É e será sempre a Revolução, estúpidos!
Infelizmente, mesmo sabendo-se de ciência certa que entre a justiça e o direito existe o enorme fosso que faz com que o direito seja o direito mais forte à liberdade, nunca ninguém se lembrou de legislar castigando a vigarice intelectual, que é muita, muito variegada e alastra como uma mancha de óleo nos vários campos do saber, do erudito ao popular. Não deveríamos ter muitas expectativas, mas pelo menos algumas coisas ficariam enredadas nas malhas da lei. Como não existe, a trampolinice anda à solta. Nas páginas dos jornais e doutras publicações, mais brochadas ou mais encadernadas, é vê-la por aí bem desenvolta assumindo, por vezes, uma fachada de cientificidade que nos deixa abismados com o descaramento do ar doutoral em que são vertidas as mais espantosas afirmações, teses, opiniões e etcetera e tal de ditos especialistas.
Dirão que a realidade é hoje muito complexa, mais dificilmente decifrável. Que as complexidades obrigam a recorrer a um aparato muito maior de meios técnicos e científicos para a podermos compreender. É verdade. Mas é igualmente verdade que festejados e esforçados pensadores, com o afã de contribuírem para esse desiderato, alinham, por exemplo e entre outras malas-ciências, a astrologia entre as «ciências» capazes de contribuírem para a sua decifração. Por este descaminho qualquer dia ainda ficamos a saber que Bush & Blair leram nos astros que no Iraque existiam armas de destruição maciça e possuídos por essa certeza científica, mesmo que nunca seja terrenamente comprovada, vão atingir os fins: colonizar e garantir a exploração do petróleo em proveito das multinacionais que lhes dedilham as cordas vocais. E para que não restem dúvidas sobre os seus objectivos já fizeram e decretaram leis que amarram o futuro do povo iraquiano se este não se libertar da democracia que esta gentalha lhes quer oferecer. Ao povo iraquiano só fica um caminho aberto, o da revolução. Caminho que tinha sido esmagado brutalmente por Saddam Hussein quando era apoiado pelos seus amigos norte-americanos que o cumulavam com mimos, eles eram esporas em oiro, chaves de cidade, matérias-primas e tecnologia para fabricar armas químicas, etc. Esta realidade, esta dura realidade que vai continuar a desenfreada exploração do povo iraquiano, é ocultada pelos fernandes & delgados de todo o mundo. Contra isto não há, nem haverá nos tempos mais próximos, leis.
Revolução continuará a ser a palavra maldita que nomeia o que faz arder as páginas da história, que rompe a normalidade do tempo, que torna o ar mais leve e puro, que dá asas à imaginação, que abre os céus à cor da esperança, que derruba o arsenal das verdades axiomáticas que corrompem a leitura do mundo e da realidade, que rasga o horizonte para os abismos solares da transformação da vida.
É contra isto, e com medo disto, que uivam os condenados à mediocridade, fechados entre quatro paredes espelhadas que reproduzem quadros sem grandeza de história passada e repassada, que eles vão brunindo com maior ou menor jeito, num labor de formiguinhas dadas «ao trabalho e ao tostão».(1)
Nesse trabalho diário de lutar contra a mais bruxuleante luz onde se possa entrever uma qualquer carga revolucionária e de apagar as revoluções anteriores para lhes destruir raízes e rastilhos, «inventam» as coisas mais extraordinárias e abjectas.
A última espalha-se em cartazes pelas estradas de Portugal. Encharca os jornais com anúncios. Ouve-se nas televisões e nas rádios. O mote é: Abril é Evolução.
Frase feita de esperteza saloia e que muitos sorrisos deve estanhar nos pacóvios alçados principais dos que a encomendaram, dos que a formularam, dos que a subscreveram e dos que se calam. São os mesmos, essa gente nasce dos mesmos ovos e é velha e relha como o mundo, que fabularam coisas semelhantes: lembram-se da Maioria Silenciosa? E as modernidades, em registos diversos, que nos fazem «avançar» para o passado?
Abril é Evolução, frase detergente que quer branquear a história, pertence àquela linguagem menor de criatividade rasteira que caracteriza os desarrincanços publicitários. Nessa esfera não aquece nem arrefece.
O que indigna são os políticos que, com dinheiros públicos, descaradamente fizeram esta encomenda para fazerem passar gato por lebre, tarefa que muito os ocupa em todas as áreas da governação.
Mas o que mais indigna é a vigarice intelectual de uns quantos especialistas que estão a peneirar a história para demonstrar que o golpe de estado do 25 de Abril que mal foi desencadeado se transformou, pela acção das massas populares, num levantamento popular que eclodiu na Revolução dos Cravos, não aconteceu. Que avalizam essa falsificação da nossa história recente, à distância de uma geração.
Estes intelectuais são assaltantes de cabeça armada de um património que é de todos os portugueses!!! Estes intelectuais não!!! E não são sancionados!!!
