Teatro para todos
O teatro, a dança , a música e a poesia vão preencher o programa dos três dias do Avanteatro. Homenagear a mulher e a luta pela igualdade, e o teatro infantil são a «espinha dorsal» do programa deste ano.
O teatro tem assumido um papel relevante na diversidade de oferta cultural proporcionada pela Festa do Avante. Em 2003 não será diferente, continuando o Avanteatro a assumir-se como um espaço de encontro entre o teatro e outras artes cénicas e os visitantes da Festa.
O programa deste ano consolidará apostas que se revelaram acertadas, vindas das edições anteriores e que constituíram enormes êxitos de adesão de público. Conseguir uma cada vez melhor qualidade nos espectáculos apresentados e garantir melhores condições para a sua realização são as principais preocupações de Ricardo Amaro, Manuel Mendonça e Cláudia Dias, organizadores e coordenadores do programa.
Manuel Mendonça contou que uma das grandes apostas deste ano consiste em homenagear a mulher e a luta pela igualdade de direitos. Foi neste sentido que se foi norteando o programa. Segundo aquele responsável, «cada vez mais a arte caminha para fusões entre as suas várias vertentes e é isso mesmo que o Avanteatro procura reflectir». Devido a estas fusões, «começaram a aparecer pelo país espaços em que se pode fazer esta polivalência, através das várias artes de espectáculo e não apenas o teatro».
O teatro em Portugal, segundo Manuel Mendonça, sofreu grandes alterações a partir do final da década de 80, quando muitas companhias sediadas se desmantelaram. «Umas por falta de apoios, outras por opção dos próprios artistas». Apesar de o Avanteatro ter vivido estas dificuldades, «nunca nos faltaram propostas de grupos e individualidades para actuar na Festa e a dificuldade é termos que escolher», afirmou.
Homenagem à mulher
Este ano, a mulher e os seus direitos estão em destaque no Avanteatro. Logo na sexta-feira, à meia-noite, o palco do teatro da Atalaia vai apresentar a peça «Besta Fêmea», interpretada pelo grupo brasileiro de Gina Tocheto, de Dorothy Parker.
No sábado à noite, o grande destaque vai para «Netzarim Palestina», Nazaré, Palestina. Esta co-produção do Teatro Art’Imagem e do Teatro do Morcego pretende denunciar a situação da mulher no contexto da ocupação israelita do Estado da Palestina. Vai ser o grande momento do teatro de intervenção.
O último espectáculo de domingo será o culminar desta aposta com Maria do Céu Guerra e Amélia Muge que vão interpretar «António dos Quadros», um recital de música e poesia dedicado ao poeta António Quadros.
Canto lírico
Quando, na noite de sexta-feira, se ouvirem pela primeira vez, as pancadas de Molière, entrar em cena uma inovação no Avanteatro.
Depois das homenagens a Ary dos Santos ou José Gomes Ferreira, esta edição vai abrir com um recital de canto lírico pelo «Chão de Oliva», intitulado «Dime donde está la flor, que el hombre tanto venera», no palco do Avanteatro. Segundo Manuel Mendonça, este espectáculo é a junção da música com a poesia de um poeta, cantada, e vai ser a grande aposta na aproximação aos espectáculos de opereta. Serão interpretados temas de Fernando Lopes Graça, Luís de Freitas Branco e de espanhóis como Xavier Montsalvatge ou Gerónimo Gimenez.
A organização pretende «tapar uma lacuna da Festa relativa à ópera e dar início a uma aproximação a esta vertente, através do canto lírico e do piano», afirmou aquele responsável. As interpretações estarão a cargo de Luisa Rodrigues de Freitas (mezzo-soprano) e Francisco Sasseti (pianista), numa Encenação de João de Melo Alvim.
