Em torno da recente Cimeira Mundial para a Sociedade da Informação
Não obstante a sociedade da informação - ou, numa linguagem talvez mais própria de «iniciados», a sociedade do conhecimento - estar na berra por esse mundo fora e também, «clarissimamente», no nosso País - pois claro -, a realização da Cimeira Mundial para a Sociedade da Informação nos passados dias 11 - 12 de Outubro, em Genebra, com a presença de um mar imenso de chefes de Estado e de chefes e membros de governos, não parece - a Cimeira - ter atraído grandemente as atenções. E fiquei mesmo sem entender se foram os média, e os concomitantes ambientes de opinião pública, que pouco lhe ligaram, ou se fui eu que a eles - média, etc. - estive pouco atento. Pois, eu pouco atento à esfera da Comunicação Social que a todos os bons cidadãos deveria obrigar, não é?
Isolado, estarei eu a ficar, sempre a ler livros e a escrevinhar uns textos, sem dedicar o tempo adequado aos média que expelem toda a informação relevante até nós (a requererem uma atenção absorvente que profissionais famosos dos mesmo média - órgãos centrais de quem? - reputam como fundamental para estar in)? Mas, de facto, isolado de quê, de quem e como, continuo a perguntar-me? Alguém de entre os meus familiares terá ouvido alguma coisa, alguma notícia. Coisa vaga. Também no meu ambiente profissional, para mais com a obrigação de ser permeável e sensível a este género de coisas, não ouvi nada que me desse a entender que a notícia de tal acontecimento - a Cimeira - tinha passado para as massas cidadãs. Depois deu-me para colocar a hipótese que esta minha impressão dizia respeito apenas a um círculo muito restrito. Mas não me convenci nada da sua bondade. Espero ainda vir a encontrar algum esclarecimento acerca desta ausência.
E fá-lo-ei porque eu, desde há meses, através de uma das constelações de tarefas que vou desempenhando, ocupei uma grande parte do meu tempo a intervir na preparação desta Cimeira - e poupo aqui ao leitor a descrição destas actividades, assinalando, contudo, que não foram nada pouco importantes as instâncias junto das quais tive de intervir, quer a nível nacional quer a nível internacional (ou a nível global, como soe dizer-se e passe a imprecisão).
Estranho alheamento
E, a ser correcta esta minha presunção, qual a razão deste aparente alheamento dos média desta Cimeira Mundial para a Sociedade da Informação? Alheamento só no nosso País, porque a braços com problemas que o mantêm - aos portugueses, à sociedade portuguesa - numa «depressão terrível», problemas como a pedofilia, os casos de «irregularidades» em algumas universidades privadas, o problema do défice do Orçamento de Estado, a má figura provocada pela prostituição em Bragança - já lá vai? -, o seguimento dos nossos rapazes da GNR no Iraque (o que é, estou de acordo, bem importante), a tristeza e desconfiança dos portugueses, a sua madraceira falta de produtividade, sei lá que mais? Não, creio que o alheamento foi mais generalizado. Atacou outros países da «nossa» área, também «a braços» com várias questões do tipo das referidas acima. E confesso não ter tido ocasião de investigar este alastramento de tal alheamento a outros países, mas, tendo em conta a experiência de ver reproduzido com grande fidelidade nos nossos média o padrão informativo dos nossos países-parceiros preferenciais, talvez não ande longe da verdade ao afirmar que o que se passou entre nós se terá também passado em outros ambientes mediáticos.
Era o tema da Cimeira Mundial da Sociedade da Informação que não tinha a importância adequada? Em caso afirmativo, então como foi possível os governos dos países deste mundo, ao terem acordado nele, terem tão grosseiramente errado? Como foi possível, em particular, ter sido dada prioridade a uma Cimeira Mundial dedicada, no seu âmago, a questões como o «digital divide» - a «divisão digital» do mundo e da humanidade -, ou mesmo aos mecanismos de exclusão da sociedade da informação e do conhecimento - tão in e tão politicamente correctos? Como foi possível, aos senhores deste mundo, considerar que a segurança das comunicações via Internet, e a sua estabilidade, era uma questão tão importante num mundo que está antes a braços com o combate prioritário à insegurança criada por um preocupante terrorismo que também sabe utilizar a Internet, como é tão afirmado? E podia continuar a enumerar o que parecia serem grandes preocupações… e, ao que parece já nem sequer merecem a atenção dos média.
