Estrangulamento financeiro coloca em risco Universidade de Aveiro
Que medidas planeia o Ministério da Ciência e do Ensino Superior tomar para garantir o desenvolvimento da Universidade de Aveiro? Considera o Ministério que é possível ministrar bom ensino com 99 por cento do orçamento afecto ao pagamento de salários ? Estas duas questões foram colocadas ao Governo por Bruno Dias, deputado do PCP na Assembleia da República, perante a situação de estrangulamento financeiro em que se encontra aquela instituição.
De facto, 91 por cento das despesas orçamentadas destinam-se ao pagamento dos salários do pessoal docente e não docente. Se das verbas previstas forem excluídas as propinas pagas pelos estudantes, 99 por cento do orçamento transferido do Estado é uti1izado para salários, uma situação que Bruno Dias classifica como um «desrespeito claríssimo pela própria Lei de Financiamento e pelo Orçamento Padrão acordado, cujo desvio para 2003 se prevê que seja de menos 22,41 por cento».
Este ano lectivo o número de alunos da Universidade de Aveiro aumentou quatro por cento, enquanto o seu orçamento cresceu apenas um por cento. Na interpelação, o deputado comunista sublinha que «esta situação impossibilitará na prática a contracção de novos docentes, facto tanto mais grave quanto sabemos que a UA tem cerca de 80 por cento dos docentes que os ratio permitem. Esta situação tem influência directa na qualidade» do ensino, nomeadamente no tamanho das turmas e na diversidade de especialização do corpo docente.
Por outro lado, na Escola de Saúde – a funcionar pelo segundo ano, contando com cinco cursos e cerca de 400 estudantes – os custos são superiores aos de um curso já completamente instalado, pela necessidade de novos equipamentos e a contratação de docentes, o que agrava a situação geral da universidade.
No que diz respeito à Acção Social Escolar, as despesas de funcionamento decrescem três por cento, após um corte no ano passado de 13 por cento. «A juntar ao aumento do número de alunos, este corte significa de facto muito nas possibilidades de apoio concreto aos estudantes», refere Bruno Dias.