Ainda a guerra do Vietname
Quando se fala nos massacres do exército imperial dos Estados Unidos, as duas primeiras palavras que nos vêm à memória são May Lai, na medida em que simbolizam a crueldade do soldado invasor sobre a população civil e desarmada. Artigo, livros e filmes, norte-americanos e de outras procedências, já referiam muitas vezes diferentes aspectos deste episódio trágico da guerra do Vietname. Não foi um caso único, mas foi certamente um dos mais simbólicos. Até ao dia de hoje.
Trinta e seis anos depois, uma nova chacina rasga o silêncio oficial e vem sacudir a consciência norte-americana sobre um passado ignominioso. No país onde existe um New York Times e um Washington Post, dois jornais de referência da sociedade mais opulenta do primeiro mundo, é um jornal de província quem revela a notícia aos seus pouco mais de 150 000 leitores, na cidade de Toledo, Ohio. Obviamente, a história começa a dar a volta ao mundo e já apareceu no Observer, de Londres.
Estava-se em 1967, num dos momentos mais frenéticos da guerra contra o povo vietnamita, e os círculos mais agressivos do imperialismo necessitavam de uma vitória rápida sobre «aquele povo miserável de olhos rasgados», que já era um mau exemplo de insuportável resistência nacional. A Tiger Force, especialmente criada para essa finalidade, seria um dos contingentes militares preparados e encarregados de pôr as coisas na ordem no Vietname do Sul. A Tiger Force esforçou-se mas não conseguiu o que pretendia. E não foi por falta de empenhamento, antes pelo contrário.
Segundo informa The Blade – assim se chama este jornal com tendência para jornalismo de investigação de boa marca – vários soldados da Tiger Force excederam-se claramente no seu zelo militarista e cometeram vários crimes de guerra de diferentes tipos ao longo de sete meses terríveis. Uma vez que o caso chegou ao Pentágono e aos ouvidos de Nixon, o Trapalhão, dezoito deles foram investigados durante perto de 4 anos mas nenhum foi condenado. Atirou-se terra sobre o assunto. Terra que The Blade está a remexer, a partir de uma dica que lhes chegou sobre um documento desclassificado.
O pesadelo
Agora o pesadelo começa a fazer parte da história negra dos Estados Unidos. O grupo assassinou camponeses, mulheres e crianças indiscriminadamente. Mas antes muitas vítimas foram torturadas e mutiladas. Um bebé foi decapitado para mais facilmente lhe tirar um colar. Um miúdo, porque tinha um par de sapatos que vinham a jeito. Neste momento ainda não é possível determinar quantos centenas de vietnamitas foram chacinados durante esses sete meses de horror nem quantos ficaram feridos. Mas começam a aparecer números e confissões de vítimas e carrascos.
De acordo com as declarações de um médico, num só mês foram assassinados 120 camponeses desarmados. William Doyle, ex membro da Tiger Force falou do crânio de uma jovem que utilizou como elemento de decoração da sua espingarda. Rion Causey, então jovem médico, conta da banalização da morte: «Se corriam eram abatidos, se não corriam eram igualmente abatidos». James Hawkins parece ser um dos principais responsáveis de muitas das atrocidades. Bill Carpenter, colega de pelotão, afirma que aquele «desfrutava plenamente com as mortes» e «não lamentava nada». Carpenter vive hoje tranquilamente no estado da Florida.
O caso de Gerald Bruner é totalmente diferente. Chocado com o que se estava a perpetrar, ordenou aos seus subordinados para porem fim àqueles crimes e ameaçou mesmo dar-lhes um tiro. Não foi ouvido nem cumpriu a ameaça. Foi, contudo, degradado pelo seus superiores e enviado a um psiquiatra. Talvez o mesmo tenha sentido o então jovem Barry Bowman. Médico do grupo, confessa que actualmente sofre de pesadelos como consequência de ter assistido ao assassínio de um velhote vietnamita. Não é um caso único.
Do lado das vítimas, algumas testemunhas entretanto localizadas também têm histórias para contar. Nguyen Dam, actualmente nos seus 66 anos, conserva boa a memória: «O nosso povo não merecia morrer daquela maneira. Éramos camponeses. Não éramos soldados. Não fazíamos mal a ninguém».
