As duas Vitórias
O desaparecimento do sistema socialista mundial desatou amplamente as correias ao imperialismo
A História tem destas coisas. Dois acontecimentos de diferente dimensão e carácter, que moldaram de forma crucial e marcante o último século, alinham-se em datas certeiras no tempo que atravessamos. Referimo-nos ao 60º aniversário da Vitória sobre o nazi-fascismo e ao 30º aniversário da libertação do Vietname que se comemoram nestes dias.
São muitos os nexos que unem as duas vitórias. Na II Guerra, o contributo fundamental da União Soviética e dos comunistas – pagando um custo altíssimo – salvou a Europa e o mundo do fascismo, e abriu novos horizontes à luta de libertação dos povos, que levariam ao desmoronamento do sistema colonial mundial. A vitória do Vietname é um fruto dessa época libertadora. Aqui, um partido comunista com um projecto revolucionário, actuando como força organizadora da luta de libertação nacional, contando com a solidariedade e apoio do campo socialista, enfrentou a potência imperialista que se seguiu, os Estados Unidos, e o seu cortejo de horrores, impondo-lhe, a 30 de Abril de 1975, a mais severa derrota jamais sofrida.
O desaparecimento do sistema socialista mundial desatou amplamente as correias ao imperialismo. O capitalismo volta hoje a mostrar cada vez mais a sua verdadeira face exploradora e agressiva. O actual rumo dominante da ofensiva capitalista persegue, nas novas condições históricas, os propósitos e objectivos derrotados em 1945 (e 1975). Como justificar as guerras preventivas e agressões contra povos soberanos, o terrorismo de Estado e a corrida armamentista, a tortura e os atropelos em massa aos direitos humanos conduzidos pela super potência imperialista?
A pompa e circunstância com que será assinalado o 9 de Maio em Moscovo, não impedindo o justo, embora efémero, reconhecimento aos veteranos da guerra, não ilude a triste condição da Rússia contemporânea, a léguas de distância do seu passado recente. E, acima de tudo, não ilude o sentido das preocupantes tendências de fundo em desenvolvimento, como o atestam os resultados das reuniões da NATO recentemente realizadas em Vilnius. Seja no tocante às negociações para a próxima adesão da Ucrânia à Aliança militar imperialista, seja na sintonia entre Solana (UE) e Condoleezza (EUA) no tocante à necessidade de “transformar” a Bielorússia numa “democracia” – por sinal o único país da ex-URSS que não entregou ao desbarato o seu aparelho produtivo, e também o único que almejou restabelecer os níveis do PIB de 1990 –, seja, ainda, no acordo, assinado com a Rússia, que permite a circulação de tropas da NATO em território russo. Num contexto em que a NATO prossegue a sua caminhada para Leste e o imperialismo aposta na fantochada das “revoluções coloridas” – autênticos golpes palacianos que se valem do estado de contra-pé em que estes países se encontram -, intensificam-se também as ingerências directas sobre a Rússia. Há sinais que os EUA, invocando razões de segurança anti-terrorista, exercem uma crescente pressão sobre o Kremlin, forçando o “acesso” aos objectos nucleares de defesa deste país.
O imperialismo não é, contudo, uma força invencível, como se está a ver hoje no Iraque. Quando as forças norte-americanas chafurdam no atoleiro em que o Iraque se transformou, é justo invocar, apesar de todas as diferenças existentes, o paralelo com o Vietname. Apesar da repressão mais facínora, de Faluja e dos crimes contra a humanidade impunes; apesar do canto de sereia de uma “democracia” enxertada servida sobre a bandeja da ocupação, apesar das sementes de ódio nacional atiçadas pelo agressor e seus lacaios; apesar da ambiguidade e passividade de grande parte da chamada “comunidade internacional” e da “complacência” da ONU – também ela condicionada e instrumentalizada pelo imperialismo –, o povo iraquiano resiste à “nova” ordem neocolonial.
Não simplificando, é bom ter presente que o capitalismo entregue a si mesmo leva ao agravamento das suas contradições intrínsecas, levando também à irrupção de processos libertadores nos elos mais fracos da sua cadeia. Parece ser o caso que vai tomando forma um pouco por toda a América Latina.
