Melhores transportes para a capital
Os transportes e as acessibilidades na capital são um problema cada vez mais grave. As soluções passam, segundo o PCP, pela prioridade absoluta aos transportes públicos, ao peão, aos corredores BUS e aos parques de estacionamento dissuasores, numa perspectiva de melhoria da qualidade de vida dos lisboetas.
Em Lisboa, aos 522 mil habitantes somam-se os mais de 500 mil postos de trabalho, o que provoca um fluxo enorme de «viagens» (750 mil por dia) e uma grande pressão nos transportes e na rede viária.
Em recente mesa redonda que o Partido promoveu na capital sobre as questões dos transportes e acessibilidades, os participantes debateram as causas da actual situação, a estratégia do governo do PSD-CDS/PP e da actual maioria da câmara de Lisboa, e, bem assim, as medidas que devem ser tomadas para que melhorem na capital e na região de Lisboa os transportes, o trânsito, o estacionamento, e as acessibilidades.
No que se refere aos transportes, os participantes deste debate centraram-se nos meios e operadores mais importantes: Carris, Metro, CP e transportes fluviais, sem esquecer os táxis.
Prioridade aos transportes colectivos, sistema integrado de transportes e criação de uma Autoridade Metropolitana de Transportes que não seja uma entidade governamentalizada são algumas das medidas mais urgentes.
Posições erradas da câmara e do Governo
Foram sublinhadas as posições erradas que a Câmara de Lisboa tem vindo a defender nesta matéria. Por exemplo, o estabelecimento de portagens na CREL, apoiado por Santana Lopes, é um erro de consequências negativas ainda não totalmente apuradas, mas que já se sentem cada vez mais no trânsito da Cidade. Do mesmo modo, as alusões do Presidente da câmara de Lisboa a tornar a Carris e o Metro empresas municipais são deslocadas e apenas visam preparar a respectiva privatização, entendem os participantes no debate. E mais: encurtar a linha da CP para Algés é ir contra a visão mais progressista: a CP não polui, transporta muitos milhares até ao Centro e não perturba o trânsito.
Por todas essas razões, os presentes sublinharam que «Santana Lopes, o governo e o PSD/PP nada fizeram que melhore a actual situação, que é cada vez mais caótica». E entretanto «aumentam os fluxos de tráfego sobre Lisboa e o seu centro, as filas no acesso à cidade e na saída da cidade e as dificuldades de circulação no interior da mesma, com consequências gravíssimas ao nível da poluição do meio ambiente».
As consequências estão à vista: «O transporte individual é cada vez mais dominante, obrigando os transportes públicos a menores velocidades comerciais e a tempos de trajecto mais dilatados, o que, conjugado com os aumentos dos preços, ‘atira’ os utentes para a utilização do seu próprio transporte».
Principais conclusões do debate
De entre as múltiplas e complexas questões identificadas pelos participantes e depois do debate verificado, incluindo a preparação prévia efectuada no seio do Partido, sobressaem algumas conclusões principais. Assim: primeiro – na Cidade, os transportes têm que melhorar muito e com profundidade; segundo – as empresas transportadoras têm muito que alterar para prestar melhor serviço; terceiro – as entidades públicas têm que promover a coordenação e cooperação dos operadores em função do interesse público; quarto – a filosofia geral tem de ser mudada: por um lado para dissuadir o transporte particular, limitando-o no centro e nas zonas históricas, e, por outro lado, para que haja maior coordenação entre os vários modos de transporte e «interfaces» de conjugação de operadores em benefício do utente; quinto – para bom funcionamento da Cidade, há que concluir as obras do Eixo Norte/Sul, Radial da Pontinha e CRIL, entre outras.
Durante o debate foi claramente defendido que a rede do Metro deve ser alargada.
O que faz mais falta de imediato
Outras medidas são urgentes em Lisboa. Por todas, refiram-se algumas das mais importantes: criar um verdadeiro sistema de transportes, organizado, eficaz, articulado e funcional; completar a rede de parques de estacionamento periféricos de preços moderados, dissuasores da corrida ao centro da Cidade, sendo que os parques de estacionamento dos «interfaces» são pouco usados porque têm preço muito elevado; dinamizar uma política permanente de manutenção da rede viária e do espaço público; adequar o regulamento de descargas, sobretudo para as zonas históricas e centrais; dar prioridade ao peão; e valorizar os táxis. As faixas BUS devem ser aumentadas. O estacionamento é «caótico» e deve ser objecto de medidas específicas, incluindo um policiamento eficaz e o cumprimento da lei.
Foram ainda referidos neste debate os fortes ataques dos operadores contra o passe social e pela «rentabilidade» das carreiras, o qual, ao invés, deve, isso sim, ser alargado a mais transportadoras privadas, devendo ainda ser ampliadas as coroas do passe intermodal.
Em simultâneo, e em prol de um ambiente urbano sustentado, há também a necessidade de implementar uma política de incentivo ao uso dos combustíveis menos poluentes.