o parque bélico americano
Capitalistas de acesso <br>controlam o Pentágono
A «reconstrução» do Afeganistão e do Iraque está a agitar os meios de negócios americanos para cujo benefício a guerra naqueles países foi inventada. Mas a reconstituição dos vastos meios militares de que as forças armadas dos Estados Unidos fazem uso para a consumação dos seus criminosos assaltos a outros países, é toda uma outra história. Basta lembrar o grande espectáculo de que fizeram gala aqueles meios durante a marcha para Bagdade. Não lhes faltava nada. Para as mais diversas ou imprevistas circunstâncias, aparecia logo o mais sofisticado material, como se saído de obra de ficção científica. A verdade é que os americanos andam, há anos, a preparar a máquina de guerra que os possa levar a um conflito contra o mundo inteiro.
A reorganização do parque de aparelhos, veículos, instrumentos militares e múltiplo equipamento, destruídos ou gastos em campanha, passa por onze grandes companhias que dominam as encomendas do Pentágono. Essas companhias são poderosas companhias controladas por gente ligada ao governo e à Casa Branca que servem de agências entre o Pentágono e o complexo militar-industrial. Não fabricam coisa alguma. Nada produzem. Apenas negoceiam as encomendas e as distribuem pela vasta rede de subsidiárias e outras indústrias da área bélica. Entre elas, o Grupo Carlyle, que apenas emprega quinhentas pessoas em diversos países, tem a seu cargo a negociação de grande parte das novas encomendas a que as guerras obrigam. Por exemplo: se o Pentágono necessita de mais 10 000 novos tanques, 5000 aviões de novo tipo, um par de porta-aviões, para apenas citarmos exemplos mais gerais, a Carlyle recebe essas encomendas e transforma-as, depois, em múltiplas ordens que distribui pelos verdadeiros fabricantes. Que espécie de companhia é esta? Quem são os seus dirigentes? Comecemos por esclarecer que se trata de um raro ser com mil tentáculos que, para existir, tem de alimentar-se das guerras que os Estados Unidos provocam.
Na sombra dos grandes negócios da guerra
Os dirigentes executivos do Carlyle Group, Peter Rubinstein, William Conway e David D’Aniello, aqueles que administram a companhia e os seus negócios, são pessoas com todas as ligações possíveis ao Pentágono. Mas essas ligações que apenas funcionam ao ritmo das operações de «business» em base diária, nada são se comparadas com as dos «conselheiros» da empresa - George Bush (o pai), James Baker (antigo Secretário de Estado), Frank Carlucci (antigo Secretário da Defesa, patrão da CIA e embaixador em Lisboa), John Major (antigo primeiro-ministro britânico) e outros. São estes os verdadeiros impulsionadores dos negócios do Grupo Carlyle.
Colocadas à retaguarda do grande cenário dos fornecimentos de material de guerra, «provocam» as encomendas do Pentágono, dão origem aos astronómicos lucros e, evidentemente, deles recebem a mais saborosa parte. Entre os contactos imediatos a que estas figuras recorrem para a natural concretização dos negócios do Grupo, contam-se o presidente George W. Bush, o vice-presidente, Dick Cheaney, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, todos, aliás, de há muito envolvidos em operações lucrativas diversas a que o “Carlyle Group” não é estranho. Nada de admirar, portanto, que o governo dos Estados Unidos se apresente ao mundo como o reconstrutor dos países cujas ruínas ele próprio provocou. Muito menos que o Grupo Carlyle e os seus «conselheiros» se apresentem como os reconstrutores do parque bélico das forças armadas americanas desgastadas pelas operações militares agressivas e criminosas em que tomam parte, como se viu no Iraque.
História de uma grande companhia
Formada em 1987 por Edward Mathias (da T.Rowe Price), David Rubinstein (antigo ajudante do presidente Carter), Stephen Norris e Daniel D’Aniello (ambos da Marriott Corp.), entre outros, a nova empresa atraiu fundos de Bancos de negócios e apresentou-se no campo dos investimentos comerciais. Abriu escritórios em Washington e o nome Carlyle deriva de um hotel novaiorquino, o Carlyle Hotel onde se tinham realizado reuniões. Começaram a investir em pequenos negócios incluindo restaurantes e empresas fornecedoras de refeições para bordo de aeronaves, uma actividade a que o actual presidente, George W. Bush, estava ligado. Em 1989, a Carlyle chamou a si uma personalidade de inegável influência a todos os níveis, Frank Carlucci. Este, imprimiria novas direcções à vida da empresa.
