Comemorar a vitória, lutar pela Paz
Exposições em vários espaços, debates e um concerto especial na noite de sexta-feira são apenas algumas das formas que os comunistas portugueses, na sua Festa do Avante!, encontram para assinalar o 60.º aniversário da Vitória dos povos sobre o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial. Para que nunca mais aconteça!
Há 60 anos terminou a Segunda Guerra Mundial. Depois de 50 milhões de mortos – 27 milhões dos quais soviéticos –, o conflito mundial terminou com a Vitória das forças revolucionárias e progressistas sobre a face mais odiosa do capitalismo: o nazi-fascismo. Com este desfecho, abriram-se páginas gloriosas da História da Humanidade. O colonialismo começou a ruir, os trabalhadores alcançam conquistas históricas mesmo em países capitalistas, em vários países o Socialismo surge como via de desenvolvimento.
Do conflito, ficam na memória – que os comunistas portugueses não deixam nem deixarão ser apagada, daí a importância dada à exposição central sobre o tema – os assassínios e extermínios em massa, a execução de prisioneiros nos fornos de gás dos campos de concentração nazis, e outros horrores que constituíram marcas que o nazismo deixou na sua criminosa tentativa de dominação e de imposição ao mundo da «Nova Ordem» fascista. Da Vitória não se pode deixar de lembrar o papel decisivo da URSS, a quem coube um papel fundamental no esmagamento do nazi-fascismo (deu a maior contribuição militar e pagou com o sacrifício de 27 milhões dos seus filhos), das resistências nacionais nos países ocupados – com os comunistas à cabeça – e da aliança que, a partir de certa altura, se formou entre a URSS, a Inglaterra, os EUA e a França.
Democracias ocidentais «alimentaram» Hitler
Mas, tal como nem todos têm importância igual na derrota dos exércitos hitlerianos, o mesmo se pode afirmar acerca das culpas de alguns dos vencedores na existência e proporções do conflito. Chegado ao poder em 1933 graças a cedências da social-democracia, bem como à sua cegueira anticomunista, o Partido Nacional-Socialista vai ter toda a liberdade para preparar a guerra. Desde a chegada ao poder de Hitler e até à invasão da Polónia – em Setembro de 1939 –, o mais simpático que se poderia dizer de franceses e ingleses seria recordar a estranha «passividade» com que assistiram à remilitarização alemã, à sua participação na Guerra Civil de Espanha ao lado dos fascistas de Franco e à anexação da Áustria, apesar dos constantes avisos da URSS. Mas, ao assinarem o Acordo de Munique à revelia do governo da Checoslováquia e entregando parte do território deste país aos nazis, as democracias capitalistas ocidentais deixam de poder considerar-se cúmplices apenas passivos da sanha comum – entre nazis e «capitalistas democráticos» – contra o país dos Sovietes.
Mas o tiro sair-lhes-ia pela culatra, pois as tropas alemãs, com o apoio da sua grande burguesia – que vê com bons olhos o expansionismo e a ideologia nazi-fascista – virou-se em primeiro lugar contra a Polónia e depois contra a própria França e Alemanha. Só depois de controlar o Ocidente é que Hitler se viraria contra a União Soviética.
O princípio do fim do nazismo
Em Junho de 1941, já consolidadas as posições a ocidente, Hitler lança, de surpresa, milhões de soldados contra a URSS. Os exércitos nazis parecem imparáveis e avançam, apesar da fortíssima resistência que encontram. A guerra vai jogar-se nos vastos territórios da URSS. Em Dezembro, os exércitos nazis sofrem, em Moscovo, a sua primeira derrota na guerra. É o fim do mito da sua invencibilidade.
Até Abril de 1942, os nazis perdem na URSS um milhão e 500 mil homens. A ruptura do cerco a Leninegrado e as vitória em Stalinegrado a Kursk imprimem a viragem decisiva na guerra.
A contra-ofensiva dos exércitos soviéticos, que se desenvolve com rapidez, e a abertura de uma nova frente pelos exércitos anglo-americanos, obrigam Hitler a recuar. O cerco vai-se apertando. Os exércitos nazis, dizimados, são obrigados a regressar ao ponto de partida. Em toda a Europa, as resistências antifascistas nacionais (que contavam com grande participação da classe operária e de outras classes populares antimonopolistas), que travaram uma luta heróica, libertam, de armas na mão, as suas pátrias do nazismo e acolhem de braços abertos os exércitos soviéticos e anglo-americanos. Estava derrotado o nazi-fascismo!
