Firmes contra a repressão
Ao mesmo tempo que foca as atenções na situação que se vive na cimenteira, o movimento de solidariedade com Fátima Messias e outros camaradas faz da luta contra o despedimento um caso exemplar.
Não vão conseguir vergar os representantes dos trabalhadores
Para exigir que a Cimpor recue, readmita a dirigente despedida e ponha termo às constantes manobras de intimidação e repressão, dirigentes sindicais e de CTs juntaram-se sexta-feira aos trabalhadores daquela empresa, concentrados frente à respectiva sede, em Lisboa.
Segurando uma faixa onde se lia «Trabalhadores e activistas solidários contra o despedimento», Fátima Messias e outros membros da CT colocaram-se defronte da escadaria do número 35, na Rua Alexandre Herculano. No outro passeio, fixa a uma árvore e um candeeiro, uma faixa vermelha acusava: «Cimpor/Teixeira Duarte viola a lei». Os demais trabalhadores da cimenteira e os representantes de estruturas de outras empresas e sectores prolongaram a concentração até à esquina com a Rua Castilho, onde foi instalado o carro de som da CGTP-IN.
«Repressão laboral, ditadura patronal» e «Actividade sindical é direito legal» foram as primeiras palavras de ordem gritadas. A firmeza das vozes confirmava, logo de início, a determinação colocada na exigência apresentada por João Torrado, da União dos Sindicatos de Lisboa: «A Cimpor tem que recuar».
José Dinis, em nome da Federação da Construção, Cerâmica e Vidro, condenou o «absurdo e condenável acto revanchista» da administração daquela empresa, que mostra «a sua verdadeira face retrógrada, arrogante, prepotente e antidemocrática». Anunciou que a Feviccom/CGTP-IN decidiu avançar com a impugnação judicial do despedimento e informou que iriam ser entregues à administração os abaixo-assinados que circularam nas unidades da Cimpor e as 82 moções de estruturas sindicais e CTs, repudiando a atitude da empresa e expressando solidariedade a Fátima Messias.
«Enquanto as organizações dos trabalhadores, sindicatos e CTs, contarem com camaradas da craveira e estrutura da Fátima Messias, estamos não só em condições de continuar a luta, mas de conseguirmos vencer as inúmeras batalhas que temos pela frente», afirmou Francisco Ferrer, em nome da CIL (Comissão Coordenadora das Comissões de Trabalhadores da Região de Lisboa), depois de condenar o «acto persecutório, revanchista e trauliteiro» da Cimpor e de lembrar que «o que o patronato mais teme são os trabalhadores organizados».
Arménio Carlos, coordenador da União dos Sindicatos de Lisboa, manifestou «a mais profunda solidariedade» aos trabalhadores da Cimpor que nos últimos anos têm sido reprimidos, condenou o despedimento de Fátima Messias como «atitude inaceitável e ilegal» e apelou à avaliação do que se passa na empresa, onde «um número significativo de trabalhadores está com baixa psicológica». Notou ainda que a administração «sempre recusou integrar projectos Equal, para eliminar as diversas formas de discriminação». Salientou que o pessoal da Cimpor tem como representantes «homens e mulheres que jamais recuaram na defesa dos trabalhadores», que «não se vendem» e que «vão continuar». Quanto aos promotores da repressão, afirmou que «esta gente não tem perfil para estar à frente da empresa».
Travar agora
A Cimpor está a mostrar «mais uma vez, que não convive bem com os direitos e, particularmente, com o direito à greve», apesar de já ter merecido «uma censura judicial, pelo menos», lembrou o secretário-geral da CGTP-IN. Carvalho da Silva notou que, persistindo nessa prática, os responsáveis da Cimpor «não estiveram desatentos ao papel da Fátima Messias e procuram dar um sinal» sobre como entendem que devem ser tratados os representantes dos trabalhadores.
