O 25 de Abril é Revolução
A crítica à política económica e social do Governo e a reafirmação da perenidade dos valores da Revolução marcaram a sessão solene que assinalou no Parlamento os 30 anos do 25 de Abril.
«Enfrentamos hoje um tempo de fortes retrocessos sociais», sublinhou, na sua intervenção, em nome da bancada comunista, o deputado Bernardino Soares, considerando ser esta a «política do revanchismo contra Abril e os seus valores, da deturpação da história, do regresso ao passado, comprometimento do futuro».
Um registo muito crítico sobre o curso das políticas e sobre o rumo do País que foi no fundamental compartilhado por todos os partidos da oposição. O próprio Presidente da República entendeu, desta vez, num discurso igualmente interpretado como pouco abonatório para o Governo, tecer considerações críticas dirigidas a algumas orientações da acção governativa, designadamente no plano da política económica, e relativamente à clarificação de prioridades quanto aos eixos estruturais em que deve assentar o nosso desenvolvimento.
Foi, porém, o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, a proferir a intervenção que mais aprofundou quer a valorização dos reais conteúdos e do significado da Revolução de Abril quer a crítica à política governamental «As Revoluções fazem-se porque as quer o povo», sublinhou, exemplificando com os testemunhos deixados por Fernão Lopes (na sua crónica sobre a Revolução de 1383/85) e pela poesia, quase seiscentos anos depois, de Ary dos Santos.
«30 anos depois de Abril há quem queira esconder isto mesmo. Que Abril foi uma Revolução», salientou o parlamentar do PCP, numa alusão aos que falam de «evolução» e à campanha oficial que tem esta palavra como mote e que, em sua opinião, mais não é do que uma tentativa para «esconder o carácter revolucionário da nossa conquista da liberdade».
Esta «teoria evolucionista», ainda segundo Bernardino Soares, pretende assim não apenas esconder que as alterações de sentido positivo nas últimas três décadas tiveram a sua raiz no 25 de Abril como esconder que a Revolução foi uma ruptura contra o fascismo.
Por isso, para os comunistas, «é preciso falar verdade sobre a Revolução de Abril».
«É preciso dizer que a Revolução de Abril se fez contra um regime fascista que praticava a tortura, a prisão política, a censura e impunha a guerra colonial. Que o fascismo foi o Tarrafal, o lápis azul, as cargas policiais, a PIDE e também a fome, a pobreza, o analfabetismo», salientou, recordando, por outro lado, que Abril representou o «romper com as injustas relações económicas e sociais que vigoravam na sociedade portuguesa», trazendo consigo «os direitos políticos, mas também os de cidadania, os laborais e os culturais».
E Abril foi ainda uma Revolução porque, com a vontade do povo, em aliança com o MFA, pôs fim ao colonialismo e à guerra colonial, pôs fim ao domínio da economia pelos monopólios do fascismo, garantiu a igualdade entre homens e mulheres, estimulou a participação popular, fez cultivar as terras incultas do Alentejo com a Reforma Agrária.
Depois de centrar as suas atenções nas grandes linhas que norteiam as prioridades e a acção do Governo PSD-CDS/PP, a quem acusou de fazer a «política do desemprego» e da «crescente desigualdade na distribuição da riqueza, a «política da guerra» e da «destruição dos direitos sociais», a «política do atraso económico» e da «mutilação da soberania nacional», Bernardino Soares deixou uma palavra de confiança na capacidade do povo para «inverter o caminho do retrocesso democrático e social», sublinhando que esse rumo passa também por «fazer da participação uma arma para reformar a democracia».
«Enfrentamos hoje um tempo de fortes retrocessos sociais», sublinhou, na sua intervenção, em nome da bancada comunista, o deputado Bernardino Soares, considerando ser esta a «política do revanchismo contra Abril e os seus valores, da deturpação da história, do regresso ao passado, comprometimento do futuro».
Um registo muito crítico sobre o curso das políticas e sobre o rumo do País que foi no fundamental compartilhado por todos os partidos da oposição. O próprio Presidente da República entendeu, desta vez, num discurso igualmente interpretado como pouco abonatório para o Governo, tecer considerações críticas dirigidas a algumas orientações da acção governativa, designadamente no plano da política económica, e relativamente à clarificação de prioridades quanto aos eixos estruturais em que deve assentar o nosso desenvolvimento.
Foi, porém, o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, a proferir a intervenção que mais aprofundou quer a valorização dos reais conteúdos e do significado da Revolução de Abril quer a crítica à política governamental «As Revoluções fazem-se porque as quer o povo», sublinhou, exemplificando com os testemunhos deixados por Fernão Lopes (na sua crónica sobre a Revolução de 1383/85) e pela poesia, quase seiscentos anos depois, de Ary dos Santos.
«30 anos depois de Abril há quem queira esconder isto mesmo. Que Abril foi uma Revolução», salientou o parlamentar do PCP, numa alusão aos que falam de «evolução» e à campanha oficial que tem esta palavra como mote e que, em sua opinião, mais não é do que uma tentativa para «esconder o carácter revolucionário da nossa conquista da liberdade».
Esta «teoria evolucionista», ainda segundo Bernardino Soares, pretende assim não apenas esconder que as alterações de sentido positivo nas últimas três décadas tiveram a sua raiz no 25 de Abril como esconder que a Revolução foi uma ruptura contra o fascismo.
Por isso, para os comunistas, «é preciso falar verdade sobre a Revolução de Abril».
«É preciso dizer que a Revolução de Abril se fez contra um regime fascista que praticava a tortura, a prisão política, a censura e impunha a guerra colonial. Que o fascismo foi o Tarrafal, o lápis azul, as cargas policiais, a PIDE e também a fome, a pobreza, o analfabetismo», salientou, recordando, por outro lado, que Abril representou o «romper com as injustas relações económicas e sociais que vigoravam na sociedade portuguesa», trazendo consigo «os direitos políticos, mas também os de cidadania, os laborais e os culturais».
E Abril foi ainda uma Revolução porque, com a vontade do povo, em aliança com o MFA, pôs fim ao colonialismo e à guerra colonial, pôs fim ao domínio da economia pelos monopólios do fascismo, garantiu a igualdade entre homens e mulheres, estimulou a participação popular, fez cultivar as terras incultas do Alentejo com a Reforma Agrária.
Depois de centrar as suas atenções nas grandes linhas que norteiam as prioridades e a acção do Governo PSD-CDS/PP, a quem acusou de fazer a «política do desemprego» e da «crescente desigualdade na distribuição da riqueza, a «política da guerra» e da «destruição dos direitos sociais», a «política do atraso económico» e da «mutilação da soberania nacional», Bernardino Soares deixou uma palavra de confiança na capacidade do povo para «inverter o caminho do retrocesso democrático e social», sublinhando que esse rumo passa também por «fazer da participação uma arma para reformar a democracia».