A hora das privatizações
À excepção do petróleo, todos os sectores da economia vão ser privatizados no Iraque, anunciou no domingo o governo provisório, controlado pelos EUA.
«Bush volta à ONU para pedir dinheiro e tropas»
O «ministro» da Economia iraquiano, Kamel al-Keylani, anunciou no domingo que a lei das privatizações, assinada na véspera, vai fazer avançar «de forma significativa os esforços para construir uma economia de mercado livre e aberta no Iraque».
A decisão, que põe termo a 30 anos de controlo estatal da economia, representa antes do mais uma total abertura ao capital estrangeiro, uma vez que não há no Iraque grupos económicos com capacidade para adquirir empresas.
As reformas, que segundo Keylani serão implementadas em breve, permitem a privatização a 100 por cento de todos os sectores, com excepção dos recursos naturais. De acordo com informações da Reuters, os investidores estrangeiros também não estão autorizados a possuir imóveis no Iraque, mas podem alugar propriedades por 40 anos. Totalmente livre passa a ser a transferência de dividendos para fora dos país, em moeda estrangeira. Além disso, está prevista a independência total do Banco Central, bem como a abertura de bancos estrangeiros no Iraque - que poderão deter até 50 por cento de acções de bancos iraquianos e, dentro de cinco anos, comprar as instituições financeiras locais.
Horst Koehler, responsável do Fundo Monetário Internacional (FMI), elogiou as «reformas», mas um correspondente da BBC em Bagdad informa que muitos iraquianos encaram as mudanças anunciadas apenas como uma «grande venda» do país às multinacionais americanas.
O papel da ONU
O facto destas «reformas» terem sido anunciadas nas vésperas do início da Assembleia Geral da ONU, reunida desde terça-feira em Nova Iorque, não deixa de ser sintomático. Durante duas semanas, o futuro do Iraque vai estar no centro dos discursos das dezenas de chefes de Estado e de governo que, a pedido de Kofi Annan, secretário-geral da ONU, participam no evento. Mas não é de esperar que os direitos do povo iraquiano, a começar pelo direito à soberania, saiam reforçados.
Um ano depois de ter desafiado as Nações Unidas defendendo a criminosa invasão do Iraque, o presidente dos EUA, George W. Bush, volta à ONU para pedir dinheiro e tropas para manter «a ordem» em solo iraquiano e pagar a factura da ocupação, incluindo em vítimas. O poder, esse, é para continuar nas mãos de Washington.
Os Estados Unidos já rejeitaram as exigências da França e da Alemanha para a rápida devolução da soberania aos iraquianos, alegando que a estabilidade das instituições políticas ainda não permite a transição. Enquanto isso, o simulacro de governo interino, sujeito ao veto americano, vai abrindo o caminho ao neoliberalismo.
A decisão, que põe termo a 30 anos de controlo estatal da economia, representa antes do mais uma total abertura ao capital estrangeiro, uma vez que não há no Iraque grupos económicos com capacidade para adquirir empresas.
As reformas, que segundo Keylani serão implementadas em breve, permitem a privatização a 100 por cento de todos os sectores, com excepção dos recursos naturais. De acordo com informações da Reuters, os investidores estrangeiros também não estão autorizados a possuir imóveis no Iraque, mas podem alugar propriedades por 40 anos. Totalmente livre passa a ser a transferência de dividendos para fora dos país, em moeda estrangeira. Além disso, está prevista a independência total do Banco Central, bem como a abertura de bancos estrangeiros no Iraque - que poderão deter até 50 por cento de acções de bancos iraquianos e, dentro de cinco anos, comprar as instituições financeiras locais.
Horst Koehler, responsável do Fundo Monetário Internacional (FMI), elogiou as «reformas», mas um correspondente da BBC em Bagdad informa que muitos iraquianos encaram as mudanças anunciadas apenas como uma «grande venda» do país às multinacionais americanas.
O papel da ONU
O facto destas «reformas» terem sido anunciadas nas vésperas do início da Assembleia Geral da ONU, reunida desde terça-feira em Nova Iorque, não deixa de ser sintomático. Durante duas semanas, o futuro do Iraque vai estar no centro dos discursos das dezenas de chefes de Estado e de governo que, a pedido de Kofi Annan, secretário-geral da ONU, participam no evento. Mas não é de esperar que os direitos do povo iraquiano, a começar pelo direito à soberania, saiam reforçados.
Um ano depois de ter desafiado as Nações Unidas defendendo a criminosa invasão do Iraque, o presidente dos EUA, George W. Bush, volta à ONU para pedir dinheiro e tropas para manter «a ordem» em solo iraquiano e pagar a factura da ocupação, incluindo em vítimas. O poder, esse, é para continuar nas mãos de Washington.
Os Estados Unidos já rejeitaram as exigências da França e da Alemanha para a rápida devolução da soberania aos iraquianos, alegando que a estabilidade das instituições políticas ainda não permite a transição. Enquanto isso, o simulacro de governo interino, sujeito ao veto americano, vai abrindo o caminho ao neoliberalismo.