Bush contestado no Panamá

Uma coligação de sindicatos e organizações sociais, encabeçada pelo Comité Panamiano para os Direitos Humanos, está a preparar diversas acções de protesto contra a visita de George W. Bush ao Panamá, marcada para 6 e 7 de Novembro.
«A visita não se deve efectuar porque Bush é persona non grata no Panamá e no mundo inteiro. É um violador dos direitos humanos», afirmou o sacerdote Conrado Sanjur, que lidera o Movimento Nacional para a Defesa da Soberania. O prelado, citado pela Prensa Latina, acusa os EUA de pretenderem fomentar no Panamá as política neoliberais através de um Tratado de Livre Comércio (TLC), «que asfixiará a nossa economia».
Esta posição é partilhada pela Organização Nacional Agropecuária (ONAGRO), o Sindicato Único de Trabalhadores da Construção e Similares (SUNTRACS) e diversos grupos estudantis, que anunciaram para esta semana jornadas pacíficas de repúdio pelo TLC, cuja assinatura os Estados Unidos pretendem conseguir até ao final do ano. A contestação ao Tratado conta ainda com o apoio da União de Produtores e Trabalhadores Unidos.
A mobilização contra a visita do presidente norte-americano - cujo périplo pela América Latina inclui a participação na Cimeira das Américas em Mar del Plata, na Argentina, onde o espera também grande contestação, e uma visita ao Brasil -, mostra igualmente que continuam por sarar as feridas abertas pela invasão do país em 20 de Dezembro de 1989, quando o então presidente, Bush pai, ordenou a operação «Causa Justa» para retirar do poder o general Noriega. Segundo os dados oficiais, que se estima muito abaixo da realidade, a operação provocou 500 mortos e 2000 feridos. O Pentágono nunca autorizou uma contagem independente dos mortos.
A situação em que ficaram as bases militares com a saída das tropas norte-americanas, após a passagem da soberania do Canal do Panamá para os seus legítimos donos, é outro dos motivos de protesto. Segundo lembra o diário La Prensa, os campos ficaram contaminados, ninguém sabe a dimensão do problema e nem sequer onde estão localizados as minas e os explosivos, mas o Pentágono recusa-se a falar no assunto.
Entretanto, a visita que o novo embaixador dos EUA no Panamá, William A. Eaton, fez à ex-presidente Mireya Moscoso, tristemente célebre pelo indulto que concedeu ao terrorista Posada Carriles e seus comparsas, no ano passado, reabriu a polémica em torno deste caso.
Moscoso é acusada por diversos movimentos políticos locais de ter recebido mais de quatro milhões de dólares e um automóvel de luxo pelo «favor à administração Bush de libertar Posada Carriles».


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