Uruguai contra privatizações

No referendo de domingo, no Uruguai, 62,2 por cento dos eleitores manifestaram-se a favor da revogação de uma lei aprovada em 2001 que permitia ao governo acabar com o monopólio estatal de importação e refinação de petróleo e abrir o capital da Administração Nacional de Combustíveis Alcoóis e Cimento Portland (ANCAP) a empresas estrangeiras.
Aquela forma encapotada de privatização da ANCAP contou apenas com o apoio de 35,4 por cento dos votos.
O recurso contra a lei que levou à realização do referendo foi promovido pela coligação de esquerda Encontro Progressista - Frente Ampla (EP-FA), pelo Novo Espaço (centro-esquerda) e pelo poderoso movimento sindical uruguaio.
Segundo José Reinaldo de Carvalho, membro do Comité Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e responsável pelas relações internacionais do Partido, «a vitória do SIM no referendo uruguaio é mais uma derrota que as forças democráticas e progressistas da América do Sul infligem ao neoliberalismo». O dirigente comunista, em declarações ao jornal Vermelho, lembrou que «há alguns anos, num outro plebiscito, os uruguaios também disseram não à política geral de privatizações do país», e sublinhou que «o resultado da consulta popular deste domingo contribui para acelerar o fim do predomínio neoliberal no país vizinho e reforça a esperança de que a Frente Ampla possa colher os frutos da maturidade política que os trabalhadores e o povo do Uruguai demonstram ao rejeitar as ideias do livre mercado».
Para além de representar um sério aviso ao governo neoliberal do primeiro-ministro Jorge Batlle, o resultado do referendo é visto como o ponto de partida para as eleições presidenciais de 2004.


Mais artigos de: Internacional

Os crimes de Altamira

A democracia venezuelana tem sido capaz de sobreviver às ameaças golpistas, mas as forças da reacção não desarmam e o perigo da ditadura é real.

Israel não desarma

O governo israelita prossegue a sua estratégia de permanente conflito e provocação para impedir o direito do povo palestiniano à independência.

A «colónia» afegã

O coronel Rudolf Retzer, comandante das forças militares alemãs em Cabul, no Afeganistão, declarou, em entrevista divulgada quinta-feira pelo Neuen Osnabruecker Zeitung, que o mandato da Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF) no país «deveria durar mais de dez anos».As justificações avançadas confirmam as...

OSCE critica eleições na Rússia

A missão de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e da Assembleia Parlamentar do Conselho de Europa levantaram, segunda-feira, dúvidas sobre a transparência do acto eleitoral na Rússia. «As eleições para a Duma de 7 de dezembro de 2003 não respeitaram muitas das obrigações assumidas...

O preço da guerra

A Grã-Bretanha gastou mais de 90 milhões de libras (125 milhões euros) em mísseis, bombas e munições só nos primeiros 11 dias da guerra no Iraque, em Março passado, de acordo com a Lusa, que cita números oficiais divulgados segunda-feira.Até ao momento, segundo o ministro da Economia e das Finanças britânico, Gordon...