Mais greves ainda este mês

Enfermeiros radicalizam a luta

Um dia antes de o Conselho de Ministros aprovar o aumento da idade de reforma, o SEP entregou um abaixo–assinado, no Ministério da Saúde, contra o novo estatuto.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses anunciou, dia 2, à porta do Ministério, que vai agendar nova greve para mais de dois dias, ainda esta semana, contra a alteração do estatuto de aposentação. O SEP defende que a idade de reforma se mantenha nos 57 anos e não seja alargada até aos 65, como pretende o Governo.
Os enfermeiros foram recebidos, dia 2, durante cerca de uma hora pelo chefe de gabinete do secretário de Estado da Saúde. O imobilismo manifestado pelo representante do Governo levou os sindicalistas a garantir, à saída do encontro, que a luta vai prosseguir.
No dia seguinte, o Conselho de Ministros aprovou o novo estatuto, ainda «com o processo negocial em curso», denunciou o sindicato que, no dia 4, pediu a intervenção e fiscalização do diploma por parte dos grupos parlamentares.
Em resposta ao Governo, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses marcou para dia 10 - dia da jornada nacional de luta da CGTP-IN - uma concentração frente à Presidência do Conselho de Ministros, a partir das 11 horas.

Do descontentamento à luta

Ao apresentar as conclusões da reunião aos manifestantes, a dirigente do SEP, Guadalupe Simões, afirmou que ficaram confirmados os motivos do descontentamento que percorre toda a classe, não deixando alternativa que não seja «a radicalização das formas de luta através de um processo de greves que vai decorrer ainda este mês».
Ficou ainda o compromisso de ser agendada uma reunião para discutir o estatuto de aposentação, mas nenhuma data ficou decidida, à semelhança da progressão de carreira. Também não foram apresentadas quaisquer soluções para os vínculos precários, revelou, à saída, José Carlos Martins.
Segundo o presidente do sindicato, foram três os motivos principais da entrega das assinaturas: exigir a negociação da carreira, sobre a qual o sindicato apresentou uma proposta, no dia 28 de Abril; reclamar soluções para os que se encontram sob vínculo precário; e manifestar a «profunda insatisfação e repúdio provocados pelo aumento da idade de reforma».

Pela dignidade profissional

Os representantes dos enfermeiros denunciaram as situações em várias regiões. Na região de Lisboa, 30 por cento de enfermeiros estão com contratos de três meses. Em Setúbal, na Charneca da Caparica, sete enfermeiros fazem o trabalho de dezoito, numa clara violação das recomendações da Organização Mundial de Saúde. No Porto, a situação não é melhor e prima pela precariedade. Em Faro, 200 enfermeiros estão em precariedade e o despedimento após seis meses costuma ser a norma. Em Castelo Branco, estão a ser pagos como auxiliares e por 40 horas de trabalho recebem o salário de 35.
Tratando-se de uma profissão de alto desgaste físico e psicológico, o aumento da idade de reforma comporta graves consequências para toda a classe.
Os enfermeiros também pretendem um novo regime de carreiras que contemple a formação de licenciados e o desbloqueio da progressão. Tudo isto foi dito ao ministro, em altos décibeis de volume, à porta do Ministério, entre vaias e um chorrão de apitos em protesto, para que o elenco ministerial ouvisse bem a indignação e a assunção colectiva de que «A luta continua!».

Cinco mil em duas semanas

Em apenas duas semanas foram recolhidas cinco mil assinaturas, exclusivamente de enfermeiros. Frente ao Ministério, em Lisboa, no palco-móvel da CGTP-IN foram denunciadas várias situações consequentes da falta de pessoal, da sobrecarga horária mal remunerada e da contratação a termo, que se generalizou drasticamente.
O abaixo-assinado contém uma contra-proposta relativa à aposentação. Caso não seja aceite, o SEP avançará com novas formas de luta, nomeadamente, a greve, ainda durante este mês.


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