Realizaram-se aquisições de certo vulto. Mas a ideia de Carlucci era a das encomendas do Pentágono. Para lá chegar, entretanto, teria de adquirir um certo de números de médias empresas do complexo militar-industrial até poder atrair aquilo que lhe era potencialmente essencial - a colaboração de capitalistas de acesso. Estes são, evidentemente, aqueles que abrem as portas da fortuna e, neste caso, aqueles que lhe abririam o livro de notas de encomenda do Pentágono.
Carlucci insistiu, também, em que a Carlyle deveria operar no sector do «management» de fundos de reforma, uma ambição comum a todos os pequenos, médios e grandes capitalistas. Lançou, portanto, o «Carlyle Asset Management Group» e atraiu biliões de dólares para investimento com origem em Fundos sequiosos de algum retorno para o capital retido. Sem demoras, esta subsidiária lançar-se-ia no mercado asiático não só para a captura de capitais de investimento como para a venda de material de guerra aos respectivos países.
Hoje, o Grupo Carlyle encontra-se entre os principais contratadores do sector da defesa. Devido a controlar, directa ou indirectamente, inúmeras empresas pertencentes à área industrial do material de guerra, como fabricantes de tanques, de asas de aviões e outras que se especializam em reparações de navios de guerra, acha-se em condições únicas para conquistar encomendas avaliadas em biliões de dólares devido ao acesso rápido que tem junto de personalidades como Dick Cheaney e Donald Rumsfeld. Diz-se que uma das grandes iniciativas de Carlucci foi a aquisição da «United Defence and U.S. Marine Repair» uma unidade do sector das construções e reparações navais militares, situada em Norfolk, Virgínia.
Actualmente, o Grupo Carlyle tem 420 sócios em muitos países do globo, incluindo príncipes da Arábia Saudita e um antigo presidente das Filipinas. Quase todos os seus investimentos vão para negócios no sector da defesa. Os seus lucros, o seu «pão com manteiga», derivam dos conflitos militares a que o mundo assiste, actualmente, e dos fenomenais gastos com a chamada «defesa» que os contribuintes americanos têm financiado ao longo dos últimos 50 anos.
O envolvimento da família Bush
Segundo o jornal britânico, «The Times», o trabalho de George Bush (pai) a favor do «Carlyle Group» chamou a atenção. Principalmente porque o filho, o actual presidente, é o responsável em última análise pelos contratos de material de guerra aceites pelo Pentágono. Por outro lado, ao descobrir-se que também a família Bin Laden tem capital no Grupo Carlyle, a América sentiu-se desorientada. Concluiu-se que Bin Laden, o homem que os americanos dizem procurar mas não encontram (?), veria os seus lucros substancialmente aumentados se o envolvimento militar americano no Afeganistão e no Iraque se concretizasse, o que, afinal, aconteceu. Segundo o «Wall Street Journal», o conflito de interesses entre as famílias Bush e Bin Laden gerado pela situação interna no reino de Saud, tornou-se num escândalo. O respeitado jornal, escreveu: «O presidente George W. Bush não devia pedir, mas exigir, que o pai terminasse os seus negócios com empresas sob a investigação do FBI e saísse do grupo de conselheiros especiais do Grupo Carlyle». Mas recorda-se que antes dos ataques terroristas do 11 de Setembro em Nova Iorque e Washington, George W. Bush tinha, discretamente, avisado agentes investigadores americanos para que não importunassem a família Bin Laden.
As ligações dos Estados Unidos à Arábia Saudita e os negócios entre ambas as partes, já conduziram a conflitos dramáticos. A recente saída das forças americanas que tinham estado estacionadas naquele reino durante anos, explica esses conflitos mas não diz tudo. Por um lado, os americanos têm impedido a saída de capitais da Arábia Saudita depositados nos Estados Unidos. Por outro, as facturas do petróleo continuam por pagar. A guerra do Iraque justificava-se em muitos aspectos segundo a óptica do capitalismo de acesso dos americanos.
Guerra ao terrorismo!
As companhias petrolíferas americanas tinham planos para a construção do oleoduto que atravessasse o Afeganistão. Mas esses planos tiveram de aguardar que a situação política e militar se esclarecesse. Quando os «Taliban» conseguiram estabilizar a situação, o governo de Washington abriu-se e apresentou propostas. Mas logo que foram afastados do poder após os actos terroristas do 11 de Setembro e os correspondentes bombardeamentos americanos, a conjuntura alterou-se. O capitalismo de acesso afirmar-se-ia em Washington sempre mais forte devido à guerra do Afeganistão e, ultimamente, do Iraque.