E por cá…
Povo repudia o fascismo!
Na exposição central, desmascara-se o mito da apregoada «neutralidade» de Salazar e do fascismo português. Inspirado no fascismo de Mussolini e, depois, no nazismo de Hitler, o regime de Salazar apoiou todas as cedências dos países ocidentais a Hitler e a Mussolini – tendo inclusivamente elogiado a Inglaterra pelo vergonhoso Acordo de Munique –, bem como a caminhada hitleriana para a guerra. O regime fascista português saudou a invasão de Mussolini da Abissínia e a anexação da Áustria e criticou a aliança antinazi formada entre EUA, Inglaterra e URSS. Por detrás da proclamada «neutralidade na guerra», escondia-se um efectivo apoio a Hitler, patente no apoio em géneros alimentares e importantes matérias primas, ao mesmo tempo que o povo passava por sérias dificuldades.
Os antifascistas portugueses, e em primeiro lugar os comunistas, apesar da consolidação do fascismo na Europa, não desistiam da sua luta e desmascaravam a falsa neutralidade de Salazar. Em consequência da falta de géneros alimentares, que iam para a Alemanha, a situação das massas trabalhadoras era desesperada. As lutas surgem e desenvolvem-se contra a saída de géneros do País, por aumentos de salários e pela melhoria do abastecimento. A unidade e a luta antifascista desenvolve-se: em Janeiro de 1944 cria-se, na clandestinidade, o MUNAF e em Maio do mesmo ano realizam-se importantes lutas e greves na zona de Lisboa. Era claro para o povo, por acção da luta de massas, que a derrota do nazismo abriria condições favoráveis para o derrubamento do fascismo em Portugal.
Com as derrotas de Hitler a sucederem-se, Salazar «aproxima-se» da Inglaterra. Cede-lhe a Base dos Açores e termina com os envios de volfrâmio para os alemães. As concessões têm em vista a sobrevivência do regime.
Derrotado o nazismo, o povo português intensifica as suas lutas e exulta nas ruas, em Maio de 1945, com a vitória da coligação antinazi. Dezenas de manifestações realizam-se em todo o país. Exige-se a democracia. Mas não será assim. Os governos da Inglaterra e dos EUA salvam e «recuperam» Salazar. Portugal torna-se, pela mão destes países, membro fundador da NATO, em 1949. Com as armas da organização conduzirá guerras coloniais. Com o apoio político, económico e diplomático dos países da NATO, o fascismo irá durar mais 29 anos. Será a luta do povo português e a corajosa acção dos capitães a derrubá-lo, em 25 de Abril de 1974.
OPUS 1945
Também na programação cultural da Festa a comemoração dos 60 anos da Vitória está bem vincada. Na sexta-feira à noite, um grandioso espectáculo homenageia a Vitória e os seus obreiros. Através da música de compositores tão destacados como Beethoven, Prokoffief, Copland, Martinu e Shostakovich – ou de canções populares nascidas do sofrimento e do combate travado na guerra contra o nazi-fascismo – e da imagem e do som, o resultado final é um espectáculo de grande intensidade emocional. «Opus 1945» foi preparado propositadamente para a Festa do Avante!, a Festa dos comunistas e do seu Partido, os mais consequentes combatentes antifascistas e portadores dos ideais de liberdade que levaram à Vitória!
No espectáculo participa a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, dirigida pelo Maestro Vasco Pearce de Azevedo, e as canções serão interpretadas pela cantora Ana Brandão, o pianista João Paulo e, no contrabaixo, Carlos Bica. A narração está a cargo de Cândido Mota d a documentação audiovisual está entregue a PC Vídeo.
