«Laranja» espremida nas urnas
O Partido das Regiões, de Viktor Ianukovitch, ganhou as eleições legislativas na Ucrânia. Apesar da vitória, o actual presidente e líder da denominada «revolução laranja», ordenou a formação de uma coligação com os derrotados.
«Iuchtchenko quer uma coligação governamental com as formações derrotadas»
Um ano e meio depois de ter encabeçado a chamada «revolução laranja», em Novembro de 2004, o Chefe de Estado ucraniano, Viktor Iuchtchenko, sofreu uma copiosa derrota nas urnas para o principal partido da oposição, liderado precisamente pelo então derrotado Viktor Ianukovitch.
Com cerca de metade das assembleias de voto escrutinadas à hora de fecho da nossa redacção, o «Partido das Regiões» recolhia a preferência de cerca de 28 por cento dos eleitores.
Embora provisórios, estes resultados confirmam as projecções avançadas, domingo, ao início da noite, com base em sondagens feitas à boca das urnas, nas quais aos «azuis» de Ianukovitch era atribuído um resultado entre os 26 e os 31 por cento.
Em segundo lugar, com pouco mais de 23 por cento dos votos, deverá ficar o partido da ex-primeira-ministra Iulia Timochenko, que concorreu pelo «Bloco Timochenko» desavinda e acusada de favorecimento próprio e de terceiros em negócios envolvendo o gás natural pelo antigo aliado «laranja», Viktor Iuchtchenko.
Quanto à coligação presidencial «A Nossa Ucrânia», nem com milhares de dólares de apoio dos amigos europeus e norte-americanos, principais sustentáculos e financiadores da «revolução» invernal de 2004, conseguiu garantir a vitória no sufrágio.
No sentido de voto expresso pelo povo terão pesado, para além dos inúmeros escândalos de corrupção, o facto de, em pouco mais de um ano, a Ucrânia ter passado de uma taxa de crescimento económico de 12 para 2 por cento, e ter registado um aumento significativo do número de pobres e desempregados.
Golpada pós-eleitoral na forja
«Estamos prontos a assumir a responsabilidade de constituir governo e apelamos a todos para que se juntem a nós», declarou o vencedor horas depois de terem sido conhecidos os primeiros resultados eleitorais. Para Ianukovitch, este resultado «abrirá uma nova página na história da Ucrânia», mas quem não parece disposto a trocar as voltas às folhas do poder é o actual presidente do país.
Muito embora tenha recolhido pouco mais de 16 por cento dos votos, Iuchtchenko encarregou, segunda-feira, o primeiro-ministro, Iuri Ekhanurov, de encetar conversações com o objectivo de estabelecer uma coligação governamental com as formações derrotadas.
Para garantir a maioria dos 450 lugares no parlamento, Iuchtchenko deverá não só socorrer-se do auxílio do «Partido Socialista», que obteve 7 por cento, como ainda sanar, a bem dos interesses do progresso e da modernização neoliberal da Ucrânia, as diferenças com Iulia Timochenko.
A antiga dirigente «laranja» foi, aliás, a primeira a adiantar tal hipótese quando, na análise preliminar dos resultados, propôs uma unificação pós-eleitoral por forma a afastar Ianukovitch do cargo de chefia do executivo. As palavras foram imediatamente saudadas pelo director de campanha do «A Nossa Ucrânia», o qual considerou sensata uma coligação governamental com a líder do «Bloco».
Dois pesos e duas medidas
Presentes no escrutínio no papel de «observadores», os responsáveis da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que juntamente com um punhado de ONG’s foram, em 2004, cabeças de turco da «revolução laranja», apressaram-se a considerar o acto «livre e justo», isto, claro, depois de adiantada a possibilidade de se formar um executivo constituído pela junção dos derrotados pelo voto popular.
Procurando descentrar atenções sobre o fundamental, isto é, o desbaratamento, em menos de um ano e meio, das esperanças e ilusões, mesmo que artificiais, criadas com a «revolução» no seio de sectores das massas populares, a representante da organização, Alcee Hastings, sustentou que «estas eleições representam um contraste acentuado em relação às da passada semana na Bielorrússia», onde, disse também, o sufrágio «foi largamente injusto».
Democracia de consumo rápido
Um dos factos que marcaram as eleições do passado domingo na Ucrânia foi o elevado número de partidos que concorreram, o que dificultou a escolha sensata dos eleitores, a braços com propostas, no mínimo, pouco sérias e um boletim que media quase um metro de comprimento.
Entra os candidatos encontrava-se um pouco de tudo. Juizes, jornalistas, personalidades do mundo do espectáculo, apresentadores de televisão e estrelas musicais, como a vencedora do Festival da Eurovisão de 2004, Ruslana Lyjitchko, colocada em quinto lugar na lista do presidente Iuchtchenko.
