indicado quando e por quem será julgado o antigo dirigente comunista, agora com 82 anos, a comissão determinou que este poderá ser condenado a um pena de oito anos de prisão.
De facto, Jaruzelski havia já sido acusado num processo similar que foi encerrado em 1996 por deliberação do parlamento. Na altura, os novos detentores do poder terão tido em consideração o conteúdo dos acordos de 1989, que abriram a porta do poder aos dirigentes do Solidarnost, estabelecendo uma política de «reconciliação» entre comunistas e opositores.
Passados 25 anos dos factos apontados e mais de 15 sobre a capitulação do regime socialista, esta nova vaga persecutória tem por detrás a direita conservadora que recentemente conquistou a presidência da república e o governo do país, na sequência do desastre eleitoral dos sociais-democratas.
Incapazes de resolver os problemas do país, os adeptos do capitalismo apenas agravaram as desigualdades, aumentaram brutalmente o desemprego e reduziram à miséria milhões de polacos.
Face à desilusão e crescente descontentamento populares, o Partido «Lei e Justiça» propôs-se romper com o passado, isto é, fazer dele o bode expiatório da profunda crise política, social e económica que há muito se vive na Polónia.
Desde a sua chegado ao poder, no Outono último, muitos funcionários conotados com o «passado» foram saneados em vários ministérios. Agora, chegou a vez de Jaruzelski...


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