Reforçar para intervir
O Partido está mais forte no Alentejo. Este reforço, real, não é homogéneo, variando muito entre organizações, informou-se no encontro de quadros do passado domingo.
Concluir a campanha organizativa até Abril é o objectivo do PCP
A entrada de mais 261 militantes para o Partido no Alentejo durante o ano de 2003 revela um reforço real do PCP na região. Apesar de não terem sido alcançados os objectivos traçados no início do ano, os participantes no 11.º encontro de quadros do Alentejo, realizado em Arraiolos, consideraram positivo o reforço alcançado. Mas destacaram, como negativo, o facto de apenas um pequeno conjunto de concelhos ter contribuído para a maioria dos recrutamentos efectuados.
Para além das entradas novas para o Partido, também a JCP cresceu, com a adesão, só na região de Évora, de 40 novos militantes em apenas dois meses. Unânime foi a convicção de que é necessário aproveitar estas entradas para reforçar as organizações partidárias, integrando e responsabilizando os novos militantes.
Foi ainda constatada a necessidade de dar tarefas regulares a todos os militantes, por mais pequenas que estas sejam. Até porque, como se disse no encontro, «não queremos mais militantes para aumentar o número de desorganizados, mas para reforçar a actividade e a organização do Partido». A importância de intensificar a campanha organizativa, que termina em Abril, foi igualmente destacada. Esta é, até essa altura, uma das principais tarefas que se coloca às organizações do PCP.
Também a venda regular da imprensa aumentou na região. Mas entendem os comunistas alentejanos ser ainda insuficiente, face ao número de membros e à influência do Partido no Alentejo. Se, como se verificou, as vendas especiais revelaram que há muita gente disponível para ler o Avante! só o reforço da venda militante permite o aumento e consolidação do número de leitores regulares.
Combater a direita
O combate ao Governo de direita e à sua política esteve no centro do debate do 11.º encontro de quadros do Alentejo. Consideram os comunistas que graças à política seguida, o Alentejo continua a perder população e a envelhecer cada vez mais, para além de aumentar o desemprego e a precariedade. O encerramento de importantes serviços públicos, como escolas e estações dos correios apenas contribui para agravar a já difícil situação que a região atravessa.
O PCP considera o 13.º Congresso sobre o Alentejo, marcado para Fevereiro, uma boa oportunidade para «construir os consensos necessários que permitam ao Alentejo, no respeito pela sua diversidade e pluralidade, falar a uma só voz em defesa do essencial». Para os comunistas, a «gravíssima situação» que a região atravessa exige o maior esforço e empenho de todos no sucesso desta importante iniciativa.
A eleição de José Pós-de-Mina para a presidência do Conselho Regional do Alentejo e a nomeação de Fernando Travassos para vice-presidente do CCDRA foram saudadas no encontro. Na resolução lê-se que a presença dos dois comunistas naqueles órgãos «constitui um contributo da maior importância para uma gestão transparente, isenta e de rigor, ao serviço da região». Para o PCP, a postura do PS tem sido lamentável, ao apresentar-se como vítima de «obscuras alianças entre o PCP e o PSD», quando o que na verdade acontece é sua a recusa constante em aceitar quaisquer responsabilidades naqueles órgãos.
O encontro de quadros decidiu ainda pelo repúdio das medidas tomadas pelo Governo no que respeita à gestão da água. Considerando uma questão sensível, pois «pode afectar o abastecimento de água em quantidade e qualidade a dezenas e dezenas de milhares de alentejanos», o PCP rejeita a privatização da água. E não aceita que o Governo «persista numa linha de boicote à aprovação dos sistemas intermunicipais que a lei consagra».
Na mesa, para além de dirigentes regionais do PCP e da JCP e do secretário-geral, Carlos Carvalhas, estavam os membros da Comissão Política Agostinho Lopes, Francisco Lopes e José Soeiro.
Carvalhas em Arraiolos
«Tudo fazer para derrotar o Governo»
Coube a Carlos Carvalhas encerrar o 11.º Encontro de Quadros do Alentejo, realizado no domingo em Arraiolos. Na sua intervenção, o secretário-geral do PCP acusa o Governo PSD/PP de ter agravado a crise que se vive no País, afundando a economia portuguesa na recessão e entravando a retoma.
Carlos Carvalhas afirma que nem o grande esforço do Governo em iludir a realidade consegue esconder a actual situação. A actividade industrial voltou a contrair-se em um por cento em Outubro e o desemprego atinge já, segundo números oficiais, 6,9 por cento da população activa, recordou.
Entende o secretário-geral do PCP que a substituição da produção nacional pela estrangeira, a subcontratação do nosso aparelho produtivo e o crescente domínio do capital estrangeiro «não nos augura grande futuro».
