As impressionantes manifestações em defesa da paz mostram que outro mundo é possível

O mundo saiu à rua

O mundo viveu a 15 de Fevereiro um dia histórico. Mais de 30 milhões de pessoas saíram à rua em mais de 600 cidades do planeta para dizer «Não à guerra!»

Impossível ignorar o clamor que sábado se fez ouvir em todo o mundo em defesa da paz. Desta vez não houve guerra de números. Todos foram obrigados a reconhecer que houve tanta gente em tanto lugar que se tornou praticamente impossível a contagem.

Neste protesto verdadeiramente global contra um ataque ao Iraque, a opinião pública mundial mostrou não só que existe mas que é capaz de mobilizar-se. Mais, provou-se nas ruas que os povos sentem estar a viver momentos decisivos da sua História e que chegou o momento de dizer «Basta!» à insanidade imperialista dos que vêem na guerra a forma de afirmar a sua supremacia e de impor o seu domínio.

Não foi por acaso que as manifestações pela paz ultrapassaram todas as expectativas, em particular nos países cujos governos mais se têm destacado no apoio ao belicismo norte-americano.

De nada serviu a Tony Blair a dramatização do discurso nem a insólita tentativa das autoridades britânicas para impedir o acesso dos manifestantes ao coração de Londres. Nove em cada dez ingleses está contra a guerra e contra a política de Blair, e milhões vieram dizer isso mesmo nas ruas.

De nada serviu a José Maria Aznar a sua subserviência a Bush. Milhões de espanhóis, de Madrid a Barcelona, de Norte a Sul do país, fizeram ouvir em «las calles» que não aceitam «sangue por petróleo».

De nada serviram igualmente as cartas de vassalagem aos EUA que oito países da União Europeia subscreveram, à revelia dos seus parceiros e ao arrepio dos sentimentos da esmagadora maioria dos respectivos povos.

O povo saiu à rua nos cinco cantos do mundo, mesmo lá onde a presença militar norte-americana é já hoje expressão do domínio imperial, e gente de todas as idades, de todos os credos, de todos os quadrantes políticos, afirmou de forma inequívoca o seu «Não à guerra!».

Se as manifestações mundiais pela paz assinalaram de forma indelével o dia seguinte à apresentação, no Conselho de Segurança da ONU, do relatório dos inspectores de desarmamento do Iraque, que mais uma vez confirmaram não ter encontrado sinais de armas de destruição maciça naquele país, os dias que se seguiram às marchas contra a guerra mostraram que «o jogo» não acabou.

Tony Blair diz agora que não haverá intervenção no Iraque sem nova resolução da ONU, a UE garante que a guerra é a última opção e os EUA desdobram-se em campanhas de desinformação e de alarmismo para convencer os seus próprios cidadãos da «necessidade» de atacar o Iraque. A paz ainda é possível.

 

Jornalistas contra a guerra


Sindicatos europeus de jornalistas manifestaram-se dia 14, na Grécia, contra a guerra.

A Acrópole de Atenas foi escolhida como palco desta iniciativa - em que participaram representantes da Grécia, Portugal, Itália, Alemanha, Finlândia e Chipre - pelo seu valor simbólico, enquanto testemunho histórico da cidade onde nasceu a democracia.

«Os jornalistas europeus, exprimindo as preocupações, os valores e os sentimentos democráticos e pacíficos dos povos da Europa, declaram a sua oposição à guerra iminente e injustificada declarada pelos EUA contra o Iraque», lê-se no manifesto dos sindicatos.
Os jornalistas comprometem-se a resistir «a qualquer pressão, venha ela dos governos ou de qualquer outra fonte» e a defender «a liberdade de Imprensa, como valor universal dos cidadãos», opondo-se «ao uso da informação como meio de propaganda».



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