Por tal motivo, «também para nós este tem que ser um caso exemplar» e «vamos levar esta gente a repor a legalidade e a comportar-se de acordo com a lei», para evitar que tais práticas se generalizem. Carvalho da Silva informou que, nesse mesmo dia, a CGTP-IN pediu a intervenção do Presidente da República e do Provedor de Justiça, porque «tem que haver sinais das instituições, no sentido de pôr termo a práticas prepotentes».
Fátima Messias, como foi referido na concentração, faz parte da Comissão de Trabalhadores da Cimpor e da CIL, e é dirigente do Sindicato da Cerâmica do Sul, da Fevvicom, da USL e da CGTP-IN.
«Isto deu-nos mais força»
A Cimpor, em nota à imprensa, a propósito da concentração de dia 18, veio «esclarecer» que «a ex-colaboradora» foi despedida «por ter participado criminalmente, sem qualquer fundamento, contra a Cimpor, os membros do seu Conselho de Administração e a sua Directora de Pessoal e, ainda, por ter desrespeitado ordens legítimas transmitidas por um Director de uma das nossas fábricas».
Contestando estas e outras afirmações contidas no documento da Direcção de Comunicação da empresa, a camarada Fátima Messias lembrou o clima de medo e de grande pressão que hoje se vive na Cimpor. Estima-se que, apenas na fábrica de Souselas, estejam com baixa , por problemas psicológicos quase um terço dos pouco mais de cem funcionários. A situação agravou-se desde a entrada da Teixeira Duarte na Cimpor, que logo em 2003, depois de uma greve, ficou marcada pela aplicação de 12 dias de suspensão a alguns trabalhadores, com base em filmagens da video-vigilância.
O actual processo «deu-nos mais força» e «os plenários que nestes meses realizámos tiveram mais gente do que nunca», afirma Fátima Messias, embora reconhecendo haver grandes dificuldades em desencadear processos de luta, tanto pelo clima de pressão, como pelo facto de os prémios chegarem a representar 60 por cento da remuneração dos trabalhadores e a sua retirada arbitrária ser uma grave ameaça.
A propósito das punições, fez ainda questão de ressalvar que «eu sofro isto, mas estou requisitada no sindicato, enquanto estes camaradas de Souselas estão na empresa e, todos os dias, têm que suportar as pressões» diversas de chefes e directores.
Segurando uma faixa onde se lia «Trabalhadores e activistas solidários contra o despedimento», Fátima Messias e outros membros da CT colocaram-se defronte da escadaria do número 35, na Rua Alexandre Herculano. No outro passeio, fixa a uma árvore e um candeeiro, uma faixa vermelha acusava: «Cimpor/Teixeira Duarte viola a lei». Os demais trabalhadores da cimenteira e os representantes de estruturas de outras empresas e sectores prolongaram a concentração até à esquina com a Rua Castilho, onde foi instalado o carro de som da CGTP-IN.
«Repressão laboral, ditadura patronal» e «Actividade sindical é direito legal» foram as primeiras palavras de ordem gritadas. A firmeza das vozes confirmava, logo de início, a determinação colocada na exigência apresentada por João Torrado, da União dos Sindicatos de Lisboa: «A Cimpor tem que recuar».
José Dinis, em nome da Federação da Construção, Cerâmica e Vidro, condenou o «absurdo e condenável acto revanchista» da administração daquela empresa, que mostra «a sua verdadeira face retrógrada, arrogante, prepotente e antidemocrática». Anunciou que a Feviccom/CGTP-IN decidiu avançar com a impugnação judicial do despedimento e informou que iriam ser entregues à administração os abaixo-assinados que circularam nas unidades da Cimpor e as 82 moções de estruturas sindicais e CTs, repudiando a atitude da empresa e expressando solidariedade a Fátima Messias.