Aristófanes e a «Fortuna»
«A fortuna», de Aristófanes, vai a cena duas vezes, em horário nobre. Sexta-feira pelas 22h30 e sábado pelas 23h00, a peça será apresentada ao ar livre, a ter lugar junto à entrada do Avanteatro. O espectáculo, apesar de escrito pelo grego há quase 2500 anos, aborda problemas da sociedade que ainda hoje existem. Os jogos de poder pelo dinheiro e a ganância dos homens dão o mote a esta peça cheia de movimento, animação e luz. Será interpretada pelo Teatro ao Largo.
O teatro infantil
O teatro para a infância é uma das grandes apostas da edição deste ano do Avanteatro. Para além das peças de teatro para crianças durante o sábado e o domingo, vão também estar presentes, à semelhança de edições anteriores, os ateliers infantis.
Segundo Ricardo Amaro, pretende-se que este seja um espaço onde as crianças podem dar largas à sua imaginação, criando no momento pequenas peças interpretadas por elas próprias, com cenários em miniatura. São as crianças que criam as personagens, os cenários e as histórias, e depois interpretam os respectivos papéis.
«São sempre ateliers que aprofundam a imaginação das crianças», disse Ricardo Amaro, sublinhando o esforço que se tem feito para imprimir mais qualidade nestas iniciativas. Os ateliers arrancam no sábado às 11 horas, e continuam domingo pela mesma hora.
O programa conta também com a peça, «Olh’ós palhaços» da Associação Cultural Criadores de Imagens, a ter lugar durante o sábado e o domingo, pelas 16 horas, no exterior do Avanteatro. É um espectáculo ao ar livre, cheio de animação e humor.
O programa infantil termina no domingo com uma co-produção da «Lua Cheia Teatro» e os «3 em pipa». Trata-se da peça do escritor moçambicano Mia Couto, «O gato e o escuro», no palco do Avanteatro, com início marcado para as 11 horas.
A dança de Peter Michael Dietz
A organização do Avanteatro!, deu início, no ano passado, a um novo ciclo dedicado à nova dança portuguesa. Cláudia Dias, responsável por esta área, contou que a aposta, nesta edição, de Peter Michael, deve-se ao facto deste dinamarquês, agora a desenvolver trabalho no Brasil, ter já passado por Portugal onde fez parte da «nova dança portuguesa». Integrou o grupo de João Fiadeiro, passou pela companhia de Paulo Ribeiro e trabalhou alguns anos com Amélia Mendes.
A passagem de Dietz por Portugal ficou ainda marcada pela sua participação como professor-residente do Centro «Em movimento», em Lisboa. Como professor, fez também parte do corpo docente da Companhia de Dança de Almada.
Cláudia Dias revelou ainda que Peter Michael realizou workshops, um pouco por todo o país, influenciando assim toda uma nova geração de artistas portugueses. Por outro lado, a escolha de Peter deve-se a um critério estabelecido pela organização que consiste em, dentro das possibilidades, ir abrindo a dança na Festa à internacionalização.
A arte de Peter Michael, a acontecer na noite do dia 6 de Setembro para dia 7, no palco do Avanteatro, a partir das 00h15, é «um trabalho que incide essencialmente sobre o corpo, o que é um pouco diferente do movimento da nova dança que renega de certa forma, a expressão corporal associada à ideia de movimento e trabalha muito com oralidade», salientou Cláudia Dias. «SSS(Solo Sem Som)» é o nome do espectáculo.
Faltam apoios à dança
Neste momento, Cláudia Dias, responsável pela dança no Avanteatro, faz parte da Companhia de João Fiadeiro e do movimento associativo de Almada, «Ninho de Víboras». Iniciou-se na dança clássica com 4 anos de idade e desde então nunca parou. A profissionalização veio com o Grupo de Dança de Almada, em 1990.
São muitos os problemas que afectam directamente esta classe profissional. Cláudia recordou que «os resultados dos concursos de financiamento do ano passado do Ministério da Cultura ainda não foram sequer promulgados, e já passaram seis meses», e fez notar que «há companhias que ainda não receberam subsídios este ano, o que tem levado muitas companhias a contraírem empréstimos à banca». Salientou ainda o facto de haverem grupos que «receberam acções de despejo por falta de verbas para pagar a renda dos espaços alugados».
