Pelas lutas justas
O Entroncamento recebeu a 5.ª Conferência Nacional da Interjovem, na sexta-feira, onde foi eleita a nova direcção e definidas as linhas de trabalho para o futuro pelos cerca de 300 sindicalistas presentes.
Metade dos jovens operários das indústrias eléctricas tem sintomas de tendinite
Direitos laborais, desemprego, precariedade, educação, segurança social e reforço da Interjovem foram os temas centrais da discussão, que decorreu sob o lema «Trabalho com direitos, garantir e conquistar».
Uma das questões mais abordadas pelos intervenientes foi o novo Governo do PS. E, como afirmou o sindicalista Luís Dias, o executivo não promete implementar medidas boas para os trabalhadores portugueses. «As mentiras e a hipocrisia nas televisões, nos jornais e nas rádios não cairam com o Governo PSD/CDS», sustentou, fazendo referência às fortes manifestações contra o executivo de José Sócrates que já se realizaram e alertando para «os problemas que afectam todo o povo e não apenas os jovens».
«Temos de aumentar a nossa influência, analisar os problemas dos jovens trabalhadores e discutir as soluções para os ultrapassar. Temos uma nova realidade e há que encontrar respostas adequadas para envolver cada vez mais pessoas no sindicalismo», declarou.
«O Governo já mostrou o que se prepara para fazer nos próximos meses e nós vamos para a luta, mobilizando os jovens trabalhadores. Podemos ter menos experiência, mas temos muita vontade», resumiu.
O trabalho precário não foi naturalmente esquecido na discussão. Irene Xavier, do Sindicato das Indústrias Eléctricas revelou que só nas fábricas multinacionais existem 60 por cento de trabalhadores precários, a maioria mulheres. A dirigente sindical adiantou que as doenças profissionais se estão a agravar. Um recente inquérito feito a trabalhadores entre os 18 e os 35 anos revelou que metade dos inquiridos apresenta sintomas de tendinites.
Irene Xavier referiu ainda que a maioria dos eleitos nos sindicatos desta área tem menos de 30 anos de idade. «Por isso é preciso adoptar novas formas de comunicação. Os jovens trabalhadores estão interessados em resolver os seus problemas concretos e temos de fazer chegar a nossa informação até eles», afirmou.
Durante o dia, falou-se de muitas lutas, todas elas colectivas, entre elas a dos trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos que recentemente assinaram um acordo de empresa, uma «conquista histórica», como classificou Susana Teles, em representação do STEC.
«É um acordo histórico pelos direitos alcançados, pelas ilações a tirar e porque conseguimos invertir um caminho de descrença alimentado pela UGT. Mostrámos a todos que é possível envolver os trabalhadores numa luta combativa, justa e racional, como era esta. Quando as lutas são justas vale a pena resistir», declarou.
Constituição Europeia é um retrocesso social
A Constituição Europeia é um perigo para os direitos laborais, sustentou Filipe Neto, lembrando que este tratado não reconhece o direito ao emprego, o direito ao salário ou o direito à greve e que prevê o alargamento do período de trabalho.
Outras medidas gravosas estão incluídas na Constituição, como a aplicação dos direitos laborais de acordo com as leis em vigor nos países de origem dos trabalhadores e não com a legislação do Estado onde este trabalha. Assim, por exemplo, um cidadão do Senegal a trabalhar em Portugal estaria sujeito às leis senegalesas e não às portuguesas.
«Querem uma geração sem direitos disfarçada de Europa social. Isto é na verdade um retrocesso social», afirmou Filipe Neto, considerando que a vitória do «Não» nos referendos à Constituição Europeia realizados na França e na Holanda mostram que «os povos não permitem o terrorismo social». «Temos de alargar o esclarecimento sobre esta questão, em luta por uma sociedade mais justa», sublinhou.
Carvalho da Silva
«A precariedade não é moderna, é velha»
«Não queremos que a Interjovem seja um corpo estranho, mas que esteja – como está – integrada na CGTP, que faça parte dos sindicatos em todos os espaços de intervenção», afirmou Carvalho da Silva, secretário-geral da Intersindical, no encerramento da conferência.
Carvalho da Silva sublinhou que os jovens desempenham um papel cada vez mais interventivo e de responsabilidade no mundo sindical, «mesmo havendo resistências naturais» a isso. «É um direito e acima de tudo uma necessidade do movimento sindical», acrescentou.
O líder da CGTP falou da necessidade dos trabalhadores lutarem pelo direito ao trabalho estável, garantindo que a ideia de que no passado havia «emprego para toda a vida» é uma ilusão. «Deve haver uma relação entre a duração do trabalho e a estabilidade no emprego», defendeu.
«O desenvolvimento da precariedade não é moderno, é velho. É a marca da organização do trabalho do século XIX, antes da existência da contratação colectiva, quando havia formas de exploração até ao limite», afirmou, dizendo que a ideia que os trabalhadores têm de ser flexíveis e polivalentes é típica de uma sociedade velha. «As conquistas no campo laboral trouxeram-nos a normalização do trabalho», lembrou o secretário-geral da CGTP, recusando as sub-contratações e as deslocalizações das empresas.
Carvalho da Silva sustentou que as novas gerações de trabalhadores são as mais atingidas pela ofensiva aos direitos laborais, nomeadamente nos horários: «Dizem-nos que temos de ter toda a disponibilidade para produzir, que temos de nos submeter à empresa, mas a verdade é que hoje se produz muito mais em muito menos tempo e é possível reduzir os horários de trabalho.»
