Guerra no Iraque não acabou

O presidente norte-americano, George W. Bush, garantiu na segunda-feira que os EUA «não vão fugir» do Iraque, enquanto o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, advertia que haverá mais «dias trágicos» como o de domingo.
Estas reacções ao derrube de um helicóptero no Iraque, em que 16 soldados morreram e 20 ficaram feridos, alguns com gravidade, estão longe de corresponder aos anseios dos norte-americanos, que querem o regresso dos seus soldados. Bush continua a cair nas sondagens e, pela primeira vez, são mais os que condenam (51 por cento) do que os que apoiam a sua política.
O atentado de domingo, para além do aparato, traduz uma evidente escalada na resistência iraquiana à ocupação dos EUA. Rumsfeld não só o reconheceu como admitiu que os norte-americanos devem preparar-se para um longo conflito.
«Numa guerra longa e difícil, teremos dias trágicos como este», disse Rumsfeld, acrescentando que «esses dias são necessários» e fazem parte de uma «guerra difícil e complexa».
O Senado norte-americano parece ter um entendimento semelhante, pois aprovou no início da semana o pacote de emergência de 87,5 mil milhões de dólares pedido por Bush para financiar a ocupação. Trata-se da maior dotação orçamental de emergência da história dos EUA, e destina-se essencialmente ao esforço de guerra. Do total, 64,7 mil milhões são para gastos militares, incluindo o Afeganistão. As verbas para a «reconstrução do Iraque» não vão além dos 18,6 mil milhões de dólares. As tentativas dos democratas para que a verba da «reconstrução» representasse pelo menos metade do orçamento não tiveram acolhimento, tendo a Casa Branca ameaçado com o seu direito de veto caso o Senado votasse nesse sentido.
Entretanto, no terreno, o número de baixas continua a aumentar, lenta mas inexoravelmente.


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