Resposta a um convite
O PCP, partido convictamente internacionalista, atribui uma grande importância ao fortalecimento do movimento comunista e ao reforço da cooperação e unidade na acção de todas as forças progressistas, de esquerda, anti-imperialistas. Mantendo relações internacionais muito intensas e diversificadas no plano bilateral – de que são nomeadamente expressão o elevado número de delegações estrangeiras presentes no XVII Congresso e na 29.ª edição da Festa do Avante! – o PCP presta uma grande atenção a iniciativas e formas de articulação e cooperação no plano europeu e mundial. Fá-lo evidentemente com completa independência de juízo, respeitando opiniões diferentes da sua, mas não acompanhando e contrariando processos e projectos que considere inapropriados e negativos. Tal é o caso do «Partido da Esquerda Europeia», acerca do qual o XVII Congresso se pronunciou criticamente.
Na sua edição de 22/01/04 o Avante! publicou a intervenção da delegação do PCP na reunião de 10 e 11/01/04 em Berlim, onde foi lançado por alguns partidos um apelo para a fundação de um «partido político europeu» que o PCP não subscreveu.
O Avante! publica agora o texto da resposta do Secretariado do Comité Central ao convite dirigido ao PCP para o 1.º Congresso do «PEE» que contem elementos de esclarecimento fundamentais sobre as razões por que tal convite foi declinado:
Em resposta ao vosso convite, vimos informar-vos que o Partido Comunista Português não se fará representar no Primeiro Congresso do Partido da Esquerda Europeia (PEE) que terá lugar em Atenas a 28 e 29 de Outubro próximo.
Agradecemos o vosso convite, tanto mais que, no plano bilateral, mantemos com a maioria dos partidos que integram o PEE estreitas relações de amizade, cooperação e solidariedade recíproca. Mas é precisamente porque desejamos preservar e aprofundar essas relações, assim como com outros partidos e forças políticas da Europa e de todos os continentes, nomeadamente com o Partido Comunista da Grécia, que consideramos inadequada a participação do PCP nessa iniciativa.
Como é do vosso conhecimento o nosso Partido, que participou nas discussões, expressou sérias reservas e discordâncias tanto em relação a métodos de trabalho que precipitaram a formalização do PEE, como em relação ao conteúdo político e ideológico deste, reservas e discordâncias que não só se mantém como se acentuaram até após o Congresso de Roma a que assistimos já como simples convidados.
É firme convicção do PCP que, tanto para fazer face aos perigos resultantes da violenta ofensiva do imperialismo, como para potenciar as reais possibilidades de avanços progressistas e revolucionários, é necessário, a par do desenvolvimento da luta em cada país, progredir nas formas de intercâmbio, cooperação e solidariedade dos comunistas e demais forças anti-capitalistas. O problema que se coloca não é pois quanto à utilidade e necessidade de reforçar a cooperação internacionalista – para o que o PCP continua inteiramente disponível e interessado - mas quanto às formas e conteúdos adequados dessa cooperação, tendo em conta as experiências positivas e negativas e as diferenças de opinião existentes a este respeito.
Pelo nosso lado sempre defendemos, incluindo nas discussões multilaterais que precederam a formalização do PEE, uma solução unitária que levasse em conta e respeitasse a grande diversidade de situações e de opiniões perante complexos problemas da História do movimento operário e comunista, sobre questões de natureza ideológica e mesmo sobre os caminhos do progresso social e do socialismo na actualidade.
Simultaneamente sempre exprimimos a opinião de que a criação de um «partido europeu» estruturado, inserido numa perspectiva federalista e de vocação supranacional, confinado a uma parte da Europa e condicionado por exigências da própria União Europeia, não só não corresponde às necessidades como ilude e atrasa o progresso de uma cooperação unitária eficaz, assente no princípio da igualdade, no respeito pelas diferenças, na constante busca do consenso e voltada, não para uma impossível uniformização programática e ideológica, mas para a acção comum ou convergente dos comunistas, progressistas, trabalhadores e povos de todo o mundo.