Do rol fazem parte ainda mais de dez procurados pela justiça em busca da tão ambicionada imunidade parlamentar, mas o caso que mais futuro promete é o do campeão de pesos pesados, Vitaly Klitschko, que aos 34 anos de idade resolveu trocar de luvas e tentar garantir um lugar na câmara dos deputados. Caso seja bem sucedido, pode lançar os punhos ao já anunciado projecto de conquista do município de Kiev.
Com cerca de metade das assembleias de voto escrutinadas à hora de fecho da nossa redacção, o «Partido das Regiões» recolhia a preferência de cerca de 28 por cento dos eleitores.
Embora provisórios, estes resultados confirmam as projecções avançadas, domingo, ao início da noite, com base em sondagens feitas à boca das urnas, nas quais aos «azuis» de Ianukovitch era atribuído um resultado entre os 26 e os 31 por cento.
Em segundo lugar, com pouco mais de 23 por cento dos votos, deverá ficar o partido da ex-primeira-ministra Iulia Timochenko, que concorreu pelo «Bloco Timochenko» desavinda e acusada de favorecimento próprio e de terceiros em negócios envolvendo o gás natural pelo antigo aliado «laranja», Viktor Iuchtchenko.
Quanto à coligação presidencial «A Nossa Ucrânia», nem com milhares de dólares de apoio dos amigos europeus e norte-americanos, principais sustentáculos e financiadores da «revolução» invernal de 2004, conseguiu garantir a vitória no sufrágio.
No sentido de voto expresso pelo povo terão pesado, para além dos inúmeros escândalos de corrupção, o facto de, em pouco mais de um ano, a Ucrânia ter passado de uma taxa de crescimento económico de 12 para 2 por cento, e ter registado um aumento significativo do número de pobres e desempregados.
Golpada pós-eleitoral na forja
«Estamos prontos a assumir a responsabilidade de constituir governo e apelamos a todos para que se juntem a nós», declarou o vencedor horas depois de terem sido conhecidos os primeiros resultados eleitorais. Para Ianukovitch, este resultado «abrirá uma nova página na história da Ucrânia», mas quem não parece disposto a trocar as voltas às folhas do poder é o actual presidente do país.
Muito embora tenha recolhido pouco mais de 16 por cento dos votos, Iuchtchenko encarregou, segunda-feira, o primeiro-ministro, Iuri Ekhanurov, de encetar conversações com o objectivo de estabelecer uma coligação governamental com as formações derrotadas.
Para garantir a maioria dos 450 lugares no parlamento, Iuchtchenko deverá não só socorrer-se do auxílio do «Partido Socialista», que obteve 7 por cento, como ainda sanar, a bem dos interesses do progresso e da modernização neoliberal da Ucrânia, as diferenças com Iulia Timochenko.
A antiga dirigente «laranja» foi, aliás, a primeira a adiantar tal hipótese quando, na análise preliminar dos resultados, propôs uma unificação pós-eleitoral por forma a afastar Ianukovitch do cargo de chefia do executivo. As palavras foram imediatamente saudadas pelo director de campanha do «A Nossa Ucrânia», o qual considerou sensata uma coligação governamental com a líder do «Bloco».
Dois pesos e duas medidas
Presentes no escrutínio no papel de «observadores», os responsáveis da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que juntamente com um punhado de ONG’s foram, em 2004, cabeças de turco da «revolução laranja», apressaram-se a considerar o acto «livre e justo», isto, claro, depois de adiantada a possibilidade de se formar um executivo constituído pela junção dos derrotados pelo voto popular.
Procurando descentrar atenções sobre o fundamental, isto é, o desbaratamento, em menos de um ano e meio, das esperanças e ilusões, mesmo que artificiais, criadas com a «revolução» no seio de sectores das massas populares, a representante da organização, Alcee Hastings, sustentou que «estas eleições representam um contraste acentuado em relação às da passada semana na Bielorrússia», onde, disse também, o sufrágio «foi largamente injusto».
Democracia de consumo rápido
Um dos factos que marcaram as eleições do passado domingo na Ucrânia foi o elevado número de partidos que concorreram, o que dificultou a escolha sensata dos eleitores, a braços com propostas, no mínimo, pouco sérias e um boletim que media quase um metro de comprimento.
Entra os candidatos encontrava-se um pouco de tudo. Juizes, jornalistas, personalidades do mundo do espectáculo, apresentadores de televisão e estrelas musicais, como a vencedora do Festival da Eurovisão de 2004, Ruslana Lyjitchko, colocada em quinto lugar na lista do presidente Iuchtchenko.
Do rol fazem parte ainda mais de dez procurados pela justiça em busca da tão ambicionada imunidade parlamentar, mas o caso que mais futuro promete é o do campeão de pesos pesados, Vitaly Klitschko, que aos 34 anos de idade resolveu trocar de luvas e tentar garantir um lugar na câmara dos deputados. Caso seja bem sucedido, pode lançar os punhos ao já anunciado projecto de conquista do município de Kiev.