A «exilada»
A inacreditável conferência de imprensa de Fátima Felgueiras em directo, do Brasil e para os telejornais da noite dos três canais de televisão portuguesa, suscita algumas incontornáveis questões.
Deixamos de lado, por náusea, o despudor da senhora tão completamente exibido na performance apresentada, onde se revelou uma surpreendente actriz tão capaz de rir como de chorar para sustentar seja o que for.
No caso, sustentou uma total falta de vergonha, o que, convenhamos, não é nada pouco.
Mas se o despudor da senhora não merece comentários, o mesmo não se pode dizer de algumas das suas declarações.
Uma delas foi afirmar-se «a primeira exilada política do 25 de Abril».
Apesar de se tratar de uma rematada imbecilidade, a afirmação não deixa de ser uma afronta, pelo simples facto de alguém se atrever a formulá-la.
Em primeiro lugar, Fátima Felgueiras não é, nunca foi nem jamais poderia ser uma «exilada política», pois não é perseguida politicamente por ninguém.
É, sumariamente, procurada pela Justiça do seu país, de onde fugiu para escapar a um processo criminal em que é arguida.
Em segundo lugar, afirmar-se, hoje, como tal é não apenas insultar sem escrúpulos todos os que, neste mesmo país, enfrentaram realmente o exílio para lutarem contra a ditadura mas, sobretudo, confundir deliberadamente crimes de delito comum com perseguição política, para uma inadmissível ilibação de acções configurada e exclusivamente criminosas.
Em terceiro lugar, não sendo Fátima Felgueiras uma perseguida política, como procurou «transmutar-se» ao tal se afirmar, será de certeza uma foragida à Justiça, como efectivamente é mas tenta descaradamente escondê-lo.
Outra afirmação da fugitiva foi não apenas que «não tinha fugido» (pelos vistos apenas se «retirou»... para um país que a abrigasse de extradição), mas que se «ausentara» para... se poder defender.
Extraordinário: para se defender de um julgamento em tribunal... foge à Justiça, foge ao tribunal e foge do próprio país. Perante isto, impõe-se uma conclusão óbvia: a fuga é a grande defesa de Fátima Felgueiras para responder às graves acusações que sobre ela impendem. O resto, é simplesmente conversa de chacha.
De qualquer modo, registe-se o total desprezo que a senhora manifesta pela Justiça portuguesa, quer a ela fugindo grosseiramente quer, ainda, «reivindicando» da mesma Justiça inacreditáveis privilégios, tais como a absolvição antecipada e garantida!
Sublinhe-se, entretanto, que o único carácter político desta lamentável história não está no facto de a fugitiva ter utilizado um cargo público para alegado proveito próprio (isso é crime de delito comum, pura e simplesmente), mas no apoio que entretanto recebeu do partido em que militava – o PS – para de novo se candidatar, quando sobre ela já impendiam sérias suspeitas judiciais.
Mas dessa responsabilidade política não fala, agora, Fátima Felgueiras – nem a direcção do PS...
Ora foi este caso de polícia que os três canais generalistas de televisão portuguesa transformaram num acontecimento nacional, transmitindo em directo do Rio de Janeiro, durante mais de meia hora, uma conferência de imprensa marcada pela fugitiva e onde esta perorou o que lhe apeteceu, chegando a RTP ao ponto de somar a tal despautério uma entrevista à arguida realizada por uma enviada especial ao Brasil!
Neste caso, foi o mais elementar bom senso que esteve realmente «exilado» de todas as direcções que gerem os canais televisivos em Portugal...
Deixamos de lado, por náusea, o despudor da senhora tão completamente exibido na performance apresentada, onde se revelou uma surpreendente actriz tão capaz de rir como de chorar para sustentar seja o que for.
No caso, sustentou uma total falta de vergonha, o que, convenhamos, não é nada pouco.
Mas se o despudor da senhora não merece comentários, o mesmo não se pode dizer de algumas das suas declarações.
Uma delas foi afirmar-se «a primeira exilada política do 25 de Abril».
Apesar de se tratar de uma rematada imbecilidade, a afirmação não deixa de ser uma afronta, pelo simples facto de alguém se atrever a formulá-la.
Em primeiro lugar, Fátima Felgueiras não é, nunca foi nem jamais poderia ser uma «exilada política», pois não é perseguida politicamente por ninguém.
É, sumariamente, procurada pela Justiça do seu país, de onde fugiu para escapar a um processo criminal em que é arguida.
Em segundo lugar, afirmar-se, hoje, como tal é não apenas insultar sem escrúpulos todos os que, neste mesmo país, enfrentaram realmente o exílio para lutarem contra a ditadura mas, sobretudo, confundir deliberadamente crimes de delito comum com perseguição política, para uma inadmissível ilibação de acções configurada e exclusivamente criminosas.
Em terceiro lugar, não sendo Fátima Felgueiras uma perseguida política, como procurou «transmutar-se» ao tal se afirmar, será de certeza uma foragida à Justiça, como efectivamente é mas tenta descaradamente escondê-lo.
Outra afirmação da fugitiva foi não apenas que «não tinha fugido» (pelos vistos apenas se «retirou»... para um país que a abrigasse de extradição), mas que se «ausentara» para... se poder defender.
Extraordinário: para se defender de um julgamento em tribunal... foge à Justiça, foge ao tribunal e foge do próprio país. Perante isto, impõe-se uma conclusão óbvia: a fuga é a grande defesa de Fátima Felgueiras para responder às graves acusações que sobre ela impendem. O resto, é simplesmente conversa de chacha.
De qualquer modo, registe-se o total desprezo que a senhora manifesta pela Justiça portuguesa, quer a ela fugindo grosseiramente quer, ainda, «reivindicando» da mesma Justiça inacreditáveis privilégios, tais como a absolvição antecipada e garantida!
Sublinhe-se, entretanto, que o único carácter político desta lamentável história não está no facto de a fugitiva ter utilizado um cargo público para alegado proveito próprio (isso é crime de delito comum, pura e simplesmente), mas no apoio que entretanto recebeu do partido em que militava – o PS – para de novo se candidatar, quando sobre ela já impendiam sérias suspeitas judiciais.
Mas dessa responsabilidade política não fala, agora, Fátima Felgueiras – nem a direcção do PS...
Ora foi este caso de polícia que os três canais generalistas de televisão portuguesa transformaram num acontecimento nacional, transmitindo em directo do Rio de Janeiro, durante mais de meia hora, uma conferência de imprensa marcada pela fugitiva e onde esta perorou o que lhe apeteceu, chegando a RTP ao ponto de somar a tal despautério uma entrevista à arguida realizada por uma enviada especial ao Brasil!
Neste caso, foi o mais elementar bom senso que esteve realmente «exilado» de todas as direcções que gerem os canais televisivos em Portugal...