Desafios em tempo de retrocesso
A igualdade homem/mulher é, para os comunistas, parte integrante e inseparável da democracia. Assim, apesar das inúmeras e complexas tarefas que têm pela frente, as organizações do PCP não quiseram deixar de assinalar o Dia Internacional da Mulher, algumas delas associando estas comemorações às do aniversário do Partido.
A Organização do Porto, por exemplo, comemorou o evento com um debate centrado nos «Direitos da(s) Famílias(s) - Novos desafios em tempo de retrocesso», em que participaram Aurélio Santos e Ilda Figueiredo do PCP e a assistente social M.ª José Gambôa.
Um interessante debate com cerca de 70 participantes que permitiu analisar a crise económica e os impactos negativos do desemprego na vida organizada de milhares de famílias e sobretudo nas mulheres, as mais afectadas pela onda avassaladora dos despedimentos.
Denunciadas foram também as concepções retrógradas do Estado que, tentado responsabilizar a família por todos os males da sociedade e desresponsabilizar-se ele próprio das funções sociais que lhe cabem, remete para as famílias todos os encargos sociais das crianças, idosos e deficientes e desta forma procura o regresso da mulher ao papel tradicional de fada do lar.
Contra este quadro de retrocesso consubstanciado no Código do Trabalho, Lei de Bases da Família e Lei de Bases da Segurança Social, levantaram-se várias vozes, apelando à luta colectiva e permanente por uma nova atitude no quotidiano, na defesa dos valores e direitos conquistados.
A Comissão Concelhia de Alcochete, por sua vez, promoveu, no dia 8 de Março, um conjunto de iniciativas, dentre as quais se destaca a distribuição de cravos e de uma brochura com um poema de Ary dos Santos a mais de 1800 mulheres. Uma acção que se contrapõe, segundo os comunistas, «às tímidas iniciativas congéneres» levadas a efeito pela autarquia actualmente do PS.
O dia terminou com uma conferência de imprensa que acabou por se transformar num interessante debate sobre a mulher na sociedade actual, seguida de um jantar convívio.
Já a Comissão de Ilha do Faial optou pela divulgação de um comunicado sobre a situação da mulher nos Açores, onde a participação no mercado de trabalho, num período de dez anos, passou de 27% para 36% do total dos trabalhadores activos.
Para além dos problemas laborais, a Concelhia do PCP denuncia o «papel menor e submisso» que é, ainda, muitas vezes atribuído à mulher na família e na sociedade e a violência que sobre elas frequentemente é praticada.