Desemprego para milhões
A liberalização do comércio de têxteis em 2005 provocará a transferência da produção para os países em desenvolvimento, em particular a China, revela um estudo da OCDE.
O sector têxtil em Portugal tem um peso elevado no emprego e no Valor Acrescentado Bruto (VAB) industrial. Até Agosto deste ano as matérias-primas têxteis e seus produtos representaram 15,6 por cento das exportações portuguesas.
O relatório da OCDE, que foi preparado durante dois anos, indica que em 1993 Portugal tinha custos horários da mão-de-obra têxtil inferiores aos da generalidade dos países industrializados, mas muito superiores aos de vários países em desenvolvimento.
Com dados de 2000, o documento refere que os custos da electricidade industrial eram em Portugal 40 por cento superiores à média da OCDE e os das telecomunicações 12,1 por cento, factores que constituem desvantagens comparativas para a indústria têxtil nacional.
Nas últimas duas décadas, segundo o relatório da OCDE, foram suprimidos quatro milhões de postos de trabalho do sector têxtil nos países industrializados e essa tendência poderá agravar-se já a partir de Janeiro próximo, com a liberalização total do comércio de têxteis e vestuário (estima-se que cerca de 2,5 milhões de europeus dependam directamente desta indústria).
Para minimizar os impactos, a Organização recomenda aos governos que reforcem a capacidade das empresas do sector para enfrentar as mudanças competitivas, o que envolve o apoio à criação de pólos de qualificação da força de trabalho, o estímulo a processos de inovação e transferência de tecnologias e a um melhor acesso aos mercados do têxtil e vestuário, eliminando obstáculos nos mecanismos de distribuição a retalho.
Por outro lado, indica que os países desenvolvidos têm de dirigir a sua produção para produtos de maior valor acrescentado, com qualidade e design, de modernizar os equipamentos e de adoptar novas formas de organização do trabalho.
Neste sentido é destacada a necessidade de os países investirem na formação dos trabalhadores do sector e na criação de competências em áreas como o design, desenvolvimento de novos materiais, controlo de qualidade, logística e distribuição.
A OCDE destaca a importância crescente dos têxteis técnicos (para automóveis, mobiliário, construção, saúde, higiene e outras aplicações), que representam já mais de metade da produção têxtil, em que dominam os países industrializados, sendo o sector com maior taxa de crescimento.
O estudo conclui ainda que a liberalização das trocas, para além de afectar os países desenvolvidos, ameaça devastar sectores industriais dos países mais pobres que não têm condições para afrontar o poderio de economias como a China ou a Índia, países que vão prevalecer nas exportações e nos mercados internos.
Desta forma, a OCDE conclui que apenas um reduzido número de grandes países em desenvolvimento estará em condições de aproveitar as oportunidades da liberalização das trocas comerciais do sector.
O governo das Filipinas já anunciou que o salário mínimo nacional deixará de aplicar-se ao têxtil, enquanto as autoridades do Bangladesh, país que poderá perder 1,8 milhões de postos de trabalho, preparam-se para aumentar o limite máximo de horas extraordinárias e flexibilizar o trabalho nocturno feminino.
O sector têxtil em Portugal tem um peso elevado no emprego e no Valor Acrescentado Bruto (VAB) industrial. Até Agosto deste ano as matérias-primas têxteis e seus produtos representaram 15,6 por cento das exportações portuguesas.
O relatório da OCDE, que foi preparado durante dois anos, indica que em 1993 Portugal tinha custos horários da mão-de-obra têxtil inferiores aos da generalidade dos países industrializados, mas muito superiores aos de vários países em desenvolvimento.
Com dados de 2000, o documento refere que os custos da electricidade industrial eram em Portugal 40 por cento superiores à média da OCDE e os das telecomunicações 12,1 por cento, factores que constituem desvantagens comparativas para a indústria têxtil nacional.
Nas últimas duas décadas, segundo o relatório da OCDE, foram suprimidos quatro milhões de postos de trabalho do sector têxtil nos países industrializados e essa tendência poderá agravar-se já a partir de Janeiro próximo, com a liberalização total do comércio de têxteis e vestuário (estima-se que cerca de 2,5 milhões de europeus dependam directamente desta indústria).
Para minimizar os impactos, a Organização recomenda aos governos que reforcem a capacidade das empresas do sector para enfrentar as mudanças competitivas, o que envolve o apoio à criação de pólos de qualificação da força de trabalho, o estímulo a processos de inovação e transferência de tecnologias e a um melhor acesso aos mercados do têxtil e vestuário, eliminando obstáculos nos mecanismos de distribuição a retalho.
Por outro lado, indica que os países desenvolvidos têm de dirigir a sua produção para produtos de maior valor acrescentado, com qualidade e design, de modernizar os equipamentos e de adoptar novas formas de organização do trabalho.
Neste sentido é destacada a necessidade de os países investirem na formação dos trabalhadores do sector e na criação de competências em áreas como o design, desenvolvimento de novos materiais, controlo de qualidade, logística e distribuição.
A OCDE destaca a importância crescente dos têxteis técnicos (para automóveis, mobiliário, construção, saúde, higiene e outras aplicações), que representam já mais de metade da produção têxtil, em que dominam os países industrializados, sendo o sector com maior taxa de crescimento.
O estudo conclui ainda que a liberalização das trocas, para além de afectar os países desenvolvidos, ameaça devastar sectores industriais dos países mais pobres que não têm condições para afrontar o poderio de economias como a China ou a Índia, países que vão prevalecer nas exportações e nos mercados internos.
Desta forma, a OCDE conclui que apenas um reduzido número de grandes países em desenvolvimento estará em condições de aproveitar as oportunidades da liberalização das trocas comerciais do sector.
O governo das Filipinas já anunciou que o salário mínimo nacional deixará de aplicar-se ao têxtil, enquanto as autoridades do Bangladesh, país que poderá perder 1,8 milhões de postos de trabalho, preparam-se para aumentar o limite máximo de horas extraordinárias e flexibilizar o trabalho nocturno feminino.