Venezuela em dois tempos
A 3 de Dezembro, a Venezuela vai de novo a uma consulta eleitoral, desta vez para eleger presidente. Talvez devêssemos ter escrito novo presidente, mas poucos analistas políticos consideram outro resultado que não seja uma cómoda vitória de Hugo Chávez, eleito originalmente em 1998, confirmado no revogatório de 2004 e cuja administração, entre uma e outra data, venceu mais de uma mão cheia de processos eleitorais, e mais teria vencido se o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) tivesse cumprido com o seu dever de submeter a revogatório os deputados da oposição, para o qual se conseguiram mais do que as assinaturas necessárias… mesmo antes do revogatório presidencial!
Posta de parte, salvo um cataclismo político difícil de imaginar, a derrota do actual presidente contra qualquer candidato que apresente a oposição, o que está em discussão é se a reacção venezuelana – alimentada por Bush – participará ou não na consulta eleitoral. Neste momento e depois de uma série de derrotas políticas sucessivas está dividida em grupinhos e alegadas ONGs com mais iniciais do que militantes. De um lado alinham os restos do que foram os dois grandes partidos tradicionais, que põem condições para ir às eleições, algumas delas totalmente inaceitáveis porque vão contra a Constituição. Do outro, alguns partidos mais novos e com certa implantação nas zonas ricas da capital, assim como certas personalidades não tão frescas e de comprovada
vocação perdedora, que parecem querer participar...
Nas legislativas de Dezembro do ano passado, após uma série de concessões do CNE – algumas até injustificadas – e depois do compromisso público no sentido de participar, no último minuto quase todos eles deram o dito por não dito e decidiram-se pela sabotagem, pela não participação com a finalidade óbvia de deslegitimar o novo parlamento e abrir o caminho a uma intervenção militar de Bush. E se assim fizeram, chegando mesmo ao sacrifício dos seus deputados – não seriam muitos, mas seriam alguns – será que agora vão até às eleições quando não têm a mais mínima hipótese de vencer? Não será que mais adiante virarão de novo as costas à democracia argumentando falta de «confiança no árbitro» ou de «transparência eleitoral», ou ambas as desculpas? Para já, os principais meios de comunicação, os escritos e os audiovisuais, que são os que veiculam a estratégia de Washington contra o processo bolivariano, apelam grosseiramente à não participação. Os que até ao referendo de Agosto 2004
gritaram histericamente «vamos contar-nos!», agora são os que não se querem contar… É natural. Para quem conhece a dimensão das duas manifestações de 4 de Fevereiro, aniversário do pronunciamento militar encabeçado por Hugo Chávez em 1992, entende o que se passa com a oposição venezuelana. De um lado, uma gigantesca massa humana de apoio ao processo bolivariano. Do outro, um grupo raquítico a agitar bandeiras… dos Estados Unidos!
Mercal, uma missão de abrir a boca…
Enquanto a oposição desfolha o malmequer para ver se se conta ou não no final deste ano, o processo bolivariano avança «a passo de vencedores». Das várias missões que confirma o anterior destacamos hoje a Missão Mercal, cujo sucesso só é comparável ao de Bairro Adentro (atenção médica) ou Robinson (alfabetização).
Pouco depois do lock-out e da sabotagem na indústria petrolífera de Dezembro 2002/Fevereiro 2003 com que a oposição pretendia por de joelhos o processo bolivariano, a revolução deu um passo em frente, em Abril de 2003, com o nascimento de Mercal, a missão que, a través de mercearias (bodegas) e automercados populares, se ocupa da comercialização e distribuição de produtos de primeira necessidade nas zonas mais pobres do país. Aquilo que no princípio foram 3 lojas são hoje mais de 14 500 locais em toda a Venezuela, onde compra a classe pobre… e cada vez mais aqueles que o não são tanto! Muitas delas funcionam nos bairros de lata e outras em zona onde chegam carros de vários milhares de contos, de tal forma que já superaram as 15 milhões as pessoas que as visitam periodicamente. Não estranha assim que de início Mercal vendesse só 10 mil toneladas de alimentos e hoje escoe perto de 5600 milhões.
Naqueles momentos de conspiração made in USA, quando a revolução esteve em grave perigo, Mercal nasceu com o propósito de oferecer bens entre 10 e 15% abaixo dos preços de mercado. Hoje mantém os valores de 2003 e alguns produtos são 40% mais baratos que noutras lojas. Outro aspecto importante desta Missão, que dá emprego directo a 7242 pessoas, é que se fornece de 144 empresas particulares e de 905 cooperativas, muitas das quais não existiam antes. Mais: de tudo o que vende Mercal, perto de 69% é produto nacional, com o qual arrasou o argumento oposicionista de que atentava contra a indústria do país.