A ideia que é inevitável reduzir os salários também foi recusada. «As empresas nunca deram tantos lucros como agora», esclareceu, afirmando que os trabalhadores não podem acreditar que os sindicatos e a sua luta «não servem para nada». «Os resultados não surgem na hora, são a longo prazo e são visíveis directa e indirectamente», referiu.
Uma das questões mais abordadas pelos intervenientes foi o novo Governo do PS. E, como afirmou o sindicalista Luís Dias, o executivo não promete implementar medidas boas para os trabalhadores portugueses. «As mentiras e a hipocrisia nas televisões, nos jornais e nas rádios não cairam com o Governo PSD/CDS», sustentou, fazendo referência às fortes manifestações contra o executivo de José Sócrates que já se realizaram e alertando para «os problemas que afectam todo o povo e não apenas os jovens».
«Temos de aumentar a nossa influência, analisar os problemas dos jovens trabalhadores e discutir as soluções para os ultrapassar. Temos uma nova realidade e há que encontrar respostas adequadas para envolver cada vez mais pessoas no sindicalismo», declarou.
«O Governo já mostrou o que se prepara para fazer nos próximos meses e nós vamos para a luta, mobilizando os jovens trabalhadores. Podemos ter menos experiência, mas temos muita vontade», resumiu.
O trabalho precário não foi naturalmente esquecido na discussão. Irene Xavier, do Sindicato das Indústrias Eléctricas revelou que só nas fábricas multinacionais existem 60 por cento de trabalhadores precários, a maioria mulheres. A dirigente sindical adiantou que as doenças profissionais se estão a agravar. Um recente inquérito feito a trabalhadores entre os 18 e os 35 anos revelou que metade dos inquiridos apresenta sintomas de tendinites.
Irene Xavier referiu ainda que a maioria dos eleitos nos sindicatos desta área tem menos de 30 anos de idade. «Por isso é preciso adoptar novas formas de comunicação. Os jovens trabalhadores estão interessados em resolver os seus problemas concretos e temos de fazer chegar a nossa informação até eles», afirmou.
Durante o dia, falou-se de muitas lutas, todas elas colectivas, entre elas a dos trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos que recentemente assinaram um acordo de empresa, uma «conquista histórica», como classificou Susana Teles, em representação do STEC.
«É um acordo histórico pelos direitos alcançados, pelas ilações a tirar e porque conseguimos invertir um caminho de descrença alimentado pela UGT. Mostrámos a todos que é possível envolver os trabalhadores numa luta combativa, justa e racional, como era esta. Quando as lutas são justas vale a pena resistir», declarou.
Constituição Europeia é um retrocesso social
A Constituição Europeia é um perigo para os direitos laborais, sustentou Filipe Neto, lembrando que este tratado não reconhece o direito ao emprego, o direito ao salário ou o direito à greve e que prevê o alargamento do período de trabalho.
Outras medidas gravosas estão incluídas na Constituição, como a aplicação dos direitos laborais de acordo com as leis em vigor nos países de origem dos trabalhadores e não com a legislação do Estado onde este trabalha. Assim, por exemplo, um cidadão do Senegal a trabalhar em Portugal estaria sujeito às leis senegalesas e não às portuguesas.
«Querem uma geração sem direitos disfarçada de Europa social. Isto é na verdade um retrocesso social», afirmou Filipe Neto, considerando que a vitória do «Não» nos referendos à Constituição Europeia realizados na França e na Holanda mostram que «os povos não permitem o terrorismo social». «Temos de alargar o esclarecimento sobre esta questão, em luta por uma sociedade mais justa», sublinhou.
Carvalho da Silva
«A precariedade não é moderna, é velha»
«Não queremos que a Interjovem seja um corpo estranho, mas que esteja – como está – integrada na CGTP, que faça parte dos sindicatos em todos os espaços de intervenção», afirmou Carvalho da Silva, secretário-geral da Intersindical, no encerramento da conferência.
Carvalho da Silva sublinhou que os jovens desempenham um papel cada vez mais interventivo e de responsabilidade no mundo sindical, «mesmo havendo resistências naturais» a isso. «É um direito e acima de tudo uma necessidade do movimento sindical», acrescentou.
O líder da CGTP falou da necessidade dos trabalhadores lutarem pelo direito ao trabalho estável, garantindo que a ideia de que no passado havia «emprego para toda a vida» é uma ilusão. «Deve haver uma relação entre a duração do trabalho e a estabilidade no emprego», defendeu.
«O desenvolvimento da precariedade não é moderno, é velho. É a marca da organização do trabalho do século XIX, antes da existência da contratação colectiva, quando havia formas de exploração até ao limite», afirmou, dizendo que a ideia que os trabalhadores têm de ser flexíveis e polivalentes é típica de uma sociedade velha. «As conquistas no campo laboral trouxeram-nos a normalização do trabalho», lembrou o secretário-geral da CGTP, recusando as sub-contratações e as deslocalizações das empresas.
Carvalho da Silva sustentou que as novas gerações de trabalhadores são as mais atingidas pela ofensiva aos direitos laborais, nomeadamente nos horários: «Dizem-nos que temos de ter toda a disponibilidade para produzir, que temos de nos submeter à empresa, mas a verdade é que hoje se produz muito mais em muito menos tempo e é possível reduzir os horários de trabalho.»
A ideia que é inevitável reduzir os salários também foi recusada. «As empresas nunca deram tantos lucros como agora», esclareceu, afirmando que os trabalhadores não podem acreditar que os sindicatos e a sua luta «não servem para nada». «Os resultados não surgem na hora, são a longo prazo e são visíveis directa e indirectamente», referiu.