As fotografias
Era o audiovisual, era a televisão, era o multimédia, já não relembro que mais. Ah, o cinema - pois é, quanto mais as coisas são evidentes, tanto mais fácil é passá-las em branco numa enumeração. Da realidade «real» do audiovisual e da televisão passar-se-ia ao multimédia e, ainda, à realidade «virtual». E, porque assente em tecnologia digital - uma condição sine qua non - o multimédia a permitir a interactividade, aliás a possibilitar mesmo o virmos todos a ser utentes-produtores de «conteúdos» - tal como se foi instilando com entusiasmo na conversa do dia a dia nos círculos dos seus iniciados.
Contudo, o que reconhecemos ter-se instalado na realidade nas comunicações - enquanto tais coisas animadas eram propaladas aos quatros ventos - foi a mobilidade, e foi a escrita, mais a busca da informação através de meios electrónicos - informação sita na web, sobretudo sob forma escrita, acompanhada de fotografias, gráficos, ícones.
Com a nossa nova mobilidade, dispusemos desde logo de um acesso [telemóvel] de novo tipo às comunicações telefónicas. Sobre este acesso seguiu-se também a troca de mensagens escritas, uma aplicação também do tipo de prática a que muitos já se tinham entretanto afeiçoado nos acessos fixos à Internet. E estas aplicações da Internet também a possuírem a sua própria característica de mobilidade, não é? A caixa de email está no servidor em que estiver e nós a ela acedemos também de onde estivermos - só que nos acessos fixos da rede a mobilidade é menor do que a possível nos redes de telemóvel, que empregam o ar em vez de cabos; portanto, menos móvel - e não o é pouco - o email via acesso fixo que o acesso via telemóvel.
Mas também parece ser agora a oportunidade para um certo «regresso» da fotografia.
É certo que, tal como a escrita, a fotografia nunca se tinha ido embora por completo. Apenas tinha baixado no ranking de importância da galáxia dos meios de comunicação. Tinham as fotografias ficado um pouco como ilustração de textos quer na Internet quer nos jornais e magazines, mas também a fazer figura nos livros de prestígio - quantos deles de muito boa qualidade - e próprios para prendas; ou presentes, ainda, nas capas dos livros.
Com efeito, que parece ser agora a vez da imagem parada ou fixa subir outra vez no ranking da hierarquia dos meios de comunicação, isto é, de subir no sentido para onde se encontram a imagem animada (e sonora) do cinema e a da televisão, do vídeo, veio-nos chamar a atenção o célebre processo das fotografias tiradas pelos militares e outros funcionários norte-americanos aos prisioneiros de guerra iraquianos (é mesmo assim leitor, a mim, que não serei muito sensível a esta coisa das imagens e das fotografias, foi necessário um acontecimento destes para me estimular a atenção para a matéria que aqui abordo). Mas, como dizia e todos sabem, refiro-me aqui aos iraquianos detidos em prisões controladas pelos ocupantes (os britânicos também não estarão isentos destes pecados) enquanto sofredores de torturas, maus tratos degradantes e, em geral, de um tratamento sub-humano denunciante do estado da infame degradação atingida pelos seus «democratas libertadores». Aliás, compreende-se melhor, por exemplo, a enormidade da tortura de natureza sexual infligida aos prisioneiros iraquianos se recordarmos que os torturantes são nacionais de um dos países mais puritanos do Mundo e um país onde os movimentos apelidados de defesa da Vida, próximos do Poder actual, atingem elevada intensidade. Mas adiante, que não é este o tema central deste texto.
Voltemos à matéria do texto: dizem as notícias que o tirar de fotografias constitui uma prática generalizada entre as tropas americanas. Fotografias tiradas não apenas com máquinas fotográficas, mas também por telemóveis recentes que incorporam essa facilidade. E eu que não estava muito convencido do sucesso que tal facilidade enquanto parte de telemóveis poderia vir a constituir para o aumento das receitas das operadoras! Além disso, nesta era do digital, e voltando ao uso das fotografias dos prisioneiros de guerra iraquianos, elas têm sido armazenadas nos computadores, trocadas por email, mostradas, servido como troféu de guerra nos desktops de computadores (em vez das fotografias de paisagens, de familiares ou de namorados), etc.
