América Latina

Presidenciais animam Peru e México

As campanhas para as presidenciais no Peru e no México, respectivamente a 9 de Abril e 2 de Julho, agitam os dois países na perspectiva de viragem à esquerda.

O Peru rege-se actualmente por uma Constituição neoliberal»

No último domingo, o peruano Ollanta Humala escolheu o bairro degradado Vila El Salvador para anunciar que, se for eleito, pretende convocar uma Assembleia Nacional Constituinte para constituir uma «Segunda República» sobre os escombros «de um país comprometido com os capitais estrangeiros». Humala justifica a medida alegando que o Peru «se rege actualmente por uma Constituição neoliberal e delinquente do ex-presidente Alberto Fujimori».
«Iniciaremos com uma nova Constituição, com uma nova repartição do poder no Peru, que seja justa e onde os 50 por cento de peruanos que vivem na pobreza possam encontrar uma esperança», afirmou Humala.
Coronel do Exército, nacionalista e mestiço, Humala encontra-se em segundo lugar nas intenções de voto, capitalizando o descontentamento popular para o seu projecto, que designou de «A grande transformação», com propostas como a suspensão do Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos.
O candidato propõe ainda uma maior participação estatal no sector energético e a revisão dos contratos com as multinacionais que operam no Peru; a redução da taxa de pobreza extrema para 15 por cento da população, com a inclusão social de um milhão de peruanos, através do aumento das despesas sociais para 1% do PIB (Produto Interno Bruto); uma inflação anual nunca superior a 2,5 por cento nos próximos cinco anos; um déficit fiscal de no máximo 1% do PIB, e uma carga tributária de não mais de 18% do PIB.
Segundo as últimas sondagens do instituto Dantum, a candidata conservadora Lourdes Flores lidera as intenções de voto com 35 por cento, seguida por Humala com 25 por cento. Em terceiro lugar, com 17 por cento das intenções de voto, vem o ex-presidente Alan García.

Obrador em vantagem no México

Andrés Manuel López Obrador, ex-governador da Cidade do México e candidato da coligação «Pelo bem de todos», reafirmou no passado domingo num comício no centro histórico da capital mexicana, perante mais de 120 mil pessoas, que a sua candidatura é um compromisso com os pobres.
Apoiado pelos partidos PRD (Partido da Revolução Democrática, dissidência de esquerda do Partido Revolucionário Institucional/PRI), do Trabalho (PT) e Convergência, que integram a coligação, Obrador promete desenvolver à escala nacional os programas sociais que implementou ao administrar a Cidade do México, bem como impor medidas de austeridade aos titulares de cargos políticos, a começar pelo salário presidencial, que diz querer reduzir a metade.
O candidato compromete-se igualmente a eliminar os obstáculos que impedem o Distrito Federal (DF) a contar com uma constituição e com os mesmos direitos dos restantes 32 estados mexicanos, bem como a estabelecer uma relação de respeito e colaboração entre os governos federal e da capital, e começar a pagar a dívida com os povos e comunidades indígenas conforme estipulado nos Acordos de Santo André, firmados em 1996.
Segundo as mais recentes sondagens, Obrador está cinco pontos à frente dos seus principais opositores: Felipe Calderón, que saiu do gabinete de ministros do actual presidente Ricardo Fox para se dedicar à campanha, e Roberto Madrazo, do PRI, que governou o México durante 71 anos, antes de ser desalojado por Fox.


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