«Enquanto as organizações dos trabalhadores, sindicatos e CTs, contarem com camaradas da craveira e estrutura da Fátima Messias, estamos não só em condições de continuar a luta, mas de conseguirmos vencer as inúmeras batalhas que temos pela frente», afirmou Francisco Ferrer, em nome da CIL (Comissão Coordenadora das Comissões de Trabalhadores da Região de Lisboa), depois de condenar o «acto persecutório, revanchista e trauliteiro» da Cimpor e de lembrar que «o que o patronato mais teme são os trabalhadores organizados».
Arménio Carlos, coordenador da União dos Sindicatos de Lisboa, manifestou «a mais profunda solidariedade» aos trabalhadores da Cimpor que nos últimos anos têm sido reprimidos, condenou o despedimento de Fátima Messias como «atitude inaceitável e ilegal» e apelou à avaliação do que se passa na empresa, onde «um número significativo de trabalhadores está com baixa psicológica». Notou ainda que a administração «sempre recusou integrar projectos Equal, para eliminar as diversas formas de discriminação». Salientou que o pessoal da Cimpor tem como representantes «homens e mulheres que jamais recuaram na defesa dos trabalhadores», que «não se vendem» e que «vão continuar». Quanto aos promotores da repressão, afirmou que «esta gente não tem perfil para estar à frente da empresa».
Travar agora
A Cimpor está a mostrar «mais uma vez, que não convive bem com os direitos e, particularmente, com o direito à greve», apesar de já ter merecido «uma censura judicial, pelo menos», lembrou o secretário-geral da CGTP-IN. Carvalho da Silva notou que, persistindo nessa prática, os responsáveis da Cimpor «não estiveram desatentos ao papel da Fátima Messias e procuram dar um sinal» sobre como entendem que devem ser tratados os representantes dos trabalhadores.
Por tal motivo, «também para nós este tem que ser um caso exemplar» e «vamos levar esta gente a repor a legalidade e a comportar-se de acordo com a lei», para evitar que tais práticas se generalizem. Carvalho da Silva informou que, nesse mesmo dia, a CGTP-IN pediu a intervenção do Presidente da República e do Provedor de Justiça, porque «tem que haver sinais das instituições, no sentido de pôr termo a práticas prepotentes».
Fátima Messias, como foi referido na concentração, faz parte da Comissão de Trabalhadores da Cimpor e da CIL, e é dirigente do Sindicato da Cerâmica do Sul, da Fevvicom, da USL e da CGTP-IN.
«Isto deu-nos mais força»
A Cimpor, em nota à imprensa, a propósito da concentração de dia 18, veio «esclarecer» que «a ex-colaboradora» foi despedida «por ter participado criminalmente, sem qualquer fundamento, contra a Cimpor, os membros do seu Conselho de Administração e a sua Directora de Pessoal e, ainda, por ter desrespeitado ordens legítimas transmitidas por um Director de uma das nossas fábricas».
Contestando estas e outras afirmações contidas no documento da Direcção de Comunicação da empresa, a camarada Fátima Messias lembrou o clima de medo e de grande pressão que hoje se vive na Cimpor. Estima-se que, apenas na fábrica de Souselas, estejam com baixa , por problemas psicológicos quase um terço dos pouco mais de cem funcionários. A situação agravou-se desde a entrada da Teixeira Duarte na Cimpor, que logo em 2003, depois de uma greve, ficou marcada pela aplicação de 12 dias de suspensão a alguns trabalhadores, com base em filmagens da video-vigilância.
O actual processo «deu-nos mais força» e «os plenários que nestes meses realizámos tiveram mais gente do que nunca», afirma Fátima Messias, embora reconhecendo haver grandes dificuldades em desencadear processos de luta, tanto pelo clima de pressão, como pelo facto de os prémios chegarem a representar 60 por cento da remuneração dos trabalhadores e a sua retirada arbitrária ser uma grave ameaça.
A propósito das punições, fez ainda questão de ressalvar que «eu sofro isto, mas estou requisitada no sindicato, enquanto estes camaradas de Souselas estão na empresa e, todos os dias, têm que suportar as pressões» diversas de chefes e directores.