Afinal, os jovens sabem o que querem
Há quem diga que os jovens não sabem o que querem. Será? Durante a última edição da Festa do Avante!, no início de Setembro, mais de 200 jovens inscreveram-se na JCP. Terá sido por engano? Será que não pensam pela própria cabeça? Quase três meses depois, fomos conhecer seis deles.
No ano em que a JCP comemora 25 anos, a Festa do Avante! ficou marcada pela adesão de 200 jovens. O ambiente excepcional do local não foi alheio às decisões, mas o motivo principal relaciona-se com os princípios, aos ideais, as propostas e a actividade da organização.
Rui Algarvio, do Seixal, conta como foi abordado por uma brigada de contacto na Quinta da Atalaia, depois de ver as principais propostas da JCP espalhadas pelo terreno. «Falaram-me nas ideias que a JCP defende, disseram que era muito importante a organização ter novos militantes e eu decidi inscrever-me», explica este jovem de 15 anos.
Num período livre entre as aulas e uma reunião da JCP, Rui Algarvio conta ao Avante! o que representa para ele esta juventude partidária: «Significa que podemos lutar por um mundo diferente, mais justo.» E isso traduz-se nomeadamente num bom sistema de ensino, com escolas de qualidade, condições para ensinar e aprender, com aulas de educação sexual e gratuitidade de frequência.
Além da educação, Rui tem outras preocupações, como o aumento do desemprego, «a tentativa do Governo de controlar a liberdade de expressão e querer privatizar tudo. Ao mesmo tempo, as desigualdades agravam-se a cada dia, uns cada vez mais pobres, outros cada vez mais ricos…»
Rui considera positiva a sua experiência como militante da JCP: «Estou a conhecer novas pessoas e a fazer novos amigos.» Participou várias vezes em distribuição de panfletos em escolas, onde os documentos foram muito bem aceites. «Normalmente, as pessoas agarram nos papéis que lhes dão e deitam fora, mas ali não, aceitavam e liam. Até entraram novos militantes. Só falando com as pessoas é que se consegue transmitir a nossa mensagem e os nossos ideais», sublinha.
Também Ana Costa, de 16 anos, de Faro, se sentiu inspirada pela Atalaia quando se inscreveu. «A JCP luta pelos nossos direitos, por aquilo que nós precisamos. Estive a falar com a minha prima, que já era militante, e acabei por entrar também. Achei que seria interessante e bom para mim. É importante alguém que defenda as nossas ideias e o que nós queremos. Com a JCP tenho isso.»
Novas experiências
Possivelmente, Ana cruzou-se com Joana Sampainho na Festa do Avante!. Terá assistido ao mesmo concerto, participado no mesmo debate, talvez partilhando a mesma mesa num dos restaurantes. Conjecturas à parte, o que tinham em comum no primeiro fim-de-semana de Setembro era, na verdade, a vontade de aderir a uma organização revolucionária.
Joana, de 17 anos, vive mesmo ao lado da Atalaia, no Seixal. Há um ano que planeava dar o grande passo e inscrever-se. «Durante esse tempo não surgiu a oportunidade, mas na Festa, perguntaram-me se eu queria e disse logo que sim. Se não fosse lá, inscrevia-me noutro sítio», afirma.
A experiência está «a correr bem. Vou às reuniões, dou-me bem com o pessoal, concordo com o que se diz. No princípio não falava muito, ficava mais a ouvir e a compreender o que se fazia e os objectivos. Ainda estou um pouco assim, mas já falo mais», conta.
«Era mais ou menos como eu esperava, mas pensava que havia menos trabalho e que as reuniões não fossem todas as semanas. Pensava que era um grupo de jovens mais ou menos com as mesmas ideias, mas não pensava que fossem tão unidos e que fizessem tantas acções», diz.
Para Joana, a JCP é «uma organização necessária, que devia crescer. Não é muito grande e deviam aderir mais pessoas. É muito importante para o nosso país. Os jovens têm um papel a desempenhar na nossa sociedade. Se estiverem consciencializados, mais tarde virão a ser muito mais participativos.»
«O papel da JCP é consciencializar os jovens, tentar fazê-los perceber o que se está a passar e juntá-los para a luta. Temos de ter consciência do que se passa à nossa volta e devemos lutar pelos nossos direitos», acrescenta.
Joana considera que a sociedade é marcada por grandes desigualdades e lembra que «as pessoas que trabalham mais têm menos direitos e não têm acesso à saúde e á educação como deveriam. Está a ser tudo muito dificultado.»
Unidade é sinónimo de vitória
Jorge Pereira, operário, de Sacavém, juntou-se à JCP para «estar informado e lutar contra o que estão a tentar fazer: tornar-nos escravos. Isto está mau e quero fazer alguma coisa para mudar. Sei que uma pessoa não faz a diferença, mas muitas conseguem», garante.
«Sempre tive vontade de me juntar à JCP, mas nunca houve oportunidade. Este ano aproveitei. Ainda estou muito fresco, ainda estou a começar…», afirma Jorge. Mas isso não o impede de salientar a importância dos jovens na luta. «Não nos estamos a marimbar para o mundo. Nós é que vamos sofrer com isto», diz.
Jorge considera que os jovens têm mais poder para conversar e discutir as questões sociais. «E problemas é o que não falta. Uma das coisas que mais me preocupa é a possibilidade de chegar à idade da reforma e não ter nada. Outra coisa é o patronato querer que trabalhemos mais horas, mas pagando menos e fazendo tudo o que quer da gente. O nosso Governo quer recuperar o défice, mas está a roubar os pobres. Tem é de começar a fiscalizar os ricos. Querem-nos tornar escravos outra vez», declara.
