Greve histórica na Educação
Numa das maiores greves da sua história, a classe docente rejeitou, dia 18, a política educativa do Ministério. A forte adesão e a grande manifestação são sérios avisos ao Governo.
A classe docente tem sido alvo de um fortíssimo ataque
Com uma adesão acima dos oitenta por cento – ou mais de 120 mil docentes em luta -, a greve ultrapassou as expectativas sindicais.
A exigência de respeito pela dignidade profissional e a luta «Por uma escola pública de qualidade» foram as causas centrais da maior greve de docentes dos últimos 15 anos e da manifestação em Lisboa que levou mais de dez mil professores do alto do Parque Eduardo VII até ao Ministério da Educação.
A luta fez encerrar largas centenas de estabelecimentos de ensino por todo o País. Segundo a Fenprof, na região Norte a adesão foi acima dos 85 por cento. No Centro, a percentagem foi igual. Dos 56 mil professores existentes na região, mais de 47 mil fizeram greve.
Na Grande Lisboa pararam 75 por cento dos professores. A Sul, 70 por cento do Básico e do Pré-escolar e 50 por cento no Secundário estiveram em greve.
Nos Açores, a adesão situou-se entre os 70 e os 80 por cento e na Madeira foi de 45 por cento. A greve também afectou o ensino privado.
Exigimos respeito!
Os docentes aprovaram, por unanimidade, uma resolução e uma moção que entregaram no Ministério, a exigir «Respeito e a resolução dos problemas».
Em causa estão os concursos, a colocação e as carreiras, com os professores a defenderem a contagem integral do tempo de serviço.
Na resolução salienta-se que a classe tem sido alvo «de um fortíssimo ataque, que se reflecte na perda ou diminuição de direitos, inscritos no seu estatuto de carreira, e na sua desvalorização social».
Os professores do Primeiro Ciclo e os educadores de infância recusam desenvolver as actividades no âmbito dos prolongamentos de horário com a introdução da componente não lectiva e exigem respeito pela mesma componente relativa aos docentes de educação especial. Pretendem manter as regras das substituições em casos de falta e o pagamento das deslocações em regime de itinerância, que deve ser facultativo.
«Queremos aposentação muito antes do caixão» foi das reivindicações mais ouvidas. A classe salienta tratar-se de uma profissão de desgaste rápido, incompatível com o aumento da idade de reforma.
À beira do abismo
Caso prossiga com as políticas em causa, o Governo «vai conduzir a actual equipa ministerial para o abismo político», avisou o secretário-geral da Fenprof, Paulo Sucena.
Embora essa ainda não seja reivindicação sindical, o sentimento provocado pela política do Ministério levou muitos a exigir a demissão da ministra, acenando com lenços brancos. A reivindicação surgiu «espontaneamente», afirmou Paulo Sucena. Frente ao Ministério gritaram: «Vai para a rua!»
O Governo foi constantemente acusado de mentir e de desprestigiar a classe. Os docentes consideraram «Urgente uma política diferente» e, á porta do Ministério, depositaram uma coroa de flores, a simular o enterro da política educativa.
Grande manifestação
Quando a cabeça da gigantesca manifestação chegou ao Ministério, ainda muitos docentes chegavam ao Saldanha, enchendo as avenidas Fontes Pereira de Melo e da República com ruidosos protestos.
Antes, a meio da tarde, os professores concentraram-se frente a um palco, no cimo do Parque Eduardo VII e, munidos de bandeiras da Fenprof e de capas para a chuva que traziam escrito «Exigimos respeito», encheram o anfiteatro ao ar livre.
Após o secretário-geral do Sindep/UGT, Carlos Chagas, se ter comprometido a prosseguir a luta em unidade com a Fenprof, Paulo Sucena repudiou a informação do ME divulgada no mesmo dia, segundo a qual os professores teriam faltado muito no ano lectivo anterior.
«Estão a tentar dizer, neste dia, ao País, que os professores são um conjunto de malandros que não gostam de trabalhar», mas «a ministra vai pagá-lo, e muito caro», afirmou entre apupos e apitos estridentes de rejeição à atitude da tutela.