Poderá parecer que estou a embarcar numa ironia de mau gosto, quando serão, por esse mundo fora, os praticantes da Internet, já uns quase 800 milhões. Não é?
Mais deste mau feitio noutra ocasião.
Isolado, estarei eu a ficar, sempre a ler livros e a escrevinhar uns textos, sem dedicar o tempo adequado aos média que expelem toda a informação relevante até nós (a requererem uma atenção absorvente que profissionais famosos dos mesmo média - órgãos centrais de quem? - reputam como fundamental para estar in)? Mas, de facto, isolado de quê, de quem e como, continuo a perguntar-me? Alguém de entre os meus familiares terá ouvido alguma coisa, alguma notícia. Coisa vaga. Também no meu ambiente profissional, para mais com a obrigação de ser permeável e sensível a este género de coisas, não ouvi nada que me desse a entender que a notícia de tal acontecimento - a Cimeira - tinha passado para as massas cidadãs. Depois deu-me para colocar a hipótese que esta minha impressão dizia respeito apenas a um círculo muito restrito. Mas não me convenci nada da sua bondade. Espero ainda vir a encontrar algum esclarecimento acerca desta ausência.
E fá-lo-ei porque eu, desde há meses, através de uma das constelações de tarefas que vou desempenhando, ocupei uma grande parte do meu tempo a intervir na preparação desta Cimeira - e poupo aqui ao leitor a descrição destas actividades, assinalando, contudo, que não foram nada pouco importantes as instâncias junto das quais tive de intervir, quer a nível nacional quer a nível internacional (ou a nível global, como soe dizer-se e passe a imprecisão).
Estranho alheamento
E, a ser correcta esta minha presunção, qual a razão deste aparente alheamento dos média desta Cimeira Mundial para a Sociedade da Informação? Alheamento só no nosso País, porque a braços com problemas que o mantêm - aos portugueses, à sociedade portuguesa - numa «depressão terrível», problemas como a pedofilia, os casos de «irregularidades» em algumas universidades privadas, o problema do défice do Orçamento de Estado, a má figura provocada pela prostituição em Bragança - já lá vai? -, o seguimento dos nossos rapazes da GNR no Iraque (o que é, estou de acordo, bem importante), a tristeza e desconfiança dos portugueses, a sua madraceira falta de produtividade, sei lá que mais? Não, creio que o alheamento foi mais generalizado. Atacou outros países da «nossa» área, também «a braços» com várias questões do tipo das referidas acima. E confesso não ter tido ocasião de investigar este alastramento de tal alheamento a outros países, mas, tendo em conta a experiência de ver reproduzido com grande fidelidade nos nossos média o padrão informativo dos nossos países-parceiros preferenciais, talvez não ande longe da verdade ao afirmar que o que se passou entre nós se terá também passado em outros ambientes mediáticos.
Era o tema da Cimeira Mundial da Sociedade da Informação que não tinha a importância adequada? Em caso afirmativo, então como foi possível os governos dos países deste mundo, ao terem acordado nele, terem tão grosseiramente errado? Como foi possível, em particular, ter sido dada prioridade a uma Cimeira Mundial dedicada, no seu âmago, a questões como o «digital divide» - a «divisão digital» do mundo e da humanidade -, ou mesmo aos mecanismos de exclusão da sociedade da informação e do conhecimento - tão in e tão politicamente correctos? Como foi possível, aos senhores deste mundo, considerar que a segurança das comunicações via Internet, e a sua estabilidade, era uma questão tão importante num mundo que está antes a braços com o combate prioritário à insegurança criada por um preocupante terrorismo que também sabe utilizar a Internet, como é tão afirmado? E podia continuar a enumerar o que parecia serem grandes preocupações… e, ao que parece já nem sequer merecem a atenção dos média.
Poderá parecer que estou a embarcar numa ironia de mau gosto, quando serão, por esse mundo fora, os praticantes da Internet, já uns quase 800 milhões. Não é?
Mais deste mau feitio noutra ocasião.