Pôr fim ao sofrimento
O presidente do Grupo Esquerda Unitária Europeia, Francis Wurtz, apelou ao Conselho de Segurança da ONU e aos estados membros da UE para que levantem o embargo ao Iraque.
A declaração foi feita na passada semana, no final da visita ao Iraque da delegação de três dezenas de eurodeputados, em que participaram os deputados do PCP, Ilda Figueiredo e Joaquim Miranda, (ver página 26).
Ao apresentar, em Bagdade, as conclusões da estadia, Francis Wurtz afirmou que, afinal, «a montanha pariu um rato», referindo-se à última sessão do Conselho de Segurança da ONU, onde supostamente os EUA deveriam ter revelado provas comprometedoras para o Iraque.
Em vez disso, ao insistir numa ligação entre o Iraque e a Al Qaeda, a administração Bush entrou em total contradição com declarações dos especialistas da CIA e do FBI, os quais, depois de um ano de investigações, afirmaram não acreditar na existência de tais laços.
Por isso, sublinhou o presidente do grupo parlamentar europeu em que se integram os deputados do PCP, «não há qualquer razão para aceitar uma acção militar ou uma guerra preventiva contra o Iraque». «Nós queremos o desarmamento completo de armas de destruição maciça se elas existirem no Iraque. As eventuais capacidades para produzir tais armas devem ser desmanteladas. Mas tanto uma coisa como outra só poderão ser feitas sob controlo internacional e não do exército americano».
Wurtz manifestou ainda «solidariedade ao povo iraquiano que sofre desde há 12 anos as consequências desumanas e intoleráveis da guerra do Golfo e do embargo», defendendo o fim imediato das sanções.
Ao mesmo tempo que recusa qualquer cumplicidade com o regime iraquiano, Wurtz apoia a missão dos inspectores e lembrou as palavras de Nelson Mandela, para quem um nova guerra irá «mergulhar o mundo numa catástrofe, agravando o risco de "um choque de civilizações" entre o Islão e o "mundo ocidental"».
A concluir, Wurtz considerou ainda que «os objectivos estratégicos da administração Bush nada têm a ver com a legítima exigência de garantir que o Iraque não representa um perigo para o mundo».