A contra-revolução ladra mas a revolução passa.
Posta de parte, salvo um cataclismo político difícil de imaginar, a derrota do actual presidente contra qualquer candidato que apresente a oposição, o que está em discussão é se a reacção venezuelana – alimentada por Bush – participará ou não na consulta eleitoral. Neste momento e depois de uma série de derrotas políticas sucessivas está dividida em grupinhos e alegadas ONGs com mais iniciais do que militantes. De um lado alinham os restos do que foram os dois grandes partidos tradicionais, que põem condições para ir às eleições, algumas delas totalmente inaceitáveis porque vão contra a Constituição. Do outro, alguns partidos mais novos e com certa implantação nas zonas ricas da capital, assim como certas personalidades não tão frescas e de comprovada
vocação perdedora, que parecem querer participar...
Nas legislativas de Dezembro do ano passado, após uma série de concessões do CNE – algumas até injustificadas – e depois do compromisso público no sentido de participar, no último minuto quase todos eles deram o dito por não dito e decidiram-se pela sabotagem, pela não participação com a finalidade óbvia de deslegitimar o novo parlamento e abrir o caminho a uma intervenção militar de Bush. E se assim fizeram, chegando mesmo ao sacrifício dos seus deputados – não seriam muitos, mas seriam alguns – será que agora vão até às eleições quando não têm a mais mínima hipótese de vencer? Não será que mais adiante virarão de novo as costas à democracia argumentando falta de «confiança no árbitro» ou de «transparência eleitoral», ou ambas as desculpas? Para já, os principais meios de comunicação, os escritos e os audiovisuais, que são os que veiculam a estratégia de Washington contra o processo bolivariano, apelam grosseiramente à não participação. Os que até ao referendo de Agosto 2004
gritaram histericamente «vamos contar-nos!», agora são os que não se querem contar… É natural. Para quem conhece a dimensão das duas manifestações de 4 de Fevereiro, aniversário do pronunciamento militar encabeçado por Hugo Chávez em 1992, entende o que se passa com a oposição venezuelana. De um lado, uma gigantesca massa humana de apoio ao processo bolivariano. Do outro, um grupo raquítico a agitar bandeiras… dos Estados Unidos!
Mercal, uma missão de abrir a boca…
Enquanto a oposição desfolha o malmequer para ver se se conta ou não no final deste ano, o processo bolivariano avança «a passo de vencedores». Das várias missões que confirma o anterior destacamos hoje a Missão Mercal, cujo sucesso só é comparável ao de Bairro Adentro (atenção médica) ou Robinson (alfabetização).
Pouco depois do lock-out e da sabotagem na indústria petrolífera de Dezembro 2002/Fevereiro 2003 com que a oposição pretendia por de joelhos o processo bolivariano, a revolução deu um passo em frente, em Abril de 2003, com o nascimento de Mercal, a missão que, a través de mercearias (bodegas) e automercados populares, se ocupa da comercialização e distribuição de produtos de primeira necessidade nas zonas mais pobres do país. Aquilo que no princípio foram 3 lojas são hoje mais de 14 500 locais em toda a Venezuela, onde compra a classe pobre… e cada vez mais aqueles que o não são tanto! Muitas delas funcionam nos bairros de lata e outras em zona onde chegam carros de vários milhares de contos, de tal forma que já superaram as 15 milhões as pessoas que as visitam periodicamente. Não estranha assim que de início Mercal vendesse só 10 mil toneladas de alimentos e hoje escoe perto de 5600 milhões.
Naqueles momentos de conspiração made in USA, quando a revolução esteve em grave perigo, Mercal nasceu com o propósito de oferecer bens entre 10 e 15% abaixo dos preços de mercado. Hoje mantém os valores de 2003 e alguns produtos são 40% mais baratos que noutras lojas. Outro aspecto importante desta Missão, que dá emprego directo a 7242 pessoas, é que se fornece de 144 empresas particulares e de 905 cooperativas, muitas das quais não existiam antes. Mais: de tudo o que vende Mercal, perto de 69% é produto nacional, com o qual arrasou o argumento oposicionista de que atentava contra a indústria do país.
A contra-revolução ladra mas a revolução passa.