«O século XXI será um século de revoluções»
De visita a Portugal a convite da JCP, Themis Gionis, secretário-geral da Juventude Comunista da Grécia (KNE), fala ao Avante! sobre a ofensiva na Europa contra o movimento comunista e os problemas e aspirações da juventude grega.
Na Grécia, o desemprego juvenil é de 30 por cento. A vida dos jovens é muito difícil, nomeadamente se querem constituir família.
- Em vários países europeus verifica-se um ataque dos governos aos partidos e juventudes comunistas. Acontece o mesmo na Grécia?
- Não foram tomadas medidas de ilegalização do Partido Comunista na Grécia, mas, especialmente depois do memorando do Conselho Europeu que pretende criminalizar a ideologia comunista, torna-se claro um esforço sistemático para condenar na consciência dos europeus as ideias e os valores comunistas, em particular nos jovens. O anti-comunismo na Grécia é um pouco mais discreto e manifesta-se nos livros escolares, na ilegalização de greves e mobilização dos estudantes e na detenção de jovens militantes durante algumas acções procurando espalhar o medo entre nós. As ideias comunistas são perigosas para o sistema porque o sistema não resolve os problemas das pessoas. Com o desaparecimento da União Soviética disse-se que a ideologia tinha morrido, mas a vida provou que isso era mentira. As nossas ideias são necessárias no nosso tempo e as organizações comunistas têm de lutar e enfrentar estes ataques.
- Esta ofensiva mostra que os partidos comunistas estão a fazer um bom trabalho?
- A principal questão é que o capitalismo não consegue resolver os problemas da população. A ideologia comunista aponta para uma sociedade sem exploração. O capitalismo sabe disso, por isso toma estas medidas. Mesmo assim, estamos optimistas. As ideias comunistas são as ideias das massas e o século XXI será um século de revoluções. Temos de continuar a fazer recrutamentos e a mostrar aos trabalhadores porque é que as ideias comunistas são as suas ideias.
- Quais são os principais problemas e aspirações dos jovens gregos?
- Em Outubro, o Partido Comunista da Grécia organizou uma conferência nacional sobre os problemas da juventude. Mais uma vez afirmámos que não podemos deixar o destino dos jovens nas mãos bárbaras do imperialismo. Estão a ser deterioradas as condições de trabalho, a segurança social e o sistema educativo. O desemprego entre os jovens é de 30 por cento. Há muitos contratos a prazo e empregos sem segurança social. As alterações nos horários de trabalho permite ao patronato ajustar os horários às suas conveniências ao longo do ano. A vida dos jovens gregos é muito difícil, nomeadamente se querem constituir família. O futuro que se prevê não é bom. Os direitos antes alcançados já não existem hoje.
Temos de organizar os jovens para manter os direitos que hoje têm e para lutar por aqueles que deveriam ter. Ao mesmo tempo há que pôr no centro da discussão as questões políticas: quem tem o poder e quem lucra de facto com estas políticas. Porque os jovens têm de lutar para alterar também a situação política e criar um novo tipo de poder, o poder socialista. Esta não é uma tarefa fácil para nós, mas estamos optimistas porque verificam-se já desenvolvimentos na juventude grega e no aprofundamento e politização da luta. Por exemplo, no início de Dezembro, estudantes dos ensinos secundário e superior manifestaram-se em mais de 50 cidades.
- Que balanço fazem das vossas actividades dos últimos anos?
- No nosso 9.º Congresso, que se realiza este ano, faremos um balanço das nossas actividades dos últimos quatro anos. Perdemos influência a partir de 1990, mas nos últimos anos aumentámos o número de militantes e as nossas actividades. Consideramos isto importante, tendo em conta o difícil contexto actual. Mantivemo-nos como organização revolucionária, marxista-leninista, que luta pelo socialismo e procura estar na vanguarda dos movimentos juvenis gregos. Estamos na primeira linha das organizações anti-guerra, do movimento dos estudantes do secundário, criámos comités de jovens nos sindicatos e associações no ensino profissional. Actualmente, estamos a desenvolver uma campanha de recrutamento com o objectivo de conseguir milhares de novos membros ainda este ano. Durante o Verão organizámos mais de 300 actividades em toda a Grécia, o que nos permite estar em contacto com largas massas juvenis.
- Os comunistas portugueses e os comunistas gregos lutam pelos mesmos objectivos?
- Mantemos relações fraternas e partilhamos as mesmas orientações. Conhecemos as actividades da JCP e não temos dúvidas de que os comunistas portugueses desempenham um papel muito importante através das suas posições e actividades, nomeadamente na presidência da Federação Mundial da Juventude e dos Estudantes. Mantemos interessantes discussões com a JCP e trocamos experiências, numa relação muito frutuosa para nós. Temos lutas comuns, naturalmente cada organização no seu país, mas unidos a nível internacional.
- Qual a importância da Federação Mundial da Juventude Democrática no contexto actual?
- A Federação Mundial da Juventude Democrática reforçou o seu carácter anti-imperialista e contribuiu decisivamente para o sucesso do Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, que se realizou em Agosto na Venezuela. A federação desempenha um papel fundamental a nível mundial, especialmente agora, quando o sistema tenta confundir os jovens e os seus sentimentos de frustração e insatisfação e procura que estes não lhe sejam prejudiciais. Há organizações que lutam por que o capitalismo seja melhor, em vez de lutar simplesmente pelo seu fim. O capitalismo nunca vai melhorar. Pelo contrário, a vida mostra que o sistema capitalista se torna cada vez mais agressivo contra os jovens.
