4.ª Assembleia dos Intelectuais de Lisboa

Crescer e influenciar

Os intelectuais comunistas da Região de Lisboa reuniram, no sábado passado, a sua 4.ª Assembleia da Organização.

Procedeu-se à identificação da situação das profissões intelectuais

Carlos Grilo, membro do Comité Central e responsável na DORL pelo Sector Intelectual reafirmou, no início dos trabalhos, os objectivos centrais que obedeceram à elaboração do projecto de Resolução Política, que viria a ser aprovada por unanimidade.
Para além de «proceder a uma identificação da situação das profissões intelectuais no quadro de uma caracterização de vertentes essenciais da política de direita, e em áreas e campos de intervenção dos Intelectuais», foi também objectivo da Assembleia analisar, entre outras questões, as condições e as aspirações dessas profissões, o seu nível de intervenção, a relevância de questões como o trabalho teórico, a formação ideológica e o trabalho unitário.
Esta preocupação com as condições de vida dos trabalhadores intelectuais e o grau de intervenção das suas organizações sociais prende-se, segundo Carlos Grilo, com as características de classe do PCP e com a análise que faz à situação política e social do País. Uma análise de que ressalta a necessidade de resistir e de o Partido crescer em número e influência.
De facto, cerca de centena e meia de delegados analisaram exaustivamente a situação social das várias profissões intelectuais, nomeadamente a tendência que se verifica para a sua crescente proletarização e feminização, constituindo a Resolução Política, já discutida nas reuniões preparatórias da Assembleia, o ponto de partida para o debate.
Ao longo de mais de três dezenas de intervenções, a Assembleia denunciou a política do Governo no campo da cultura, da educação, da ciência e tecnologia e das artes, fez o balanço da actividade dos comunistas e apontou medidas para dar combate à política de direita.
Como tendências comuns às várias profissões intelectuais, os comunistas sublinharam o crescimento contínuo do número de indivíduos enquadrados na condição de trabalhadores intelectuais e a redução do universo do seu emprego; o aumento de situações de assalariamento; o «bloqueio» de perspectivas de realização das actividades para que estão preparados; a «sobrequalificação» quanto às funções desempenhadas; o crescimento do número de pessoas com formação nas áreas da criação artística, «que se tornam elas o seu principal público».

Reforço orgânico

Como grande linha de orientação para o futuro, apareceu, assim, a necessidade de alargar a convergência de muitas das reivindicações dos trabalhadores intelectuais com as dos demais trabalhadores.
Outra questão que mereceu a atenção da Assembleia foi a da luta das ideias. Lembrando a conhecida afirmação de Marx e Lenine de que «... a classe que é o poder material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, o seu poder espiritual dominante», foi reafirmada a necessidade da existência de partidos revolucionários, guiados por uma «teoria de vanguarda» que forneça ao trabalho prático as respostas que este coloca e «forme o proletariado na ideologia da sua classe».
O trabalho prático, passa, entretanto, pela organização no seio do Partido, daí que os intelectuais comunistas tenham colocado também como necessidade o seu reforço orgânico e de acção teórica e o rejuvenescimento da organização, tendo definido novas formas de estruturação e funcionamento e, ainda, um conjunto de acções a levar à prática.
Na sessão final dos trabalhos, os delegados elegeram, com quatro abstenções e um voto contra, o novo organismo de direcção, agora composto por 53 camaradas, dos quais 20 por cento tem menos de 30 anos.
José Casanova, membro da Comissão Política encerrou a Assembleia, com uma intervenção que, para além de proceder à análise da situação política, abordou também algumas das questões levantadas no decurso dos trabalhos.

