O Sangue das Palavras


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O poeta que nasce é uma criança
parida pela água torturada
uma nave que surge uma nuvem que dança
ao mesmo tempo livre e condensada.

O poeta que nasce é a matança
da palavra demente e enjeitada
que o chicote do poema torna mansa
depois de possuída e mal amada.

Quando o poeta nasce a madrugada
aperta os versos num abraço rouco
até que a noite fique esvaziada.

E enquanto das palavras pouco a pouco
surge a forma perfeita ou agitada
no mundo morre um deus ou nasce um louco.

José Carlos Ary dos Santos



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