Programa «Opus 1945»
Ludwig van Beethoven
Sinfonia nº 5 em Dó menor op. 67
1º andamento - allegro com brio
Sergei Prokofieff
Sinfonia nº 5 em Si bemol maior op. 100
2º andamento – allegro marcato
Aaron Copland
Sinfonia nº 3
2º andamento – allegro molto
Bohuslav Martinu
Sinfonia nº 4
2º andamento – allegro vivo – trio moderato – allegro vivo
Louis Aragon – Jean Ferrat, Maurice Vandair
L’Affiche Rouge
Anón. – Rudi Gogel
Die Moorsoldaten
Ross Parker – Hughie Charles
We’ll Meet Again
Dmitri Shostakovich
Sinfonia nº 7 em Dó maior op. 60 «Leninegrado»
1º andamento – allegretto
4º andamento – allegro non troppo
Do conflito, ficam na memória – que os comunistas portugueses não deixam nem deixarão ser apagada, daí a importância dada à exposição central sobre o tema – os assassínios e extermínios em massa, a execução de prisioneiros nos fornos de gás dos campos de concentração nazis, e outros horrores que constituíram marcas que o nazismo deixou na sua criminosa tentativa de dominação e de imposição ao mundo da «Nova Ordem» fascista. Da Vitória não se pode deixar de lembrar o papel decisivo da URSS, a quem coube um papel fundamental no esmagamento do nazi-fascismo (deu a maior contribuição militar e pagou com o sacrifício de 27 milhões dos seus filhos), das resistências nacionais nos países ocupados – com os comunistas à cabeça – e da aliança que, a partir de certa altura, se formou entre a URSS, a Inglaterra, os EUA e a França.
Democracias ocidentais «alimentaram» Hitler
Mas, tal como nem todos têm importância igual na derrota dos exércitos hitlerianos, o mesmo se pode afirmar acerca das culpas de alguns dos vencedores na existência e proporções do conflito. Chegado ao poder em 1933 graças a cedências da social-democracia, bem como à sua cegueira anticomunista, o Partido Nacional-Socialista vai ter toda a liberdade para preparar a guerra. Desde a chegada ao poder de Hitler e até à invasão da Polónia – em Setembro de 1939 –, o mais simpático que se poderia dizer de franceses e ingleses seria recordar a estranha «passividade» com que assistiram à remilitarização alemã, à sua participação na Guerra Civil de Espanha ao lado dos fascistas de Franco e à anexação da Áustria, apesar dos constantes avisos da URSS. Mas, ao assinarem o Acordo de Munique à revelia do governo da Checoslováquia e entregando parte do território deste país aos nazis, as democracias capitalistas ocidentais deixam de poder considerar-se cúmplices apenas passivos da sanha comum – entre nazis e «capitalistas democráticos» – contra o país dos Sovietes.
Mas o tiro sair-lhes-ia pela culatra, pois as tropas alemãs, com o apoio da sua grande burguesia – que vê com bons olhos o expansionismo e a ideologia nazi-fascista – virou-se em primeiro lugar contra a Polónia e depois contra a própria França e Alemanha. Só depois de controlar o Ocidente é que Hitler se viraria contra a União Soviética.
O princípio do fim do nazismo
Em Junho de 1941, já consolidadas as posições a ocidente, Hitler lança, de surpresa, milhões de soldados contra a URSS. Os exércitos nazis parecem imparáveis e avançam, apesar da fortíssima resistência que encontram. A guerra vai jogar-se nos vastos territórios da URSS. Em Dezembro, os exércitos nazis sofrem, em Moscovo, a sua primeira derrota na guerra. É o fim do mito da sua invencibilidade.
Até Abril de 1942, os nazis perdem na URSS um milhão e 500 mil homens. A ruptura do cerco a Leninegrado e as vitória em Stalinegrado a Kursk imprimem a viragem decisiva na guerra.
A contra-ofensiva dos exércitos soviéticos, que se desenvolve com rapidez, e a abertura de uma nova frente pelos exércitos anglo-americanos, obrigam Hitler a recuar. O cerco vai-se apertando. Os exércitos nazis, dizimados, são obrigados a regressar ao ponto de partida. Em toda a Europa, as resistências antifascistas nacionais (que contavam com grande participação da classe operária e de outras classes populares antimonopolistas), que travaram uma luta heróica, libertam, de armas na mão, as suas pátrias do nazismo e acolhem de braços abertos os exércitos soviéticos e anglo-americanos. Estava derrotado o nazi-fascismo!
E por cá…
Povo repudia o fascismo!