Pintem-se aqueles cartazes à Andy Warhol, bem merece esta execração, que são uma obscenidade que insulta as paredes que Abril pintou!!!
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(1) (…) Assim deveria eu ser / de patinhas no chão, / formiguinha ao trabalho / e ao tostão // Assim deveria eu ser / se não fora / não querer // (Obrigado ,formiguinha !Mas a palha não cabe/ onde você sabe…) Formiguinha Bossa Nossa- Alexandre O’Neil
Dirão que a realidade é hoje muito complexa, mais dificilmente decifrável. Que as complexidades obrigam a recorrer a um aparato muito maior de meios técnicos e científicos para a podermos compreender. É verdade. Mas é igualmente verdade que festejados e esforçados pensadores, com o afã de contribuírem para esse desiderato, alinham, por exemplo e entre outras malas-ciências, a astrologia entre as «ciências» capazes de contribuírem para a sua decifração. Por este descaminho qualquer dia ainda ficamos a saber que Bush & Blair leram nos astros que no Iraque existiam armas de destruição maciça e possuídos por essa certeza científica, mesmo que nunca seja terrenamente comprovada, vão atingir os fins: colonizar e garantir a exploração do petróleo em proveito das multinacionais que lhes dedilham as cordas vocais. E para que não restem dúvidas sobre os seus objectivos já fizeram e decretaram leis que amarram o futuro do povo iraquiano se este não se libertar da democracia que esta gentalha lhes quer oferecer. Ao povo iraquiano só fica um caminho aberto, o da revolução. Caminho que tinha sido esmagado brutalmente por Saddam Hussein quando era apoiado pelos seus amigos norte-americanos que o cumulavam com mimos, eles eram esporas em oiro, chaves de cidade, matérias-primas e tecnologia para fabricar armas químicas, etc. Esta realidade, esta dura realidade que vai continuar a desenfreada exploração do povo iraquiano, é ocultada pelos fernandes & delgados de todo o mundo. Contra isto não há, nem haverá nos tempos mais próximos, leis.
Revolução continuará a ser a palavra maldita que nomeia o que faz arder as páginas da história, que rompe a normalidade do tempo, que torna o ar mais leve e puro, que dá asas à imaginação, que abre os céus à cor da esperança, que derruba o arsenal das verdades axiomáticas que corrompem a leitura do mundo e da realidade, que rasga o horizonte para os abismos solares da transformação da vida.
É contra isto, e com medo disto, que uivam os condenados à mediocridade, fechados entre quatro paredes espelhadas que reproduzem quadros sem grandeza de história passada e repassada, que eles vão brunindo com maior ou menor jeito, num labor de formiguinhas dadas «ao trabalho e ao tostão».(1)
Nesse trabalho diário de lutar contra a mais bruxuleante luz onde se possa entrever uma qualquer carga revolucionária e de apagar as revoluções anteriores para lhes destruir raízes e rastilhos, «inventam» as coisas mais extraordinárias e abjectas.
A última espalha-se em cartazes pelas estradas de Portugal. Encharca os jornais com anúncios. Ouve-se nas televisões e nas rádios. O mote é: Abril é Evolução.
Frase feita de esperteza saloia e que muitos sorrisos deve estanhar nos pacóvios alçados principais dos que a encomendaram, dos que a formularam, dos que a subscreveram e dos que se calam. São os mesmos, essa gente nasce dos mesmos ovos e é velha e relha como o mundo, que fabularam coisas semelhantes: lembram-se da Maioria Silenciosa? E as modernidades, em registos diversos, que nos fazem «avançar» para o passado?
Abril é Evolução, frase detergente que quer branquear a história, pertence àquela linguagem menor de criatividade rasteira que caracteriza os desarrincanços publicitários. Nessa esfera não aquece nem arrefece.
O que indigna são os políticos que, com dinheiros públicos, descaradamente fizeram esta encomenda para fazerem passar gato por lebre, tarefa que muito os ocupa em todas as áreas da governação.
Mas o que mais indigna é a vigarice intelectual de uns quantos especialistas que estão a peneirar a história para demonstrar que o golpe de estado do 25 de Abril que mal foi desencadeado se transformou, pela acção das massas populares, num levantamento popular que eclodiu na Revolução dos Cravos, não aconteceu. Que avalizam essa falsificação da nossa história recente, à distância de uma geração.
Estes intelectuais são assaltantes de cabeça armada de um património que é de todos os portugueses!!! Estes intelectuais não!!! E não são sancionados!!!
Pintem-se aqueles cartazes à Andy Warhol, bem merece esta execração, que são uma obscenidade que insulta as paredes que Abril pintou!!!
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(1) (…) Assim deveria eu ser / de patinhas no chão, / formiguinha ao trabalho / e ao tostão // Assim deveria eu ser / se não fora / não querer // (Obrigado ,formiguinha !Mas a palha não cabe/ onde você sabe…) Formiguinha Bossa Nossa- Alexandre O’Neil