Prosseguir identidade e acção

A 4.ª Assembleia do Sector Intelectual da ORL aprovou uma Proclamação em que, depois de uma síntese do actual momento histórico que se vive - de grandes possibilidades materiais de desenvolvimento humano e, ao mesmo tempo, por enormes contrastes sociais e brutais injustiças -, reafirma uma conjunto de vontades, entre as quais a de prosseguir a identidade e compromisso de acção de militantes do PCP.
Da Proclamação constam, ainda, a identificação dos comunistas com a classe operária e todos os trabalhadores; a sua solidariedade e vontade de cooperação com todos os que lutam contra o imperialismo e a disposição de colaborar com todas as forças políticas e sociais que se opõem à política reaccionária da direita portuguesa actualmente no poder. Mais, decidem «não poupar esforços nem sacrifícios pela defesa da democracia e pela retoma dos valores de liberdade, justiça e progresso que inspiraram a Revolução de Abril», e intensificar o «trabalho de união dos trabalhadores intelectuais e destes com todas as classes trabalhadoras em defesa dos seus direitos, do interesse nacional e do progresso do País num quadro de solidariedade internacional».
Por fim, propõem-se intensificar, nos domínios da sua intervenção nas artes e nas letras, na educação, na ciência e tecnologia e na vida em geral, «a contribuição para o conhecimento dos problemas nacionais e mundiais, para o aprofundamento e actualização de ideias capazes de habilitarem o Partido a uma intervenção cada vez mais eficaz e influente, por Abril, pelo Socialismo, pelo Comunismo.




Mais artigos de: PCP

Jornada nacional de propaganda

O Partido estará mais uma vez na rua a alertar para os malefícios da política de direita seguida pelo actual Governo do PSD/PP, através de uma jornada nacional de propaganda a ter lugar entre os dias 25 de Fevereiro e 7 de Março. Para esta jornada, serão afixados cartazes MUPI e distribuídos folhetos. No dia 3 de Março,...

Droga de política

O PCP visitou o Casal Ventoso na segunda-feira e verificou que muitos dos problemas antigos regressaram àquela zona de Lisboa. E responsabiliza Governo e autarquia.

Tudo feito!

Em Montemor-o-Novo, os contactos com os militantes estão feitos. Dos mais de 1200 militantes inscritos, apenas faltam contactar sete, que não vivem no concelho.

RTP distorce afirmações de Carvalhas

O PCP escreveu uma carta à RTP alertando para uma peça que a estação transmitiu no sábado acerca das declarações feitas por Carlos Carvalhas sobre a reunião do Comité Central. Na introdução da peça, o jornalista José Alberto Carvalho afirmou que «o líder do PCP entende que o PS precisa de ajuda. O secretário-geral...

Encontro nacional do PCP

Definir as orientações e objectivos fundamentais para as eleições para o Parlamento Europeu, que se realizam no dia 13 de Junho, é um dos objectivo centrais do encontro nacional do PCP, que se realiza no próximo dia 28 de Fevereiro, no auditório da Faculdade de Medicina Dentária, em Lisboa. O encontro deverá ainda...

Defender a <em>Carris</em>

O PCP promove hoje uma «sessão de luta e solidariedade com os trabalhadores da Carris». A sessão realiza-se na Casa do Alentejo, em Lisboa, às 18.30 horas e tem a participação de Jerónimo de Sousa, membro da Comissão Política do PCP.A Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP, promotora da sessão, considera que a...

Câmara sem obra

Em conferência de imprensa, recentemente realizada, a Comissão Concelhia de Chaves do PCP denuncia a falta de concretização de um conjunto de obras prometidas pelo Executivo da Câmara e necessárias ao concelho, caso do IP3 ou do Polis. Mas há, ainda, muitas outras questões por resolver, seja o estacionamento na cidade,...

Servilismo e vassalagem

A Comissão Concelhia de Valongo do PCP está revoltada com o envio de mais um contingente de militares portugueses para o Afeganistão, anunciado pelo Governo, a quem acusa de «servilismo» e «vassalagem» para com os Estados Unidos da América.O Governo deve ser responsabilizado pelo que possa acontecer a todos estes...