Espiral de violência
A aviação norte-americana continua a bombardear Fallujah, onde só no fim-de-semana 22 pessoas morreram e outras 42 ficaram feridas. Rebeldes resistem.
«As forças da resistência realizam cerca de 70 acções por dia»
A menos de quatro meses das prometidas «eleições livres» no Iraque, agudizam-se os confrontos entre rebeldes e forças ocupantes, ao mesmo tempo que se acentuam os sinais de fractura entre autoridades iraquianas investidas pelos EUA.
Apesar de ter as principais zona do país sublevadas, o pseudo primeiro-ministro, Iyad Allawi, foi à ONU traçar um cenário de sucessos que deixou estupefactos os observadores, de tal modo distinto da realidade que mais parecia o desvario de uma mente alucinada. Allawi chegou mesmo a minimizar o alcance da resistência ao situá-la em apenas quatro da 18 províncias do país. Bem diferente é a análise do presidente imposto, Al Yawar, que em entrevista ao jornal Al Sabah Al Yadid, em Bagdad, não hesitou em afirmar que «os resultados do trabalho do governo iraquiano não correspondem às nossas expectativas».
Yawar atribui a responsabilidade à falta de segurança no país e às «potências estrangeiras», em particular a decisão dos EUA de dissolver o exército iraquiano.
Também os norte-americanos parecem cada vez mais desorientados em relação ao Iraque. A confusão é tal que, no domingo, segundo a Prensa Latina, o secretário de Estado, Colin Powell, foi forçado a fazer um giro pelas várias televisões para corrigir as declarações do seu número dois, Richard Armitage, que dias antes tinha saído a terreiro para emendar as afirmações do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, a propósito das eleições.
Rumsfeld começou por dizer que provavelmente não seria viável realizar eleições numa boa parte do território iraquiano; Armitage garantiu o contrário; e Powell veio dizer que «é prematuro afirmar que poderemos realizar eleições gerais e livres em todo o território iraquiano». Falando à cadeia de televisão ABC, Powell reconheceu que «a situação está a agravar-se».
Resistência aumenta
A edição de domingo do jornal The Washington Post revelava, citando relatórios elaborados pela Kroll Security International, que as forças da resistência iraquiana realizam actualmente cerca de 70 acções por dia, quando efectuava cerca de 50 até à instalação do governo de Alawi, a 28 de Junho.
De acordo com aquela organização, as acções dos rebeldes estendem-se agora a zonas consideradas pacíficas e, só nas últimas duas semanas, terão morrido 29 soldados norte-americanos.
Os relatórios, refere o Post, dão conta de uma situação conturbada em todo o país, referindo que as acções de resistência vão desde complexas emboscadas envolvendo 30 grupos de guerrilha no Norte de Bagdad até iniciativas individuais de ataques com bombas caseiras contra as forças ocupantes que patrulham Sadr City.
Segundo o jornal, os círculos vermelhos que assinalam nos mapas dos documentos os ataques levados a cabo pela resistência rodeiam quase todas as principais cidades do Iraque, testemunhando a amplitude e intensificação da revolta iraquiana.
Os dados divulgados pela Kroll baseiam-se em números do Pentágono, da embaixada norte-americana em Bagdad, companhias de segurança e organizações não governamentais instaladas no Iraque, refere o Post.
Apesar de ter as principais zona do país sublevadas, o pseudo primeiro-ministro, Iyad Allawi, foi à ONU traçar um cenário de sucessos que deixou estupefactos os observadores, de tal modo distinto da realidade que mais parecia o desvario de uma mente alucinada. Allawi chegou mesmo a minimizar o alcance da resistência ao situá-la em apenas quatro da 18 províncias do país. Bem diferente é a análise do presidente imposto, Al Yawar, que em entrevista ao jornal Al Sabah Al Yadid, em Bagdad, não hesitou em afirmar que «os resultados do trabalho do governo iraquiano não correspondem às nossas expectativas».
Yawar atribui a responsabilidade à falta de segurança no país e às «potências estrangeiras», em particular a decisão dos EUA de dissolver o exército iraquiano.
Também os norte-americanos parecem cada vez mais desorientados em relação ao Iraque. A confusão é tal que, no domingo, segundo a Prensa Latina, o secretário de Estado, Colin Powell, foi forçado a fazer um giro pelas várias televisões para corrigir as declarações do seu número dois, Richard Armitage, que dias antes tinha saído a terreiro para emendar as afirmações do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, a propósito das eleições.
Rumsfeld começou por dizer que provavelmente não seria viável realizar eleições numa boa parte do território iraquiano; Armitage garantiu o contrário; e Powell veio dizer que «é prematuro afirmar que poderemos realizar eleições gerais e livres em todo o território iraquiano». Falando à cadeia de televisão ABC, Powell reconheceu que «a situação está a agravar-se».
Resistência aumenta
A edição de domingo do jornal The Washington Post revelava, citando relatórios elaborados pela Kroll Security International, que as forças da resistência iraquiana realizam actualmente cerca de 70 acções por dia, quando efectuava cerca de 50 até à instalação do governo de Alawi, a 28 de Junho.
De acordo com aquela organização, as acções dos rebeldes estendem-se agora a zonas consideradas pacíficas e, só nas últimas duas semanas, terão morrido 29 soldados norte-americanos.
Os relatórios, refere o Post, dão conta de uma situação conturbada em todo o país, referindo que as acções de resistência vão desde complexas emboscadas envolvendo 30 grupos de guerrilha no Norte de Bagdad até iniciativas individuais de ataques com bombas caseiras contra as forças ocupantes que patrulham Sadr City.
Segundo o jornal, os círculos vermelhos que assinalam nos mapas dos documentos os ataques levados a cabo pela resistência rodeiam quase todas as principais cidades do Iraque, testemunhando a amplitude e intensificação da revolta iraquiana.
Os dados divulgados pela Kroll baseiam-se em números do Pentágono, da embaixada norte-americana em Bagdad, companhias de segurança e organizações não governamentais instaladas no Iraque, refere o Post.