Para Cláudia Dias, «se no tempo de Maria Carrilho e do PS a situação já era complicada, agora, com este governo, estamos a viver uma fase de “desertificação” cultural», conclui. Acusa ainda o Governo de não apostar na arte contemporânea.
O programa deste ano consolidará apostas que se revelaram acertadas, vindas das edições anteriores e que constituíram enormes êxitos de adesão de público. Conseguir uma cada vez melhor qualidade nos espectáculos apresentados e garantir melhores condições para a sua realização são as principais preocupações de Ricardo Amaro, Manuel Mendonça e Cláudia Dias, organizadores e coordenadores do programa.
Manuel Mendonça contou que uma das grandes apostas deste ano consiste em homenagear a mulher e a luta pela igualdade de direitos. Foi neste sentido que se foi norteando o programa. Segundo aquele responsável, «cada vez mais a arte caminha para fusões entre as suas várias vertentes e é isso mesmo que o Avanteatro procura reflectir». Devido a estas fusões, «começaram a aparecer pelo país espaços em que se pode fazer esta polivalência, através das várias artes de espectáculo e não apenas o teatro».
O teatro em Portugal, segundo Manuel Mendonça, sofreu grandes alterações a partir do final da década de 80, quando muitas companhias sediadas se desmantelaram. «Umas por falta de apoios, outras por opção dos próprios artistas». Apesar de o Avanteatro ter vivido estas dificuldades, «nunca nos faltaram propostas de grupos e individualidades para actuar na Festa e a dificuldade é termos que escolher», afirmou.
Homenagem à mulher
Este ano, a mulher e os seus direitos estão em destaque no Avanteatro. Logo na sexta-feira, à meia-noite, o palco do teatro da Atalaia vai apresentar a peça «Besta Fêmea», interpretada pelo grupo brasileiro de Gina Tocheto, de Dorothy Parker.
No sábado à noite, o grande destaque vai para «Netzarim Palestina», Nazaré, Palestina. Esta co-produção do Teatro Art’Imagem e do Teatro do Morcego pretende denunciar a situação da mulher no contexto da ocupação israelita do Estado da Palestina. Vai ser o grande momento do teatro de intervenção.
O último espectáculo de domingo será o culminar desta aposta com Maria do Céu Guerra e Amélia Muge que vão interpretar «António dos Quadros», um recital de música e poesia dedicado ao poeta António Quadros.
Canto lírico
Quando, na noite de sexta-feira, se ouvirem pela primeira vez, as pancadas de Molière, entrar em cena uma inovação no Avanteatro.
Depois das homenagens a Ary dos Santos ou José Gomes Ferreira, esta edição vai abrir com um recital de canto lírico pelo «Chão de Oliva», intitulado «Dime donde está la flor, que el hombre tanto venera», no palco do Avanteatro. Segundo Manuel Mendonça, este espectáculo é a junção da música com a poesia de um poeta, cantada, e vai ser a grande aposta na aproximação aos espectáculos de opereta. Serão interpretados temas de Fernando Lopes Graça, Luís de Freitas Branco e de espanhóis como Xavier Montsalvatge ou Gerónimo Gimenez.
A organização pretende «tapar uma lacuna da Festa relativa à ópera e dar início a uma aproximação a esta vertente, através do canto lírico e do piano», afirmou aquele responsável. As interpretações estarão a cargo de Luisa Rodrigues de Freitas (mezzo-soprano) e Francisco Sasseti (pianista), numa Encenação de João de Melo Alvim.
Aristófanes e a «Fortuna»
«A fortuna», de Aristófanes, vai a cena duas vezes, em horário nobre. Sexta-feira pelas 22h30 e sábado pelas 23h00, a peça será apresentada ao ar livre, a ter lugar junto à entrada do Avanteatro. O espectáculo, apesar de escrito pelo grego há quase 2500 anos, aborda problemas da sociedade que ainda hoje existem. Os jogos de poder pelo dinheiro e a ganância dos homens dão o mote a esta peça cheia de movimento, animação e luz. Será interpretada pelo Teatro ao Largo.