Razões adicionais, portanto, para, inspirados nas Vitórias que agora assinalamos, prosseguir a luta.
São muitos os nexos que unem as duas vitórias. Na II Guerra, o contributo fundamental da União Soviética e dos comunistas – pagando um custo altíssimo – salvou a Europa e o mundo do fascismo, e abriu novos horizontes à luta de libertação dos povos, que levariam ao desmoronamento do sistema colonial mundial. A vitória do Vietname é um fruto dessa época libertadora. Aqui, um partido comunista com um projecto revolucionário, actuando como força organizadora da luta de libertação nacional, contando com a solidariedade e apoio do campo socialista, enfrentou a potência imperialista que se seguiu, os Estados Unidos, e o seu cortejo de horrores, impondo-lhe, a 30 de Abril de 1975, a mais severa derrota jamais sofrida.
O desaparecimento do sistema socialista mundial desatou amplamente as correias ao imperialismo. O capitalismo volta hoje a mostrar cada vez mais a sua verdadeira face exploradora e agressiva. O actual rumo dominante da ofensiva capitalista persegue, nas novas condições históricas, os propósitos e objectivos derrotados em 1945 (e 1975). Como justificar as guerras preventivas e agressões contra povos soberanos, o terrorismo de Estado e a corrida armamentista, a tortura e os atropelos em massa aos direitos humanos conduzidos pela super potência imperialista?
A pompa e circunstância com que será assinalado o 9 de Maio em Moscovo, não impedindo o justo, embora efémero, reconhecimento aos veteranos da guerra, não ilude a triste condição da Rússia contemporânea, a léguas de distância do seu passado recente. E, acima de tudo, não ilude o sentido das preocupantes tendências de fundo em desenvolvimento, como o atestam os resultados das reuniões da NATO recentemente realizadas em Vilnius. Seja no tocante às negociações para a próxima adesão da Ucrânia à Aliança militar imperialista, seja na sintonia entre Solana (UE) e Condoleezza (EUA) no tocante à necessidade de “transformar” a Bielorússia numa “democracia” – por sinal o único país da ex-URSS que não entregou ao desbarato o seu aparelho produtivo, e também o único que almejou restabelecer os níveis do PIB de 1990 –, seja, ainda, no acordo, assinado com a Rússia, que permite a circulação de tropas da NATO em território russo. Num contexto em que a NATO prossegue a sua caminhada para Leste e o imperialismo aposta na fantochada das “revoluções coloridas” – autênticos golpes palacianos que se valem do estado de contra-pé em que estes países se encontram -, intensificam-se também as ingerências directas sobre a Rússia. Há sinais que os EUA, invocando razões de segurança anti-terrorista, exercem uma crescente pressão sobre o Kremlin, forçando o “acesso” aos objectos nucleares de defesa deste país.
O imperialismo não é, contudo, uma força invencível, como se está a ver hoje no Iraque. Quando as forças norte-americanas chafurdam no atoleiro em que o Iraque se transformou, é justo invocar, apesar de todas as diferenças existentes, o paralelo com o Vietname. Apesar da repressão mais facínora, de Faluja e dos crimes contra a humanidade impunes; apesar do canto de sereia de uma “democracia” enxertada servida sobre a bandeja da ocupação, apesar das sementes de ódio nacional atiçadas pelo agressor e seus lacaios; apesar da ambiguidade e passividade de grande parte da chamada “comunidade internacional” e da “complacência” da ONU – também ela condicionada e instrumentalizada pelo imperialismo –, o povo iraquiano resiste à “nova” ordem neocolonial.
Não simplificando, é bom ter presente que o capitalismo entregue a si mesmo leva ao agravamento das suas contradições intrínsecas, levando também à irrupção de processos libertadores nos elos mais fracos da sua cadeia. Parece ser o caso que vai tomando forma um pouco por toda a América Latina.
Razões adicionais, portanto, para, inspirados nas Vitórias que agora assinalamos, prosseguir a luta.