Temos promover a luta comum no movimento juvenil, alcançando estabilidade e continuidade. Isto só poderá ser conseguido através dos ideais da classe operária. Temos dado passos muito positivos no movimento internacional. Não é ainda suficiente, porque o sistema político tenta incorporar todas as lutas e protestos. As organizações comunistas têm de estar na primeira linha na luta juvenil, orientando os movimentos e colocando em discussão os problemas da classe trabalhadora.
- Não foram tomadas medidas de ilegalização do Partido Comunista na Grécia, mas, especialmente depois do memorando do Conselho Europeu que pretende criminalizar a ideologia comunista, torna-se claro um esforço sistemático para condenar na consciência dos europeus as ideias e os valores comunistas, em particular nos jovens. O anti-comunismo na Grécia é um pouco mais discreto e manifesta-se nos livros escolares, na ilegalização de greves e mobilização dos estudantes e na detenção de jovens militantes durante algumas acções procurando espalhar o medo entre nós. As ideias comunistas são perigosas para o sistema porque o sistema não resolve os problemas das pessoas. Com o desaparecimento da União Soviética disse-se que a ideologia tinha morrido, mas a vida provou que isso era mentira. As nossas ideias são necessárias no nosso tempo e as organizações comunistas têm de lutar e enfrentar estes ataques.
- Esta ofensiva mostra que os partidos comunistas estão a fazer um bom trabalho?
- A principal questão é que o capitalismo não consegue resolver os problemas da população. A ideologia comunista aponta para uma sociedade sem exploração. O capitalismo sabe disso, por isso toma estas medidas. Mesmo assim, estamos optimistas. As ideias comunistas são as ideias das massas e o século XXI será um século de revoluções. Temos de continuar a fazer recrutamentos e a mostrar aos trabalhadores porque é que as ideias comunistas são as suas ideias.
- Quais são os principais problemas e aspirações dos jovens gregos?
- Em Outubro, o Partido Comunista da Grécia organizou uma conferência nacional sobre os problemas da juventude. Mais uma vez afirmámos que não podemos deixar o destino dos jovens nas mãos bárbaras do imperialismo. Estão a ser deterioradas as condições de trabalho, a segurança social e o sistema educativo. O desemprego entre os jovens é de 30 por cento. Há muitos contratos a prazo e empregos sem segurança social. As alterações nos horários de trabalho permite ao patronato ajustar os horários às suas conveniências ao longo do ano. A vida dos jovens gregos é muito difícil, nomeadamente se querem constituir família. O futuro que se prevê não é bom. Os direitos antes alcançados já não existem hoje.
Temos de organizar os jovens para manter os direitos que hoje têm e para lutar por aqueles que deveriam ter. Ao mesmo tempo há que pôr no centro da discussão as questões políticas: quem tem o poder e quem lucra de facto com estas políticas. Porque os jovens têm de lutar para alterar também a situação política e criar um novo tipo de poder, o poder socialista. Esta não é uma tarefa fácil para nós, mas estamos optimistas porque verificam-se já desenvolvimentos na juventude grega e no aprofundamento e politização da luta. Por exemplo, no início de Dezembro, estudantes dos ensinos secundário e superior manifestaram-se em mais de 50 cidades.
- Que balanço fazem das vossas actividades dos últimos anos?
- No nosso 9.º Congresso, que se realiza este ano, faremos um balanço das nossas actividades dos últimos quatro anos. Perdemos influência a partir de 1990, mas nos últimos anos aumentámos o número de militantes e as nossas actividades. Consideramos isto importante, tendo em conta o difícil contexto actual. Mantivemo-nos como organização revolucionária, marxista-leninista, que luta pelo socialismo e procura estar na vanguarda dos movimentos juvenis gregos. Estamos na primeira linha das organizações anti-guerra, do movimento dos estudantes do secundário, criámos comités de jovens nos sindicatos e associações no ensino profissional. Actualmente, estamos a desenvolver uma campanha de recrutamento com o objectivo de conseguir milhares de novos membros ainda este ano. Durante o Verão organizámos mais de 300 actividades em toda a Grécia, o que nos permite estar em contacto com largas massas juvenis.
- Os comunistas portugueses e os comunistas gregos lutam pelos mesmos objectivos?
- Mantemos relações fraternas e partilhamos as mesmas orientações. Conhecemos as actividades da JCP e não temos dúvidas de que os comunistas portugueses desempenham um papel muito importante através das suas posições e actividades, nomeadamente na presidência da Federação Mundial da Juventude e dos Estudantes. Mantemos interessantes discussões com a JCP e trocamos experiências, numa relação muito frutuosa para nós. Temos lutas comuns, naturalmente cada organização no seu país, mas unidos a nível internacional.
- Qual a importância da Federação Mundial da Juventude Democrática no contexto actual?
- A Federação Mundial da Juventude Democrática reforçou o seu carácter anti-imperialista e contribuiu decisivamente para o sucesso do Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, que se realizou em Agosto na Venezuela. A federação desempenha um papel fundamental a nível mundial, especialmente agora, quando o sistema tenta confundir os jovens e os seus sentimentos de frustração e insatisfação e procura que estes não lhe sejam prejudiciais. Há organizações que lutam por que o capitalismo seja melhor, em vez de lutar simplesmente pelo seu fim. O capitalismo nunca vai melhorar. Pelo contrário, a vida mostra que o sistema capitalista se torna cada vez mais agressivo contra os jovens.
Temos promover a luta comum no movimento juvenil, alcançando estabilidade e continuidade. Isto só poderá ser conseguido através dos ideais da classe operária. Temos dado passos muito positivos no movimento internacional. Não é ainda suficiente, porque o sistema político tenta incorporar todas as lutas e protestos. As organizações comunistas têm de estar na primeira linha na luta juvenil, orientando os movimentos e colocando em discussão os problemas da classe trabalhadora.