Povo contesta Aristide
A quarta cidade do Haiti, Gonaives, foi tomada, quinta-feira, pela Frente de Resistência Revolucionária de Artibonita (FRRA), que exige a destituição do presidente Jean Bertrand Aristide.
Nos últimos meses a contestação popular tem exigido a renúncia de Aristide
Depois de violentos combates que decorreram durante mais de seis horas e saldaram-se na morte de 14 soldados e 20 feridos entre as autoridades, a polícia e os militares fiéis ao presidente foram obrigados a abandonar a cidade de cerca de 200 mil habitantes, deixando-a sob o controle da FRRA, liderada por Winter Etienne.
Etienne proclamou imediatamente a região como zona libertada e independente do regime, abriu as portas das cadeias e incitou a população local a retomar o ritmo de vida normal.
«De agora em diante vamos libertar as cidades próximas de Gonaives dos mercenários de Aristide», até que o presidente «saia para o exílio e se possa voltar à normalidade democrática», declarou ainda Etienne.
O povo atendeu às palavras dos revoltosos e, em declarações recolhidas no terreno por jornalistas do La Jornada, algumas pessoas apelavam «aos habitantes de Port-au-Prince, capital do país, e de outras cidades que mantenham a sua luta e os protestos», enquanto as ruas se enchiam de gente que transportava ramos de árvore, simbolizando o desejo de arrancar pela raiz o poder da família Lavalás, que controla o poder e o partido de Aristide, diziam.
Libertadas outras cidades
Informações recentes indicam que, no norte e centro do Haiti, outras cidades ter-se-ão revoltado contra a autoridade governamental, embora não seja possível afirmar que Cap-Haitien, a segunda cidade do país depois da capital, Estere, a sul de Gonaives, Trud du Nord e Saint Marc se encontrem já sob domínio da FRRA.
Entretanto, em Port-au-Prince, a Coordenadora Democrática (CD), frente alargada de oposição a Aristide, chamou a imprensa para reiterar o apelo dos revoltosos, prontamente seguido por estudantes no centro da cidade, e convocar manifestações de protesto em toda a ilha.
A proposta de mediação da Comunidade de Países do Caribe foi ainda rejeitada pela CD, que lembrou que não negociará com nenhuma estrutura que pretenda imiscuir-se nos assuntos internos do país.
Aristide prepara repressão
Depois de derrotada a tentativa de reconquista da cidade por parte das forças leais ao presidente, Jean Bertrand Aristide anunciou, durante uma iniciativa partidária de celebração do terceiro ano do seu mandato, que «a polícia irá desarmar os terroristas» e «restabelecer a ordem em todo o país».
Desde eleição de Aristide para a chefia do Estado, contrariamente às promessas feitas ao povo enquanto sacerdote apologista da teologia da libertação, a política seguida no país manteve o processo de privatizações imposto pelo FMI durante o período da transição «democrática» da década de noventa, na qual se sucederam os golpes de direita, a repressão e a tortura, práticas correntes na ditadura de Duvalier.
Nos últimos meses a contestação popular tem exigido a renúncia de Aristide, apontado como principal responsável pela crise económica e social que afecta o povo e degrada as condições de vida da maioria dos haitianos, e a constituição de um governo baseado nos quadros da CD.
O Haiti é a nação mais pobre do continente americano, o desemprego atinge mais de 70 por cento da população, que se dedica fundamentalmente à agricultura de sobrevivência, e a esperança média de vida à nascença não ultrapassa os 50 anos.
Etienne proclamou imediatamente a região como zona libertada e independente do regime, abriu as portas das cadeias e incitou a população local a retomar o ritmo de vida normal.
«De agora em diante vamos libertar as cidades próximas de Gonaives dos mercenários de Aristide», até que o presidente «saia para o exílio e se possa voltar à normalidade democrática», declarou ainda Etienne.
O povo atendeu às palavras dos revoltosos e, em declarações recolhidas no terreno por jornalistas do La Jornada, algumas pessoas apelavam «aos habitantes de Port-au-Prince, capital do país, e de outras cidades que mantenham a sua luta e os protestos», enquanto as ruas se enchiam de gente que transportava ramos de árvore, simbolizando o desejo de arrancar pela raiz o poder da família Lavalás, que controla o poder e o partido de Aristide, diziam.
Libertadas outras cidades
Informações recentes indicam que, no norte e centro do Haiti, outras cidades ter-se-ão revoltado contra a autoridade governamental, embora não seja possível afirmar que Cap-Haitien, a segunda cidade do país depois da capital, Estere, a sul de Gonaives, Trud du Nord e Saint Marc se encontrem já sob domínio da FRRA.
Entretanto, em Port-au-Prince, a Coordenadora Democrática (CD), frente alargada de oposição a Aristide, chamou a imprensa para reiterar o apelo dos revoltosos, prontamente seguido por estudantes no centro da cidade, e convocar manifestações de protesto em toda a ilha.
A proposta de mediação da Comunidade de Países do Caribe foi ainda rejeitada pela CD, que lembrou que não negociará com nenhuma estrutura que pretenda imiscuir-se nos assuntos internos do país.
Aristide prepara repressão
Depois de derrotada a tentativa de reconquista da cidade por parte das forças leais ao presidente, Jean Bertrand Aristide anunciou, durante uma iniciativa partidária de celebração do terceiro ano do seu mandato, que «a polícia irá desarmar os terroristas» e «restabelecer a ordem em todo o país».
Desde eleição de Aristide para a chefia do Estado, contrariamente às promessas feitas ao povo enquanto sacerdote apologista da teologia da libertação, a política seguida no país manteve o processo de privatizações imposto pelo FMI durante o período da transição «democrática» da década de noventa, na qual se sucederam os golpes de direita, a repressão e a tortura, práticas correntes na ditadura de Duvalier.
Nos últimos meses a contestação popular tem exigido a renúncia de Aristide, apontado como principal responsável pela crise económica e social que afecta o povo e degrada as condições de vida da maioria dos haitianos, e a constituição de um governo baseado nos quadros da CD.
O Haiti é a nação mais pobre do continente americano, o desemprego atinge mais de 70 por cento da população, que se dedica fundamentalmente à agricultura de sobrevivência, e a esperança média de vida à nascença não ultrapassa os 50 anos.