Estas as razões fundamentais que determinam a resposta negativa do PCP ao vosso convite. Confiamos em que elas serão entendidas como expressão da lealdade e franqueza que caracteriza o PCP no seu relacionamento internacional, e que consideramos indispensável para a construção de sólidas relações de confiança e entreajuda entre forças progressistas e revolucionárias.
Confirmando a nossa vontade de manter e reforçar as relações bilaterais e multilaterais que mantemos com a generalidade dos partidos que integram o PEE, enviamos as nossas saudações.
O Avante! publica agora o texto da resposta do Secretariado do Comité Central ao convite dirigido ao PCP para o 1.º Congresso do «PEE» que contem elementos de esclarecimento fundamentais sobre as razões por que tal convite foi declinado:
Em resposta ao vosso convite, vimos informar-vos que o Partido Comunista Português não se fará representar no Primeiro Congresso do Partido da Esquerda Europeia (PEE) que terá lugar em Atenas a 28 e 29 de Outubro próximo.
Agradecemos o vosso convite, tanto mais que, no plano bilateral, mantemos com a maioria dos partidos que integram o PEE estreitas relações de amizade, cooperação e solidariedade recíproca. Mas é precisamente porque desejamos preservar e aprofundar essas relações, assim como com outros partidos e forças políticas da Europa e de todos os continentes, nomeadamente com o Partido Comunista da Grécia, que consideramos inadequada a participação do PCP nessa iniciativa.
Como é do vosso conhecimento o nosso Partido, que participou nas discussões, expressou sérias reservas e discordâncias tanto em relação a métodos de trabalho que precipitaram a formalização do PEE, como em relação ao conteúdo político e ideológico deste, reservas e discordâncias que não só se mantém como se acentuaram até após o Congresso de Roma a que assistimos já como simples convidados.
É firme convicção do PCP que, tanto para fazer face aos perigos resultantes da violenta ofensiva do imperialismo, como para potenciar as reais possibilidades de avanços progressistas e revolucionários, é necessário, a par do desenvolvimento da luta em cada país, progredir nas formas de intercâmbio, cooperação e solidariedade dos comunistas e demais forças anti-capitalistas. O problema que se coloca não é pois quanto à utilidade e necessidade de reforçar a cooperação internacionalista – para o que o PCP continua inteiramente disponível e interessado - mas quanto às formas e conteúdos adequados dessa cooperação, tendo em conta as experiências positivas e negativas e as diferenças de opinião existentes a este respeito.
Pelo nosso lado sempre defendemos, incluindo nas discussões multilaterais que precederam a formalização do PEE, uma solução unitária que levasse em conta e respeitasse a grande diversidade de situações e de opiniões perante complexos problemas da História do movimento operário e comunista, sobre questões de natureza ideológica e mesmo sobre os caminhos do progresso social e do socialismo na actualidade.
Simultaneamente sempre exprimimos a opinião de que a criação de um «partido europeu» estruturado, inserido numa perspectiva federalista e de vocação supranacional, confinado a uma parte da Europa e condicionado por exigências da própria União Europeia, não só não corresponde às necessidades como ilude e atrasa o progresso de uma cooperação unitária eficaz, assente no princípio da igualdade, no respeito pelas diferenças, na constante busca do consenso e voltada, não para uma impossível uniformização programática e ideológica, mas para a acção comum ou convergente dos comunistas, progressistas, trabalhadores e povos de todo o mundo.
Estas as razões fundamentais que determinam a resposta negativa do PCP ao vosso convite. Confiamos em que elas serão entendidas como expressão da lealdade e franqueza que caracteriza o PCP no seu relacionamento internacional, e que consideramos indispensável para a construção de sólidas relações de confiança e entreajuda entre forças progressistas e revolucionárias.
Confirmando a nossa vontade de manter e reforçar as relações bilaterais e multilaterais que mantemos com a generalidade dos partidos que integram o PEE, enviamos as nossas saudações.