A solução é «fazê-los ver que não pode ser assim. Lutámos por estes direitos e é um absurdo trabalharmos mais horas. Isto é um abuso. Às vezes a luta é a única maneira de fazê-los entender», frisa.
Rui Algarvio, do Seixal, conta como foi abordado por uma brigada de contacto na Quinta da Atalaia, depois de ver as principais propostas da JCP espalhadas pelo terreno. «Falaram-me nas ideias que a JCP defende, disseram que era muito importante a organização ter novos militantes e eu decidi inscrever-me», explica este jovem de 15 anos.
Num período livre entre as aulas e uma reunião da JCP, Rui Algarvio conta ao Avante! o que representa para ele esta juventude partidária: «Significa que podemos lutar por um mundo diferente, mais justo.» E isso traduz-se nomeadamente num bom sistema de ensino, com escolas de qualidade, condições para ensinar e aprender, com aulas de educação sexual e gratuitidade de frequência.
Além da educação, Rui tem outras preocupações, como o aumento do desemprego, «a tentativa do Governo de controlar a liberdade de expressão e querer privatizar tudo. Ao mesmo tempo, as desigualdades agravam-se a cada dia, uns cada vez mais pobres, outros cada vez mais ricos…»
Rui considera positiva a sua experiência como militante da JCP: «Estou a conhecer novas pessoas e a fazer novos amigos.» Participou várias vezes em distribuição de panfletos em escolas, onde os documentos foram muito bem aceites. «Normalmente, as pessoas agarram nos papéis que lhes dão e deitam fora, mas ali não, aceitavam e liam. Até entraram novos militantes. Só falando com as pessoas é que se consegue transmitir a nossa mensagem e os nossos ideais», sublinha.
Também Ana Costa, de 16 anos, de Faro, se sentiu inspirada pela Atalaia quando se inscreveu. «A JCP luta pelos nossos direitos, por aquilo que nós precisamos. Estive a falar com a minha prima, que já era militante, e acabei por entrar também. Achei que seria interessante e bom para mim. É importante alguém que defenda as nossas ideias e o que nós queremos. Com a JCP tenho isso.»
Novas experiências
Possivelmente, Ana cruzou-se com Joana Sampainho na Festa do Avante!. Terá assistido ao mesmo concerto, participado no mesmo debate, talvez partilhando a mesma mesa num dos restaurantes. Conjecturas à parte, o que tinham em comum no primeiro fim-de-semana de Setembro era, na verdade, a vontade de aderir a uma organização revolucionária.
Joana, de 17 anos, vive mesmo ao lado da Atalaia, no Seixal. Há um ano que planeava dar o grande passo e inscrever-se. «Durante esse tempo não surgiu a oportunidade, mas na Festa, perguntaram-me se eu queria e disse logo que sim. Se não fosse lá, inscrevia-me noutro sítio», afirma.
A experiência está «a correr bem. Vou às reuniões, dou-me bem com o pessoal, concordo com o que se diz. No princípio não falava muito, ficava mais a ouvir e a compreender o que se fazia e os objectivos. Ainda estou um pouco assim, mas já falo mais», conta.
«Era mais ou menos como eu esperava, mas pensava que havia menos trabalho e que as reuniões não fossem todas as semanas. Pensava que era um grupo de jovens mais ou menos com as mesmas ideias, mas não pensava que fossem tão unidos e que fizessem tantas acções», diz.
Para Joana, a JCP é «uma organização necessária, que devia crescer. Não é muito grande e deviam aderir mais pessoas. É muito importante para o nosso país. Os jovens têm um papel a desempenhar na nossa sociedade. Se estiverem consciencializados, mais tarde virão a ser muito mais participativos.»
«O papel da JCP é consciencializar os jovens, tentar fazê-los perceber o que se está a passar e juntá-los para a luta. Temos de ter consciência do que se passa à nossa volta e devemos lutar pelos nossos direitos», acrescenta.
Joana considera que a sociedade é marcada por grandes desigualdades e lembra que «as pessoas que trabalham mais têm menos direitos e não têm acesso à saúde e á educação como deveriam. Está a ser tudo muito dificultado.»
Unidade é sinónimo de vitória
Jorge Pereira, operário, de Sacavém, juntou-se à JCP para «estar informado e lutar contra o que estão a tentar fazer: tornar-nos escravos. Isto está mau e quero fazer alguma coisa para mudar. Sei que uma pessoa não faz a diferença, mas muitas conseguem», garante.
«Sempre tive vontade de me juntar à JCP, mas nunca houve oportunidade. Este ano aproveitei. Ainda estou muito fresco, ainda estou a começar…», afirma Jorge. Mas isso não o impede de salientar a importância dos jovens na luta. «Não nos estamos a marimbar para o mundo. Nós é que vamos sofrer com isto», diz.
Jorge considera que os jovens têm mais poder para conversar e discutir as questões sociais. «E problemas é o que não falta. Uma das coisas que mais me preocupa é a possibilidade de chegar à idade da reforma e não ter nada. Outra coisa é o patronato querer que trabalhemos mais horas, mas pagando menos e fazendo tudo o que quer da gente. O nosso Governo quer recuperar o défice, mas está a roubar os pobres. Tem é de começar a fiscalizar os ricos. Querem-nos tornar escravos outra vez», declara.
A solução é «fazê-los ver que não pode ser assim. Lutámos por estes direitos e é um absurdo trabalharmos mais horas. Isto é um abuso. Às vezes a luta é a única maneira de fazê-los entender», frisa.