Ordem para matar
Notícias chegadas dos EUA dizem-nos que o governador da Florida, Jeb Bush, irmão do outro, fez aprovar uma lei que «concede autorização aos cidadãos do estado para disparar nas ruas se se sentirem ameaçados». Assim sendo, a partir de agora, qualquer pessoa com porte de arma – isto é, (quase) todos os habitantes da Florida, quiçá crianças incluídas – pode disparar a matar sobre qualquer pessoa de quem suspeite: transeunte, vizinho, colega de trabalho ou de escola, amigo, inimigo, familiar.
Esta lei vem substituir uma outra que, apesar de já permitir que os floridenses disparassem nas ruas, limitava essa permissão: o ameaçado só tinha ordem para matar depois de ter tentado escapar da ameaça. Agora, matar é mais fácil. Não é necessário ser ameaçado: basta suspeitar de que está a ser, ou vai ser, ameaçado. Por exemplo: vai um cidadão rua fora, leva a mão ao bolso para tirar o lenço e antes de se assoar está morto – porque outro cidadão se sentiu ameaçado ao vê-lo levar a mão ao bolso e... toma lá com a lei Bush que é para aprenderes.
A lei foi contestada por alguns antipatriotas, havendo até quem chegasse ao desplante antidemocrático de dizer que, com esta lei, «é o velho Oeste que está de volta» - contestação e frase que, está-se mesmo a ver, constituem autênticas ameaças... Naturalmente, a lei já foi superiormente validada pelos tribunais: para que cada cidadão que mata outro cidadão não sofra, pelo acto legal e democrático cometido, outras consequências que não sejam a de ser, ele próprio, alvo de idêntica manifestação legal e democrática – se não for o mais rápido a sacar.
Aguarda-se, agora, a democrática extensão da lei aos restantes estados, concedendo aos 280 milhões de norte-americanos direitos iguais – dentro do sacrossanto princípio da «igualdade de oportunidades» que caracteriza a democracia made in USA. E para que os cerca de 200 milhões de norte-americanos que possuem armas de fogo e todos os anos ferem 130 mil compatriotas e matam 30 mil, possam ferir e matar muitos mais.
O país «da liberdade, da democracia, dos direitos humanos» (e do combate ao terrorismo) dará, assim, um significativo passo em frente nessas matérias que são a sua imagem de marca: a liberdade de matar, a democratização do crime, o direito humano de roubar a vida a quem se queira ( e o combate ao terrorismo interno) são bandeiras maiores desse modelo de democracia que são os EUA.
Esta lei vem substituir uma outra que, apesar de já permitir que os floridenses disparassem nas ruas, limitava essa permissão: o ameaçado só tinha ordem para matar depois de ter tentado escapar da ameaça. Agora, matar é mais fácil. Não é necessário ser ameaçado: basta suspeitar de que está a ser, ou vai ser, ameaçado. Por exemplo: vai um cidadão rua fora, leva a mão ao bolso para tirar o lenço e antes de se assoar está morto – porque outro cidadão se sentiu ameaçado ao vê-lo levar a mão ao bolso e... toma lá com a lei Bush que é para aprenderes.
A lei foi contestada por alguns antipatriotas, havendo até quem chegasse ao desplante antidemocrático de dizer que, com esta lei, «é o velho Oeste que está de volta» - contestação e frase que, está-se mesmo a ver, constituem autênticas ameaças... Naturalmente, a lei já foi superiormente validada pelos tribunais: para que cada cidadão que mata outro cidadão não sofra, pelo acto legal e democrático cometido, outras consequências que não sejam a de ser, ele próprio, alvo de idêntica manifestação legal e democrática – se não for o mais rápido a sacar.
Aguarda-se, agora, a democrática extensão da lei aos restantes estados, concedendo aos 280 milhões de norte-americanos direitos iguais – dentro do sacrossanto princípio da «igualdade de oportunidades» que caracteriza a democracia made in USA. E para que os cerca de 200 milhões de norte-americanos que possuem armas de fogo e todos os anos ferem 130 mil compatriotas e matam 30 mil, possam ferir e matar muitos mais.
O país «da liberdade, da democracia, dos direitos humanos» (e do combate ao terrorismo) dará, assim, um significativo passo em frente nessas matérias que são a sua imagem de marca: a liberdade de matar, a democratização do crime, o direito humano de roubar a vida a quem se queira ( e o combate ao terrorismo interno) são bandeiras maiores desse modelo de democracia que são os EUA.