Magnatas russos

Empreendedores ou ladrões?

A recente prisão de Mikhail Khodorkovsky, o homem mais rico da Rússia, reabriu a polémica sobre as fortunas surgidas com o colapso da URSS.

As opiniões dividem-se quanto aos motivos que levaram à prisão

Acusado de fraude e evasão fiscal, o presidente da companhia petrolífera Iokos, Mikhail Khodorkovsky, foi preso a semana passada em Novossibirsk, na Sibéria. Alvo de investigação policial desde há algum tempo, o magnata afirma que o seu grupo está a ser vítima de perseguição «política». Com acusações semelhantes, está preso desde Julho outro dos homens fortes da empresa, Platon Lebedev.
Embora seja do domínio público o apoio financeiro que a Iokos presta ao partido da oposição, Iabloko, e a confessa apetência de Khodorkovsky para se dedicar à política, as opiniões dividem-se quanto aos motivos que levaram à sua prisão.
Para uns quantos, bem instalados na vida, os milionários russos «são jovens empreendedores» que souberam aproveitar a oportunidade quando a Rússia se rendeu ao capitalismo. Para muitos outros, no entanto, não passam de «ladrões» que saquearam o país durante os processos de privatização.
Uma vista de olhos para a lista dos oligarcas russos mais conhecidos ajuda certamente a compreender a situação.
No primeiro lugar encontra-se justamente Khodorkovsky, que aos 40 anos é o homem mais rico da Rússia, com uma fortuna estimada em 8 mil milhões de dólares. No final dos anos 1980 fundou um banco e mais tarde adquiriu as acções de uma empresa de petróleo, que deu origem à Iokos, a maior do sector no país e a quarta maior do mundo.

Da política para a finança

Outra figura de destaque é Roman Abramovich, de 37 anos, importante accionista da Sibneft Oil Company, que no início do ano comprou a equipa de futebol do Chelsea, da Inglaterra. Abramovich é ainda accionista de outras empresas nos sectores do petróleo e alumínio da Rússia.
Com uma fortuna estimada em 3 mil milhões de dólares, segundo a revista Forbes, em 1997, Boris Berezovsky, de 57 anos, é outro «empreendedor», desta feita ligado ao sector automóvel, a quem a fortuna sorriu durante o mandato presidencial de Boris Yeltsin, cujo governo chegou a integrar. As relações com o actual presidente, Vladimir Putin, não se mostraram tão auspiciosas, e Berezovsky, acusado de corrupção, acabou por fugir para a Grã-Bretanha, onde recebeu asilo.
Também no exílio vive Vladimir Gusinsky, de 51 anos, ex-director de teatro, que fundou um banco no final dos anos 1980 e mais tarde financiou o primeiro canal de TV «independente» da Rússia, a NTV. Gusinsky, que chegou a estar detido por alegadas dívidas da emissora, acabou por fugir da Rússia. Localizado em Espanha e na Grécia, conseguir escapar aos pedidos de extradição das autoridades russas, encontrando-se foragido.
Vladimir Potanin, do grupo Interros, de 42 anos, é igualmente uma ex-autoridade, mas da área de comércio externo da extinta União Soviética. Nos anos 1990 ocupou o cargo de vice-primeiro-ministro, no governo Yeltsin, enquanto construía um império empresarial. Estima-se que sua fortuna ultrapasse os mil milhões de dólares.


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