Para Carlos Carvalhas, o projecto de revisão constitucional, apresentado conjuntamente pelos partidos da maioria, tem um gravíssimo significado político e ideológico. O projecto visa «um insolente e vingativo ajuste de contas com o 25 de Abril e os seus valores fundamentais, bem expresso nas propostas constitucionais do CDS/PP sobre o aborto, na afirmação de Durão Barroso de que a Constituição de 1976 não era democrática e na indignação de Paulo Portas por a Constituição preconizar a abolição do colonialismo».
«Esta política não pode continuar. É necessário tudo fazer para derrotar esta política e este Governo», afirma, considerando que «é pela luta de massas que se pode concretizar este objectivo que é imperioso para o País».
Reafirmando a necessidade de reforçar o PCP, Carvalhas lembrou o alinhamento do PS com os partidos do Governo em torno da lei dos partidos e do seu financiamento, bem como as suas vacilações em matérias tão importantes como o Pacote Laboral, a «reforma» da Administração Pública ou a «Constituição europeia». «Que não haja ilusões», alertou. «O PS só encaminhará a sua política para a esquerda se precisar do PCP. Se a relação de forças à esquerda se alterar, se o PCP se reforçar!»
Subserviência aos mais fortes
Também o Pacto de Estabilidade esteve sob a mira do dirigente comunista. Lembrando que durante anos o PCP esteve sozinho na crítica, Carvalhas destacou o facto de se ter chegado a um ponto onde parece que só o Governo português o defende. Até o PS, que tanto «venerou» o Pacto de Estabilidade, tem hoje uma posição crítica, lembra.
Para Carlos Carvalhas, é particularmente irónico que os governos francês e alemão dêem Portugal como exemplo negativo do cumprimento do Pacto de Estabilidade. «A subserviência tem destas coisas», afirmou. A impunidade que se seguiu à violação do Pacto pela França e Alemanha mostra, segundo o secretário-geral do PCP, «que a actual construção europeia consagra na prática e nos processos de decisão propostas na chamada “Constituição Europeia”, um directório de grandes potências». O que a União Europeia precisa é do abandono das medidas monetaristas e neoliberais, «e não mais do mesmo», defende.
Mas a «política de subserviência» não se vê apenas no voto contraditório da ministra das Finanças sobre a violação do Pacto de Estabilidade, considera o dirigente do PCP. Para Carvalhas, o apoio português à invasão do Iraque é outro flagrante exemplo. «A questão não é a da força da GNR estar ou não estar preparada para aquela missão, como afirma o PS. A questão é que a força da GNR integra uma força de ocupação após uma guerra ilegítima e injusta.»
Carvalhas considera também significativo que o Governo continue calado perante a política «agressiva e criminosa» de Israel.
Para além das entradas novas para o Partido, também a JCP cresceu, com a adesão, só na região de Évora, de 40 novos militantes em apenas dois meses. Unânime foi a convicção de que é necessário aproveitar estas entradas para reforçar as organizações partidárias, integrando e responsabilizando os novos militantes.
Foi ainda constatada a necessidade de dar tarefas regulares a todos os militantes, por mais pequenas que estas sejam. Até porque, como se disse no encontro, «não queremos mais militantes para aumentar o número de desorganizados, mas para reforçar a actividade e a organização do Partido». A importância de intensificar a campanha organizativa, que termina em Abril, foi igualmente destacada. Esta é, até essa altura, uma das principais tarefas que se coloca às organizações do PCP.
Também a venda regular da imprensa aumentou na região. Mas entendem os comunistas alentejanos ser ainda insuficiente, face ao número de membros e à influência do Partido no Alentejo. Se, como se verificou, as vendas especiais revelaram que há muita gente disponível para ler o Avante! só o reforço da venda militante permite o aumento e consolidação do número de leitores regulares.
Combater a direita
O combate ao Governo de direita e à sua política esteve no centro do debate do 11.º encontro de quadros do Alentejo. Consideram os comunistas que graças à política seguida, o Alentejo continua a perder população e a envelhecer cada vez mais, para além de aumentar o desemprego e a precariedade. O encerramento de importantes serviços públicos, como escolas e estações dos correios apenas contribui para agravar a já difícil situação que a região atravessa.
O PCP considera o 13.º Congresso sobre o Alentejo, marcado para Fevereiro, uma boa oportunidade para «construir os consensos necessários que permitam ao Alentejo, no respeito pela sua diversidade e pluralidade, falar a uma só voz em defesa do essencial». Para os comunistas, a «gravíssima situação» que a região atravessa exige o maior esforço e empenho de todos no sucesso desta importante iniciativa.
