Norte-americanos despertam para a política
A guerra do Iraque, a pressão económica e as eleições nacionais estão a tirar os americanos da apatia e a levá-los para a acção política. Nos Estados Unidos, a primeira actividade política de muita gente é a campanha presidencial.
As últimas sondagens de opinião mostram que os candidatos estão estatisticamente empatados. Três diferentes sondagens nacionais publicadas na segunda-feira, 18 de Outubro, revelam que o senador John Kerry se encontra ligeiramente atrás do presidente George W. Bush. Duas outras dizem que estão empatados.
Bush é estreitamente associado à invasão e ocupação norte-americana do Iraque. Nos três recentes debates com Kerry, Bush insistiu na defesa da invasão e clamou o seu sucesso. Actualmente, uma grande parte da classe dirigente do sistema que apoiou a política de Bush considera a ocupação do Iraque um desastre para os interesses norte-americanos, considerando que a administração Bush tem sido incompetente e negligente.
Na sua edição de domingo, o New York Times apoiou «entusiasticamente» a candidatura de Kerry à presidência. Sete jornais no Estado chave da Flórida apoiaram-no igualmente. Até o Tampa Tribune, que tem defendido os candidatos republicanos em todas as eleições presidenciais desde 1964, se recusou desta vez a apoiar alguém.
O programa de Kerry apresenta apenas pequenas diferenças em relação ao de Bush. Também ele considera que os Estados Unidos devem permanecer no Iraque e soa pelo menos tão agressivo como Bush quando fala do Iraque, Coreia do Norte e Israel. Apesar disso, as pessoas associam Kerry com a sua experiência como veterano anti-guerra do Vietname e pensam que, com ele, é menos provável que os EUA se envolvam noutro conflito.
A expectativa sobre os votos de última hora incentiva a actividade. As pessoas acreditam que a sua acção faz a diferença. Muitas organizações estão a trabalhar activamente para derrotar Bush. Enviaram centenas de voluntários organizados para estados onde o recenseamento vai ser fechado. Estas pessoas estão a registar eleitores que esperam que votem contra Bush, provenientes das classes trabalhadoras e das comunidades afro-americanas. Em alguns estados, como o Minnesota, há muito mais pessoas a recensear-se do que em 2000 e as secções de voto estão apinhadas.
Tanto o Partido Democrata como o Partido Republicano iniciaram guerras de agressão nos últimos anos. Ambos representam solidamente o grande capital. Mesmo assim, a actividade da massa eleitoral anti-Bush revela uma mudança progressista na atitude de milhões de pessoas.
Dirigir a acção da classe trabalhadora
Investir toda a energia para impedir a reeleição de Bush impede as acções da classe trabalhadora, como a «Million Worker March» (MWM), a «Marcha de Um Milhão de Trabalhadores», convocada há cerca de um ano por um grupo essencialmente composto por líderes afro-americanos e dirigentes de sindicatos locais. O nome da iniciativa foi inspirado na «Million Man March», a «Marcha de Um Milhão de Homens», levada a cabo em 1995, quando um milhão de negros se manifestou na capital.
Alguns organizadores da MWM fazem parte da secção americana do Sindicato Internacional dos Estivadores (ILWU), uma organização que desempenhou um papel central na luta contra o apartheid. Esperavam o apoio dos líderes do AFL-CIO à marcha na reivindicação de emprego, segurança social, subsídio de desemprego, aumento das reformas e o fim da guerra. No entanto, o AFL-CIO anunciou no Verão que se iria empenhar totalmente no apoio à candidatura de Kerry contra Bush. O dirigentes da MWM viraram-se, então, para o movimento anti-guerra em busca de alianças para construir uma marcha de trabalhadores dentro do espírito do movimento dos direitos civis.
Cerca de 10 mil trabalhadores e activistas jovens contra a guerra concentraram-se no Lincoln Memorial para ouvir o actor de Hollywood Danny Glover, Martin Luther King III e muitos sindicalistas em defesa dos direitos dos trabalhadores. Modesta na dimensão, a marcha constituiu um importante primeiro passo para estabelecer uma rede de sindicalistas políticos activos.
Algumas lutas são demasiado imediatas para esperar pelas eleições. Na segunda semana de Outubro, um pelotão da 343.º Companhia da Marinha recusou fazer o embarque de combustível na sua base em Tallil para transportar para Taji, uma viagem de 200 milhas, por considerarem hostil o Iraque ocupado. As tropas diziam não confiar nos camiões e queixavam-se de falta de blindados.
A 12 de Outubro, conseguiram contactar alguns familiares no Sul dos Estados Unidos, tradicionalmente uma zona de patriotismo militar, para denunciar que 19 militares tinham sido presos por se recusarem a participar numa «missão suicida».