O teatro infantil
O teatro para a infância é uma das grandes apostas da edição deste ano do Avanteatro. Para além das peças de teatro para crianças durante o sábado e o domingo, vão também estar presentes, à semelhança de edições anteriores, os ateliers infantis.
Segundo Ricardo Amaro, pretende-se que este seja um espaço onde as crianças podem dar largas à sua imaginação, criando no momento pequenas peças interpretadas por elas próprias, com cenários em miniatura. São as crianças que criam as personagens, os cenários e as histórias, e depois interpretam os respectivos papéis.
«São sempre ateliers que aprofundam a imaginação das crianças», disse Ricardo Amaro, sublinhando o esforço que se tem feito para imprimir mais qualidade nestas iniciativas. Os ateliers arrancam no sábado às 11 horas, e continuam domingo pela mesma hora.
O programa conta também com a peça, «Olh’ós palhaços» da Associação Cultural Criadores de Imagens, a ter lugar durante o sábado e o domingo, pelas 16 horas, no exterior do Avanteatro. É um espectáculo ao ar livre, cheio de animação e humor.
O programa infantil termina no domingo com uma co-produção da «Lua Cheia Teatro» e os «3 em pipa». Trata-se da peça do escritor moçambicano Mia Couto, «O gato e o escuro», no palco do Avanteatro, com início marcado para as 11 horas.
A dança de Peter Michael Dietz
A organização do Avanteatro!, deu início, no ano passado, a um novo ciclo dedicado à nova dança portuguesa. Cláudia Dias, responsável por esta área, contou que a aposta, nesta edição, de Peter Michael, deve-se ao facto deste dinamarquês, agora a desenvolver trabalho no Brasil, ter já passado por Portugal onde fez parte da «nova dança portuguesa». Integrou o grupo de João Fiadeiro, passou pela companhia de Paulo Ribeiro e trabalhou alguns anos com Amélia Mendes.
A passagem de Dietz por Portugal ficou ainda marcada pela sua participação como professor-residente do Centro «Em movimento», em Lisboa. Como professor, fez também parte do corpo docente da Companhia de Dança de Almada.
Cláudia Dias revelou ainda que Peter Michael realizou workshops, um pouco por todo o país, influenciando assim toda uma nova geração de artistas portugueses. Por outro lado, a escolha de Peter deve-se a um critério estabelecido pela organização que consiste em, dentro das possibilidades, ir abrindo a dança na Festa à internacionalização.
A arte de Peter Michael, a acontecer na noite do dia 6 de Setembro para dia 7, no palco do Avanteatro, a partir das 00h15, é «um trabalho que incide essencialmente sobre o corpo, o que é um pouco diferente do movimento da nova dança que renega de certa forma, a expressão corporal associada à ideia de movimento e trabalha muito com oralidade», salientou Cláudia Dias. «SSS(Solo Sem Som)» é o nome do espectáculo.
Faltam apoios à dança
Neste momento, Cláudia Dias, responsável pela dança no Avanteatro, faz parte da Companhia de João Fiadeiro e do movimento associativo de Almada, «Ninho de Víboras». Iniciou-se na dança clássica com 4 anos de idade e desde então nunca parou. A profissionalização veio com o Grupo de Dança de Almada, em 1990.
São muitos os problemas que afectam directamente esta classe profissional. Cláudia recordou que «os resultados dos concursos de financiamento do ano passado do Ministério da Cultura ainda não foram sequer promulgados, e já passaram seis meses», e fez notar que «há companhias que ainda não receberam subsídios este ano, o que tem levado muitas companhias a contraírem empréstimos à banca». Salientou ainda o facto de haverem grupos que «receberam acções de despejo por falta de verbas para pagar a renda dos espaços alugados».
Para Cláudia Dias, «se no tempo de Maria Carrilho e do PS a situação já era complicada, agora, com este governo, estamos a viver uma fase de “desertificação” cultural», conclui. Acusa ainda o Governo de não apostar na arte contemporânea.