A eleição de José Pós-de-Mina para a presidência do Conselho Regional do Alentejo e a nomeação de Fernando Travassos para vice-presidente do CCDRA foram saudadas no encontro. Na resolução lê-se que a presença dos dois comunistas naqueles órgãos «constitui um contributo da maior importância para uma gestão transparente, isenta e de rigor, ao serviço da região». Para o PCP, a postura do PS tem sido lamentável, ao apresentar-se como vítima de «obscuras alianças entre o PCP e o PSD», quando o que na verdade acontece é sua a recusa constante em aceitar quaisquer responsabilidades naqueles órgãos.
O encontro de quadros decidiu ainda pelo repúdio das medidas tomadas pelo Governo no que respeita à gestão da água. Considerando uma questão sensível, pois «pode afectar o abastecimento de água em quantidade e qualidade a dezenas e dezenas de milhares de alentejanos», o PCP rejeita a privatização da água. E não aceita que o Governo «persista numa linha de boicote à aprovação dos sistemas intermunicipais que a lei consagra».
Na mesa, para além de dirigentes regionais do PCP e da JCP e do secretário-geral, Carlos Carvalhas, estavam os membros da Comissão Política Agostinho Lopes, Francisco Lopes e José Soeiro.
Carvalhas em Arraiolos
«Tudo fazer para derrotar o Governo»
Coube a Carlos Carvalhas encerrar o 11.º Encontro de Quadros do Alentejo, realizado no domingo em Arraiolos. Na sua intervenção, o secretário-geral do PCP acusa o Governo PSD/PP de ter agravado a crise que se vive no País, afundando a economia portuguesa na recessão e entravando a retoma.
Carlos Carvalhas afirma que nem o grande esforço do Governo em iludir a realidade consegue esconder a actual situação. A actividade industrial voltou a contrair-se em um por cento em Outubro e o desemprego atinge já, segundo números oficiais, 6,9 por cento da população activa, recordou.
Entende o secretário-geral do PCP que a substituição da produção nacional pela estrangeira, a subcontratação do nosso aparelho produtivo e o crescente domínio do capital estrangeiro «não nos augura grande futuro».
Para Carlos Carvalhas, o projecto de revisão constitucional, apresentado conjuntamente pelos partidos da maioria, tem um gravíssimo significado político e ideológico. O projecto visa «um insolente e vingativo ajuste de contas com o 25 de Abril e os seus valores fundamentais, bem expresso nas propostas constitucionais do CDS/PP sobre o aborto, na afirmação de Durão Barroso de que a Constituição de 1976 não era democrática e na indignação de Paulo Portas por a Constituição preconizar a abolição do colonialismo».
«Esta política não pode continuar. É necessário tudo fazer para derrotar esta política e este Governo», afirma, considerando que «é pela luta de massas que se pode concretizar este objectivo que é imperioso para o País».
Reafirmando a necessidade de reforçar o PCP, Carvalhas lembrou o alinhamento do PS com os partidos do Governo em torno da lei dos partidos e do seu financiamento, bem como as suas vacilações em matérias tão importantes como o Pacote Laboral, a «reforma» da Administração Pública ou a «Constituição europeia». «Que não haja ilusões», alertou. «O PS só encaminhará a sua política para a esquerda se precisar do PCP. Se a relação de forças à esquerda se alterar, se o PCP se reforçar!»
Subserviência aos mais fortes
Também o Pacto de Estabilidade esteve sob a mira do dirigente comunista. Lembrando que durante anos o PCP esteve sozinho na crítica, Carvalhas destacou o facto de se ter chegado a um ponto onde parece que só o Governo português o defende. Até o PS, que tanto «venerou» o Pacto de Estabilidade, tem hoje uma posição crítica, lembra.
Para Carlos Carvalhas, é particularmente irónico que os governos francês e alemão dêem Portugal como exemplo negativo do cumprimento do Pacto de Estabilidade. «A subserviência tem destas coisas», afirmou. A impunidade que se seguiu à violação do Pacto pela França e Alemanha mostra, segundo o secretário-geral do PCP, «que a actual construção europeia consagra na prática e nos processos de decisão propostas na chamada “Constituição Europeia”, um directório de grandes potências». O que a União Europeia precisa é do abandono das medidas monetaristas e neoliberais, «e não mais do mesmo», defende.
Mas a «política de subserviência» não se vê apenas no voto contraditório da ministra das Finanças sobre a violação do Pacto de Estabilidade, considera o dirigente do PCP. Para Carvalhas, o apoio português à invasão do Iraque é outro flagrante exemplo. «A questão não é a da força da GNR estar ou não estar preparada para aquela missão, como afirma o PS. A questão é que a força da GNR integra uma força de ocupação após uma guerra ilegítima e injusta.»
Carvalhas considera também significativo que o Governo continue calado perante a política «agressiva e criminosa» de Israel.