Na exposição central, desmascara-se o mito da apregoada «neutralidade» de Salazar e do fascismo português. Inspirado no fascismo de Mussolini e, depois, no nazismo de Hitler, o regime de Salazar apoiou todas as cedências dos países ocidentais a Hitler e a Mussolini – tendo inclusivamente elogiado a Inglaterra pelo vergonhoso Acordo de Munique –, bem como a caminhada hitleriana para a guerra. O regime fascista português saudou a invasão de Mussolini da Abissínia e a anexação da Áustria e criticou a aliança antinazi formada entre EUA, Inglaterra e URSS. Por detrás da proclamada «neutralidade na guerra», escondia-se um efectivo apoio a Hitler, patente no apoio em géneros alimentares e importantes matérias primas, ao mesmo tempo que o povo passava por sérias dificuldades.
Os antifascistas portugueses, e em primeiro lugar os comunistas, apesar da consolidação do fascismo na Europa, não desistiam da sua luta e desmascaravam a falsa neutralidade de Salazar. Em consequência da falta de géneros alimentares, que iam para a Alemanha, a situação das massas trabalhadoras era desesperada. As lutas surgem e desenvolvem-se contra a saída de géneros do País, por aumentos de salários e pela melhoria do abastecimento. A unidade e a luta antifascista desenvolve-se: em Janeiro de 1944 cria-se, na clandestinidade, o MUNAF e em Maio do mesmo ano realizam-se importantes lutas e greves na zona de Lisboa. Era claro para o povo, por acção da luta de massas, que a derrota do nazismo abriria condições favoráveis para o derrubamento do fascismo em Portugal.
Com as derrotas de Hitler a sucederem-se, Salazar «aproxima-se» da Inglaterra. Cede-lhe a Base dos Açores e termina com os envios de volfrâmio para os alemães. As concessões têm em vista a sobrevivência do regime.
Derrotado o nazismo, o povo português intensifica as suas lutas e exulta nas ruas, em Maio de 1945, com a vitória da coligação antinazi. Dezenas de manifestações realizam-se em todo o país. Exige-se a democracia. Mas não será assim. Os governos da Inglaterra e dos EUA salvam e «recuperam» Salazar. Portugal torna-se, pela mão destes países, membro fundador da NATO, em 1949. Com as armas da organização conduzirá guerras coloniais. Com o apoio político, económico e diplomático dos países da NATO, o fascismo irá durar mais 29 anos. Será a luta do povo português e a corajosa acção dos capitães a derrubá-lo, em 25 de Abril de 1974.
OPUS 1945
Também na programação cultural da Festa a comemoração dos 60 anos da Vitória está bem vincada. Na sexta-feira à noite, um grandioso espectáculo homenageia a Vitória e os seus obreiros. Através da música de compositores tão destacados como Beethoven, Prokoffief, Copland, Martinu e Shostakovich – ou de canções populares nascidas do sofrimento e do combate travado na guerra contra o nazi-fascismo – e da imagem e do som, o resultado final é um espectáculo de grande intensidade emocional. «Opus 1945» foi preparado propositadamente para a Festa do Avante!, a Festa dos comunistas e do seu Partido, os mais consequentes combatentes antifascistas e portadores dos ideais de liberdade que levaram à Vitória!
No espectáculo participa a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, dirigida pelo Maestro Vasco Pearce de Azevedo, e as canções serão interpretadas pela cantora Ana Brandão, o pianista João Paulo e, no contrabaixo, Carlos Bica. A narração está a cargo de Cândido Mota d a documentação audiovisual está entregue a PC Vídeo.
Programa «Opus 1945»
Ludwig van Beethoven
Sinfonia nº 5 em Dó menor op. 67
1º andamento - allegro com brio
Sergei Prokofieff
Sinfonia nº 5 em Si bemol maior op. 100
2º andamento – allegro marcato
Aaron Copland
Sinfonia nº 3
2º andamento – allegro molto
Bohuslav Martinu
Sinfonia nº 4
2º andamento – allegro vivo – trio moderato – allegro vivo
Louis Aragon – Jean Ferrat, Maurice Vandair
L’Affiche Rouge
Anón. – Rudi Gogel
Die Moorsoldaten
Ross Parker – Hughie Charles
We’ll Meet Again
Dmitri Shostakovich
Sinfonia nº 7 em Dó maior op. 60 «Leninegrado»
1º andamento – allegretto
4º andamento – allegro non troppo