Os educadores - muitos deles desempregados - rumaram depois ao Ministério, onde se comprometeram a dar continuidade à luta para travar esta política.
A exigência de respeito pela dignidade profissional e a luta «Por uma escola pública de qualidade» foram as causas centrais da maior greve de docentes dos últimos 15 anos e da manifestação em Lisboa que levou mais de dez mil professores do alto do Parque Eduardo VII até ao Ministério da Educação.
A luta fez encerrar largas centenas de estabelecimentos de ensino por todo o País. Segundo a Fenprof, na região Norte a adesão foi acima dos 85 por cento. No Centro, a percentagem foi igual. Dos 56 mil professores existentes na região, mais de 47 mil fizeram greve.
Na Grande Lisboa pararam 75 por cento dos professores. A Sul, 70 por cento do Básico e do Pré-escolar e 50 por cento no Secundário estiveram em greve.
Nos Açores, a adesão situou-se entre os 70 e os 80 por cento e na Madeira foi de 45 por cento. A greve também afectou o ensino privado.
Exigimos respeito!
Os docentes aprovaram, por unanimidade, uma resolução e uma moção que entregaram no Ministério, a exigir «Respeito e a resolução dos problemas».
Em causa estão os concursos, a colocação e as carreiras, com os professores a defenderem a contagem integral do tempo de serviço.
Na resolução salienta-se que a classe tem sido alvo «de um fortíssimo ataque, que se reflecte na perda ou diminuição de direitos, inscritos no seu estatuto de carreira, e na sua desvalorização social».
Os professores do Primeiro Ciclo e os educadores de infância recusam desenvolver as actividades no âmbito dos prolongamentos de horário com a introdução da componente não lectiva e exigem respeito pela mesma componente relativa aos docentes de educação especial. Pretendem manter as regras das substituições em casos de falta e o pagamento das deslocações em regime de itinerância, que deve ser facultativo.
«Queremos aposentação muito antes do caixão» foi das reivindicações mais ouvidas. A classe salienta tratar-se de uma profissão de desgaste rápido, incompatível com o aumento da idade de reforma.
À beira do abismo
Caso prossiga com as políticas em causa, o Governo «vai conduzir a actual equipa ministerial para o abismo político», avisou o secretário-geral da Fenprof, Paulo Sucena.
Embora essa ainda não seja reivindicação sindical, o sentimento provocado pela política do Ministério levou muitos a exigir a demissão da ministra, acenando com lenços brancos. A reivindicação surgiu «espontaneamente», afirmou Paulo Sucena. Frente ao Ministério gritaram: «Vai para a rua!»
O Governo foi constantemente acusado de mentir e de desprestigiar a classe. Os docentes consideraram «Urgente uma política diferente» e, á porta do Ministério, depositaram uma coroa de flores, a simular o enterro da política educativa.
Grande manifestação
Quando a cabeça da gigantesca manifestação chegou ao Ministério, ainda muitos docentes chegavam ao Saldanha, enchendo as avenidas Fontes Pereira de Melo e da República com ruidosos protestos.
Antes, a meio da tarde, os professores concentraram-se frente a um palco, no cimo do Parque Eduardo VII e, munidos de bandeiras da Fenprof e de capas para a chuva que traziam escrito «Exigimos respeito», encheram o anfiteatro ao ar livre.
Após o secretário-geral do Sindep/UGT, Carlos Chagas, se ter comprometido a prosseguir a luta em unidade com a Fenprof, Paulo Sucena repudiou a informação do ME divulgada no mesmo dia, segundo a qual os professores teriam faltado muito no ano lectivo anterior.
«Estão a tentar dizer, neste dia, ao País, que os professores são um conjunto de malandros que não gostam de trabalhar», mas «a ministra vai pagá-lo, e muito caro», afirmou entre apupos e apitos estridentes de rejeição à atitude da tutela.
Os educadores - muitos deles desempregados - rumaram depois ao Ministério, onde se comprometeram a dar continuidade à luta para travar esta política.