A resistência no seio das tropas norte-americanas deu um grande salto da recusa individual para a acção de grupo, tal como acontece em qualquer sindicato. O Pentágono está agora a lutar com a sua resposta ao desafio à cadeia de comando.
As últimas sondagens de opinião mostram que os candidatos estão estatisticamente empatados. Três diferentes sondagens nacionais publicadas na segunda-feira, 18 de Outubro, revelam que o senador John Kerry se encontra ligeiramente atrás do presidente George W. Bush. Duas outras dizem que estão empatados.
Bush é estreitamente associado à invasão e ocupação norte-americana do Iraque. Nos três recentes debates com Kerry, Bush insistiu na defesa da invasão e clamou o seu sucesso. Actualmente, uma grande parte da classe dirigente do sistema que apoiou a política de Bush considera a ocupação do Iraque um desastre para os interesses norte-americanos, considerando que a administração Bush tem sido incompetente e negligente.
Na sua edição de domingo, o New York Times apoiou «entusiasticamente» a candidatura de Kerry à presidência. Sete jornais no Estado chave da Flórida apoiaram-no igualmente. Até o Tampa Tribune, que tem defendido os candidatos republicanos em todas as eleições presidenciais desde 1964, se recusou desta vez a apoiar alguém.
O programa de Kerry apresenta apenas pequenas diferenças em relação ao de Bush. Também ele considera que os Estados Unidos devem permanecer no Iraque e soa pelo menos tão agressivo como Bush quando fala do Iraque, Coreia do Norte e Israel. Apesar disso, as pessoas associam Kerry com a sua experiência como veterano anti-guerra do Vietname e pensam que, com ele, é menos provável que os EUA se envolvam noutro conflito.
A expectativa sobre os votos de última hora incentiva a actividade. As pessoas acreditam que a sua acção faz a diferença. Muitas organizações estão a trabalhar activamente para derrotar Bush. Enviaram centenas de voluntários organizados para estados onde o recenseamento vai ser fechado. Estas pessoas estão a registar eleitores que esperam que votem contra Bush, provenientes das classes trabalhadoras e das comunidades afro-americanas. Em alguns estados, como o Minnesota, há muito mais pessoas a recensear-se do que em 2000 e as secções de voto estão apinhadas.
Tanto o Partido Democrata como o Partido Republicano iniciaram guerras de agressão nos últimos anos. Ambos representam solidamente o grande capital. Mesmo assim, a actividade da massa eleitoral anti-Bush revela uma mudança progressista na atitude de milhões de pessoas.
Dirigir a acção da classe trabalhadora
Investir toda a energia para impedir a reeleição de Bush impede as acções da classe trabalhadora, como a «Million Worker March» (MWM), a «Marcha de Um Milhão de Trabalhadores», convocada há cerca de um ano por um grupo essencialmente composto por líderes afro-americanos e dirigentes de sindicatos locais. O nome da iniciativa foi inspirado na «Million Man March», a «Marcha de Um Milhão de Homens», levada a cabo em 1995, quando um milhão de negros se manifestou na capital.
Alguns organizadores da MWM fazem parte da secção americana do Sindicato Internacional dos Estivadores (ILWU), uma organização que desempenhou um papel central na luta contra o apartheid. Esperavam o apoio dos líderes do AFL-CIO à marcha na reivindicação de emprego, segurança social, subsídio de desemprego, aumento das reformas e o fim da guerra. No entanto, o AFL-CIO anunciou no Verão que se iria empenhar totalmente no apoio à candidatura de Kerry contra Bush. O dirigentes da MWM viraram-se, então, para o movimento anti-guerra em busca de alianças para construir uma marcha de trabalhadores dentro do espírito do movimento dos direitos civis.
Cerca de 10 mil trabalhadores e activistas jovens contra a guerra concentraram-se no Lincoln Memorial para ouvir o actor de Hollywood Danny Glover, Martin Luther King III e muitos sindicalistas em defesa dos direitos dos trabalhadores. Modesta na dimensão, a marcha constituiu um importante primeiro passo para estabelecer uma rede de sindicalistas políticos activos.
Algumas lutas são demasiado imediatas para esperar pelas eleições. Na segunda semana de Outubro, um pelotão da 343.º Companhia da Marinha recusou fazer o embarque de combustível na sua base em Tallil para transportar para Taji, uma viagem de 200 milhas, por considerarem hostil o Iraque ocupado. As tropas diziam não confiar nos camiões e queixavam-se de falta de blindados.
A 12 de Outubro, conseguiram contactar alguns familiares no Sul dos Estados Unidos, tradicionalmente uma zona de patriotismo militar, para denunciar que 19 militares tinham sido presos por se recusarem a participar numa «missão suicida».
A resistência no seio das tropas norte-americanas deu um grande salto da recusa individual para a acção de grupo, tal como acontece em qualquer sindicato. O Pentágono está agora a lutar com a sua resposta ao desafio à cadeia de comando.