Isto é só uma parte do que nos revela The Blade. Para mais detalhes, convida-se o leitor a visitar o sítio toledoblade.com.
Trinta e seis anos depois, uma nova chacina rasga o silêncio oficial e vem sacudir a consciência norte-americana sobre um passado ignominioso. No país onde existe um New York Times e um Washington Post, dois jornais de referência da sociedade mais opulenta do primeiro mundo, é um jornal de província quem revela a notícia aos seus pouco mais de 150 000 leitores, na cidade de Toledo, Ohio. Obviamente, a história começa a dar a volta ao mundo e já apareceu no Observer, de Londres.
Estava-se em 1967, num dos momentos mais frenéticos da guerra contra o povo vietnamita, e os círculos mais agressivos do imperialismo necessitavam de uma vitória rápida sobre «aquele povo miserável de olhos rasgados», que já era um mau exemplo de insuportável resistência nacional. A Tiger Force, especialmente criada para essa finalidade, seria um dos contingentes militares preparados e encarregados de pôr as coisas na ordem no Vietname do Sul. A Tiger Force esforçou-se mas não conseguiu o que pretendia. E não foi por falta de empenhamento, antes pelo contrário.
Segundo informa The Blade – assim se chama este jornal com tendência para jornalismo de investigação de boa marca – vários soldados da Tiger Force excederam-se claramente no seu zelo militarista e cometeram vários crimes de guerra de diferentes tipos ao longo de sete meses terríveis. Uma vez que o caso chegou ao Pentágono e aos ouvidos de Nixon, o Trapalhão, dezoito deles foram investigados durante perto de 4 anos mas nenhum foi condenado. Atirou-se terra sobre o assunto. Terra que The Blade está a remexer, a partir de uma dica que lhes chegou sobre um documento desclassificado.
O pesadelo
Agora o pesadelo começa a fazer parte da história negra dos Estados Unidos. O grupo assassinou camponeses, mulheres e crianças indiscriminadamente. Mas antes muitas vítimas foram torturadas e mutiladas. Um bebé foi decapitado para mais facilmente lhe tirar um colar. Um miúdo, porque tinha um par de sapatos que vinham a jeito. Neste momento ainda não é possível determinar quantos centenas de vietnamitas foram chacinados durante esses sete meses de horror nem quantos ficaram feridos. Mas começam a aparecer números e confissões de vítimas e carrascos.
De acordo com as declarações de um médico, num só mês foram assassinados 120 camponeses desarmados. William Doyle, ex membro da Tiger Force falou do crânio de uma jovem que utilizou como elemento de decoração da sua espingarda. Rion Causey, então jovem médico, conta da banalização da morte: «Se corriam eram abatidos, se não corriam eram igualmente abatidos». James Hawkins parece ser um dos principais responsáveis de muitas das atrocidades. Bill Carpenter, colega de pelotão, afirma que aquele «desfrutava plenamente com as mortes» e «não lamentava nada». Carpenter vive hoje tranquilamente no estado da Florida.
O caso de Gerald Bruner é totalmente diferente. Chocado com o que se estava a perpetrar, ordenou aos seus subordinados para porem fim àqueles crimes e ameaçou mesmo dar-lhes um tiro. Não foi ouvido nem cumpriu a ameaça. Foi, contudo, degradado pelo seus superiores e enviado a um psiquiatra. Talvez o mesmo tenha sentido o então jovem Barry Bowman. Médico do grupo, confessa que actualmente sofre de pesadelos como consequência de ter assistido ao assassínio de um velhote vietnamita. Não é um caso único.
Do lado das vítimas, algumas testemunhas entretanto localizadas também têm histórias para contar. Nguyen Dam, actualmente nos seus 66 anos, conserva boa a memória: «O nosso povo não merecia morrer daquela maneira. Éramos camponeses. Não éramos soldados. Não fazíamos mal a ninguém».
Isto é só uma parte do que nos revela The Blade. Para mais detalhes, convida-se o leitor a visitar o sítio toledoblade.com.