Manter os postos consulares
A luta pela manutenção do consulado de Osnabruck está a estender-se a outras áreas consulares da Alemanha. Após a grande manifestação realizada em Outubro naquela cidade contra decisão do Governo PSD/PP de encerrar o consulado, tendo ficado patente a grande determinação de luta da comunidade portuguesa, formou-se agora o grupo coordenador na área consular de Dusseldorf.
Entre os seus porta-vozes conta-se o presidente da FAPA (Federação das Associações Portuguesas na Alemanha), Victor Estradas, o qual afirmou que o «fecho do consulado em Osnabruck significaria o crepúsculo da rede consular na Alemanha, por isso o movimento está a transformar-se em movimento nacional».
A reunião realizou-se em Remecheid a 12 de Janeiro. Além da FAPA, estiveram também presentes membros do grupo coordenador da comunidade portuguesa na área consular de Osnabruck, 15 dirigentes associativos, representantes de ranchos e missões católicas e representantes de várias cidades, nomeadamente Bona, Neuss, Dusseldorf, Remecheid e Hagen. Em representação do PCP esteve Rui Paz, do organismo de direcção na Alemanha. A assembleia decidiu ainda alertar a comunidade para as graves consequências que o encerramento do consulado de Osnabruck acarretaria para a qualidade dos serviços consulares e do apoio social às associações da área consular de Dusseldorf. Deslocações de centenas de quilómetros e tempos infinitos de espera, tornariam insuportáveis as idas ao consulado nesta cidade.
A Alemanha não têm consulados a mais mas a menos, como é o caso da Baviera, um Estado Federado de grande extensão, mas onde existe apenas um consulado honorário que não serve as necessidades da comunidade portuguesa naquela região. Num comunicado divulgado pela FAPA é referido que o «secretário de Estado, José Cesário, cometera o indecoro de solicitar ajuda financeira à Câmara de Osnabruck; ora esse apoio foi-lhe concedido por unanimidade de todos os sectores políticos representados naquela autarquia. E, apesar do município alemão ter anuído a esse vergonhoso pedido», o secretário de Estado decidiu encerrar o consulado.
Já foi lançado um abaixo-assinado na área consular de Dusseldorf contra o desmantelamento da rede consular e os danos inevitáveis que a sua concretização iria provocar. Segundo os porta-vozes do movimento em Osnabruck, Nelson Rodrigues e Avelino Barbosa, «a união entre portugueses na Alemanha nunca foi tão real como neste momento!»
A 2 de Fevereiro terá lugar em Rheine uma assembleia com representantes das áreas consulares mais directamente afectadas (Dusseldorf, Hamburg e Osnabruck) para se marcar a realização simultânea de manifestações frente aos consulados daquela 3 cidades.
Também em França se trava esta luta. Em Reims, outro dos consulados que o Governo pretende encerrar, desenvolvem-se formas de luta por parte da comunidade portuguesa. Francisco Farias, um dos dinamizadores desta luta na região divulgou ao Avante! as várias acções que estão a decorrer, nomeadamente um abaixo-assinado através das associações portuguesas em Reims, Chalons, Champagne, Epernay, Charieville Mezieres. Francisco Farias refere também que das autoridades francesas têm vindo manifestações de solidariedade para com a comunidade portuguesa, desde deputados da Assembleia Nacional e do Parlamento Europeu, assim como eleitos municipais e regionais.
PCP solidário
A Direcção da Organização na Emigração do PCP expressou o repudio pelas decisões do Governo PSD/PP nesta matéria, considerando que a decisão de encerramento de postos são determinadas por critérios meramente economicistas sem ter em conta a consequências e prejuízos que advém para o país e para as comunidades portuguesas. Na Assembleia da República o PCP, através da deputada Luísa Mesquita, apresentou novo requerimento a questionar o Governo sobre esta matéria, pedindo os mesmos esclarecimentos que há 2 meses atrás tinham sido pedidos em 30 requerimentos mas que até hoje o Governo não respondeu.