Eleições sob suspeita

Crescem os temores de que as flagrantes irregularidades registadas em 2000, no Estado da Florida, e que deram a vitória a Bush, se venham a repetir nas presidenciais norte-americanas de 2 de Novembro.
«A repetição dos problemas de 2000 parece provável», afirmou recentemente o ex-presidente democrata, Jimmy Carter, considerando que na Florida não existem «condições básicas para uma eleição justa». Carter aponta dois aspectos que não estão garantidos: a existência de uma comissão ou responsável eleitoral independente encarregado de organizar as eleições e a uniformidade na forma de votação de modo a que todos os votos sejam depositados e contados do mesmo modo.
Carter acusa mesmo o governador da Florida, Jeb Bush, irmão do presidente, de «não ter dado nenhum passo para corrigir as violações dos princípios de tratamento igual e justo dos votantes». A título de exemplo, lembra o expediente de retirar o direito de voto a 22 000 negros, prováveis apoiantes democratas, por terem um historial de delinquência, enquanto pelos mesmos motivos só terem sido desqualificados 61 hispânicos, tradicionais apoiantes dos republicanos.
Recorda-se que Bush «ganhou» por decisão do Supremo Tribunal dos EUA, que por 5 votos contra 4 decidiu suspender a recontagem dos votos na Florida, abrindo-lhe assim as portas da Casa Branca.
Entretanto, a situação no Iraque continua a dominar a campanha eleitoral para a presidência dos EUA. Os resultados da última sondagem realizada pela cadeia de televisão ABC-News, divulgados segunda-feira, revelam que George W. Bush mantém uma vantagem de cerca de sete pontos percentuais sobre John Kerry.
De acordo com a pesquisa, uma das razões mais importantes para a vantagem de Bush é o facto de os inquiridos considerarem o actual presidente mais enérgico e capaz do que Kerry para proteger os EUA contra ataques terroristas.
Curiosamente, mais de metade dos inquiridos desaprova a forma como a administração Bush está a lidar com a situação no Iraque ou com os problemas económicos do país.


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