É nestas circunstâncias que o Grupo Carlyle, tido como uma organização quase secreta, levanta cabeça, publicamente, e começa a assumir-se como aquilo que, na realidade, é - a companhia suprema que domina os fornecimentos (militares e outros) às forças armadas dos Estados Unidos. No que ela se sente menos confortável é em reconhecer que também domina o investimento do Fundo de Pensões dos reformados do Estado da California (California Public Employees Retirement System) o mais importante dos Estados Unidos. Não faz sentido. Por um lado, explora os contribuintes provocando a canalização para encomendas com a defesa, de somas astronómicas das quais retira, mais tarde, sob a forma de lucros, um largo quinhão. Por outro, através de investimentos feitos, ajuda a manter a viabilidade imediata dos fundos de pensões de trabalhadores reformados, que administra.
Segundo o «The New York Times», de 26 de Outubro de 2001: «A família de Osama bin Laden decidiu cortar os seus laços de natureza financeira com o Grupo Carlyle, uma empresa de investimentos privados que inclui no seu seio George H.W. Bush e o seu filho, o actual presidente.» Isto, segundo o mencionado jornal, devido à pública controvérsia originada pelo conhecimento dos investimentos da família em causa no Grupo em questão.
Na sombra dos grandes negócios da guerra
Os dirigentes executivos do Carlyle Group, Peter Rubinstein, William Conway e David D’Aniello, aqueles que administram a companhia e os seus negócios, são pessoas com todas as ligações possíveis ao Pentágono. Mas essas ligações que apenas funcionam ao ritmo das operações de «business» em base diária, nada são se comparadas com as dos «conselheiros» da empresa - George Bush (o pai), James Baker (antigo Secretário de Estado), Frank Carlucci (antigo Secretário da Defesa, patrão da CIA e embaixador em Lisboa), John Major (antigo primeiro-ministro britânico) e outros. São estes os verdadeiros impulsionadores dos negócios do Grupo Carlyle.
Colocadas à retaguarda do grande cenário dos fornecimentos de material de guerra, «provocam» as encomendas do Pentágono, dão origem aos astronómicos lucros e, evidentemente, deles recebem a mais saborosa parte. Entre os contactos imediatos a que estas figuras recorrem para a natural concretização dos negócios do Grupo, contam-se o presidente George W. Bush, o vice-presidente, Dick Cheaney, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, todos, aliás, de há muito envolvidos em operações lucrativas diversas a que o “Carlyle Group” não é estranho. Nada de admirar, portanto, que o governo dos Estados Unidos se apresente ao mundo como o reconstrutor dos países cujas ruínas ele próprio provocou. Muito menos que o Grupo Carlyle e os seus «conselheiros» se apresentem como os reconstrutores do parque bélico das forças armadas americanas desgastadas pelas operações militares agressivas e criminosas em que tomam parte, como se viu no Iraque.
História de uma grande companhia
Formada em 1987 por Edward Mathias (da T.Rowe Price), David Rubinstein (antigo ajudante do presidente Carter), Stephen Norris e Daniel D’Aniello (ambos da Marriott Corp.), entre outros, a nova empresa atraiu fundos de Bancos de negócios e apresentou-se no campo dos investimentos comerciais. Abriu escritórios em Washington e o nome Carlyle deriva de um hotel novaiorquino, o Carlyle Hotel onde se tinham realizado reuniões. Começaram a investir em pequenos negócios incluindo restaurantes e empresas fornecedoras de refeições para bordo de aeronaves, uma actividade a que o actual presidente, George W. Bush, estava ligado. Em 1989, a Carlyle chamou a si uma personalidade de inegável influência a todos os níveis, Frank Carlucci. Este, imprimiria novas direcções à vida da empresa.
Realizaram-se aquisições de certo vulto. Mas a ideia de Carlucci era a das encomendas do Pentágono. Para lá chegar, entretanto, teria de adquirir um certo de números de médias empresas do complexo militar-industrial até poder atrair aquilo que lhe era potencialmente essencial - a colaboração de capitalistas de acesso. Estes são, evidentemente, aqueles que abrem as portas da fortuna e, neste caso, aqueles que lhe abririam o livro de notas de encomenda do Pentágono.
Carlucci insistiu, também, em que a Carlyle deveria operar no sector do «management» de fundos de reforma, uma ambição comum a todos os pequenos, médios e grandes capitalistas. Lançou, portanto, o «Carlyle Asset Management Group» e atraiu biliões de dólares para investimento com origem em Fundos sequiosos de algum retorno para o capital retido. Sem demoras, esta subsidiária lançar-se-ia no mercado asiático não só para a captura de capitais de investimento como para a venda de material de guerra aos respectivos países.