Mas que giro! - comento. Disciplina na escrita, ouviste! - salta a minha consciência.
Isto tudo fica dito em atenção à não muito lembrada - creio eu - Fotografia no seu papel na Sociedade da Informação.
Contudo, o que reconhecemos ter-se instalado na realidade nas comunicações - enquanto tais coisas animadas eram propaladas aos quatros ventos - foi a mobilidade, e foi a escrita, mais a busca da informação através de meios electrónicos - informação sita na web, sobretudo sob forma escrita, acompanhada de fotografias, gráficos, ícones.
Com a nossa nova mobilidade, dispusemos desde logo de um acesso [telemóvel] de novo tipo às comunicações telefónicas. Sobre este acesso seguiu-se também a troca de mensagens escritas, uma aplicação também do tipo de prática a que muitos já se tinham entretanto afeiçoado nos acessos fixos à Internet. E estas aplicações da Internet também a possuírem a sua própria característica de mobilidade, não é? A caixa de email está no servidor em que estiver e nós a ela acedemos também de onde estivermos - só que nos acessos fixos da rede a mobilidade é menor do que a possível nos redes de telemóvel, que empregam o ar em vez de cabos; portanto, menos móvel - e não o é pouco - o email via acesso fixo que o acesso via telemóvel.
Mas também parece ser agora a oportunidade para um certo «regresso» da fotografia.
É certo que, tal como a escrita, a fotografia nunca se tinha ido embora por completo. Apenas tinha baixado no ranking de importância da galáxia dos meios de comunicação. Tinham as fotografias ficado um pouco como ilustração de textos quer na Internet quer nos jornais e magazines, mas também a fazer figura nos livros de prestígio - quantos deles de muito boa qualidade - e próprios para prendas; ou presentes, ainda, nas capas dos livros.
Com efeito, que parece ser agora a vez da imagem parada ou fixa subir outra vez no ranking da hierarquia dos meios de comunicação, isto é, de subir no sentido para onde se encontram a imagem animada (e sonora) do cinema e a da televisão, do vídeo, veio-nos chamar a atenção o célebre processo das fotografias tiradas pelos militares e outros funcionários norte-americanos aos prisioneiros de guerra iraquianos (é mesmo assim leitor, a mim, que não serei muito sensível a esta coisa das imagens e das fotografias, foi necessário um acontecimento destes para me estimular a atenção para a matéria que aqui abordo). Mas, como dizia e todos sabem, refiro-me aqui aos iraquianos detidos em prisões controladas pelos ocupantes (os britânicos também não estarão isentos destes pecados) enquanto sofredores de torturas, maus tratos degradantes e, em geral, de um tratamento sub-humano denunciante do estado da infame degradação atingida pelos seus «democratas libertadores». Aliás, compreende-se melhor, por exemplo, a enormidade da tortura de natureza sexual infligida aos prisioneiros iraquianos se recordarmos que os torturantes são nacionais de um dos países mais puritanos do Mundo e um país onde os movimentos apelidados de defesa da Vida, próximos do Poder actual, atingem elevada intensidade. Mas adiante, que não é este o tema central deste texto.
Voltemos à matéria do texto: dizem as notícias que o tirar de fotografias constitui uma prática generalizada entre as tropas americanas. Fotografias tiradas não apenas com máquinas fotográficas, mas também por telemóveis recentes que incorporam essa facilidade. E eu que não estava muito convencido do sucesso que tal facilidade enquanto parte de telemóveis poderia vir a constituir para o aumento das receitas das operadoras! Além disso, nesta era do digital, e voltando ao uso das fotografias dos prisioneiros de guerra iraquianos, elas têm sido armazenadas nos computadores, trocadas por email, mostradas, servido como troféu de guerra nos desktops de computadores (em vez das fotografias de paisagens, de familiares ou de namorados), etc.
Mas que giro! - comento. Disciplina na escrita, ouviste! - salta a minha consciência.
Isto tudo fica dito em atenção à não muito lembrada - creio eu - Fotografia no seu papel na Sociedade da Informação.