Hoje, o Grupo Carlyle encontra-se entre os principais contratadores do sector da defesa. Devido a controlar, directa ou indirectamente, inúmeras empresas pertencentes à área industrial do material de guerra, como fabricantes de tanques, de asas de aviões e outras que se especializam em reparações de navios de guerra, acha-se em condições únicas para conquistar encomendas avaliadas em biliões de dólares devido ao acesso rápido que tem junto de personalidades como Dick Cheaney e Donald Rumsfeld. Diz-se que uma das grandes iniciativas de Carlucci foi a aquisição da «United Defence and U.S. Marine Repair» uma unidade do sector das construções e reparações navais militares, situada em Norfolk, Virgínia.
Actualmente, o Grupo Carlyle tem 420 sócios em muitos países do globo, incluindo príncipes da Arábia Saudita e um antigo presidente das Filipinas. Quase todos os seus investimentos vão para negócios no sector da defesa. Os seus lucros, o seu «pão com manteiga», derivam dos conflitos militares a que o mundo assiste, actualmente, e dos fenomenais gastos com a chamada «defesa» que os contribuintes americanos têm financiado ao longo dos últimos 50 anos.
O envolvimento da família Bush
Segundo o jornal britânico, «The Times», o trabalho de George Bush (pai) a favor do «Carlyle Group» chamou a atenção. Principalmente porque o filho, o actual presidente, é o responsável em última análise pelos contratos de material de guerra aceites pelo Pentágono. Por outro lado, ao descobrir-se que também a família Bin Laden tem capital no Grupo Carlyle, a América sentiu-se desorientada. Concluiu-se que Bin Laden, o homem que os americanos dizem procurar mas não encontram (?), veria os seus lucros substancialmente aumentados se o envolvimento militar americano no Afeganistão e no Iraque se concretizasse, o que, afinal, aconteceu. Segundo o «Wall Street Journal», o conflito de interesses entre as famílias Bush e Bin Laden gerado pela situação interna no reino de Saud, tornou-se num escândalo. O respeitado jornal, escreveu: «O presidente George W. Bush não devia pedir, mas exigir, que o pai terminasse os seus negócios com empresas sob a investigação do FBI e saísse do grupo de conselheiros especiais do Grupo Carlyle». Mas recorda-se que antes dos ataques terroristas do 11 de Setembro em Nova Iorque e Washington, George W. Bush tinha, discretamente, avisado agentes investigadores americanos para que não importunassem a família Bin Laden.
As ligações dos Estados Unidos à Arábia Saudita e os negócios entre ambas as partes, já conduziram a conflitos dramáticos. A recente saída das forças americanas que tinham estado estacionadas naquele reino durante anos, explica esses conflitos mas não diz tudo. Por um lado, os americanos têm impedido a saída de capitais da Arábia Saudita depositados nos Estados Unidos. Por outro, as facturas do petróleo continuam por pagar. A guerra do Iraque justificava-se em muitos aspectos segundo a óptica do capitalismo de acesso dos americanos.
Guerra ao terrorismo!
As companhias petrolíferas americanas tinham planos para a construção do oleoduto que atravessasse o Afeganistão. Mas esses planos tiveram de aguardar que a situação política e militar se esclarecesse. Quando os «Taliban» conseguiram estabilizar a situação, o governo de Washington abriu-se e apresentou propostas. Mas logo que foram afastados do poder após os actos terroristas do 11 de Setembro e os correspondentes bombardeamentos americanos, a conjuntura alterou-se. O capitalismo de acesso afirmar-se-ia em Washington sempre mais forte devido à guerra do Afeganistão e, ultimamente, do Iraque.
É nestas circunstâncias que o Grupo Carlyle, tido como uma organização quase secreta, levanta cabeça, publicamente, e começa a assumir-se como aquilo que, na realidade, é - a companhia suprema que domina os fornecimentos (militares e outros) às forças armadas dos Estados Unidos. No que ela se sente menos confortável é em reconhecer que também domina o investimento do Fundo de Pensões dos reformados do Estado da California (California Public Employees Retirement System) o mais importante dos Estados Unidos. Não faz sentido. Por um lado, explora os contribuintes provocando a canalização para encomendas com a defesa, de somas astronómicas das quais retira, mais tarde, sob a forma de lucros, um largo quinhão. Por outro, através de investimentos feitos, ajuda a manter a viabilidade imediata dos fundos de pensões de trabalhadores reformados, que administra.
Segundo o «The New York Times», de 26 de Outubro de 2001: «A família de Osama bin Laden decidiu cortar os seus laços de natureza financeira com o Grupo Carlyle, uma empresa de investimentos privados que inclui no seu seio George H.W. Bush e o seu filho, o actual presidente.» Isto, segundo o mencionado jornal, devido à pública controvérsia originada pelo conhecimento dos investimentos da família em causa no Grupo em questão.