Palestina a ferro e fogo

Anabela Fino

A Pa­les­tina está a ferro e fogo. Após um Natal san­grento que pro­vocou a morte de pelo menos 19 pa­les­ti­ni­anos, as­sas­si­nados por sol­dados is­ra­e­litas, o ano de 2003 co­meçou sob o signo da vi­o­lência.

As forças de Is­rael ata­caram e in­va­diram vá­rios campos de re­fu­gi­ados na Cis­jor­dânia e na Faixa de Gaza, des­truíram de­zenas de casas e pren­deram de­zenas de pa­les­ti­ni­anos. Is­rael não ne­ces­sitou de ne­nhum mo­tivo para estas ac­ções. Desde No­vembro e até ao pas­sado do­mingo que não se re­gis­tava ne­nhum aten­tado sui­cida.

 

As cenas de terror vi­vidas do­mingo em Te­la­vive, onde dois aten­tados sui­cidas pro­vo­caram 22 mortos e uma cen­tena de fe­ridos, cho­caram na­tu­ral­mente a opi­nião pú­blica, mas por mais ter­rível que sejam esses actos, a sua res­pon­sa­bi­li­dade não pode deixar de ser im­pu­tada a quem ao longo das úl­timas dé­cadas leva a cabo um ainda mais ter­rível ter­ro­rismo de Es­tado. Como seria de se es­perar, os aten­tados ser­viram de pre­texto a Is­rael para atacar uma vez mais os ter­ri­tó­rios ocu­pados. No pró­prio do­mingo, um campo de re­fu­gi­ados em Rafah e a ci­dade de Gaza foram al­ve­jados com de­zenas mís­seis que des­truíram casas e ins­ta­la­ções me­ta­lúr­gicas. Sete pa­les­ti­ni­anos fi­caram fe­ridos e vá­rias fa­mí­lias de­sa­lo­jadas. Entre as me­didas de re­ta­li­ação conta-se ainda o en­cer­ra­mento de três uni­ver­si­dades pa­les­ti­ni­anas na Cis­jor­dânia, res­tri­ções acres­cidas à cir­cu­lação de pes­soas e veí­culos, e a proi­bição da reu­nião do con­selho Cen­tral da OLP mar­cada para amanhã, quinta-feira, em Ra­mallah.

As au­to­ri­dades is­ra­e­litas anun­ci­aram igual­mente que não au­to­rizam a des­lo­cação de uma de­le­gação pa­les­ti­niana a Lon­dres, no dia 14, onde de­veria par­ti­cipar, a con­vite do pri­meiro-mi­nistro bri­tâ­nico, Tony Blair, numa con­fe­rência sofre as re­formas pa­les­ti­ni­anas. O mi­nistro is­ra­e­lita dos ne­gó­cios Es­tran­geiros, Ben­jamin Ne­tanyahu, jus­ti­ficou a me­dida di­zendo que «le­gi­timar os ver­go­nhosos es­forços do re­gime de Arafat» seria «le­gi­timar uma li­de­rança com­pro­me­tida com o terror». Lon­dres não gostou.


Pro­vo­cação de­li­be­rada 


Não é ne­ces­sário ser adepto da te­oria da cons­pi­ração para ad­mitir que o go­verno de Ariel Sharon se em­pe­nhou no úl­timo mês em pro­vocar os pa­les­ti­ni­anos. Em vés­peras de elei­ções le­gis­la­tivas, mar­cadas para 28 de Ja­neiro, nada serve me­lhor os in­te­resses do Likud do que o agravar do clima de vi­o­lência para «le­gi­timar» o es­tado de guerra e des­viar as aten­ções dos is­ra­e­litas dos graves pro­blemas eco­nó­micos com que o país se de­bate. A se­gu­rança voltou, com o aten­tado de do­mingo, a ser o prin­cipal tema de dis­cussão.

A es­piral de vi­o­lência vinha sendo co­zi­nhada há mais de um mês. Dos 19 pa­les­ti­ni­anos as­sas­si­nados em De­zembro, três eram ado­les­centes, de 13 e 16 anos de idade. Um ofi­cial is­ra­e­lita re­co­nheceu que eram civis e es­tavam de­sar­mados, mas jus­ti­ficou o seu as­sas­si­nato di­zendo que os sol­dados não sa­biam quais eram as suas «in­ten­ções».

No pri­meiro dia do ano, o exér­cito is­ra­e­lita des­truiu quatro casas na Cis­jor­dânia e na Faixa de Gaza. Ainda na Cis­jor­dânia, junto ao centro cul­tural de Dura, perto de He­bron, os sol­dados dis­pa­raram contra a po­pu­lação, fe­rindo vá­rias pes­soas. No dia 2 de Ja­neiro, foi a vez dos campos de re­fu­gi­ados de Nu­seirat e El Bu­reij serem bom­bar­de­ados; os dois campos foram in­va­didos por de­zenas de tan­ques de com­bate, carros blin­dados e he­li­cóp­teros de com­bate. No mesmo dia, os is­ra­e­litas ata­caram ainda o campo de re­fu­gi­ados de Al Ma­gazi, onde de­mo­liram 21 casas e pren­deram cen­tenas de pa­les­ti­ni­anos.

Na mí­tica ci­dade de Belém, onde co­a­bitam há sé­culos a grande Mes­quita e a Ba­sí­lica cristã er­guida no local que se­gundo a lenda serviu de berço a Jesus, a Praça do Pre­sépio não pôde aco­lher os crentes de duas re­li­giões. A Praça foi trans­for­mada no centro de ope­ra­ções mi­li­tares is­ra­e­litas e a po­pu­lação su­jeita ao re­co­lher obri­ga­tório.

Não menos ilus­tra­tivo da de­li­be­rada po­lí­tica is­ra­e­lita de hu­mi­lhação e re­pressão da po­pu­lação árabe é o facto de a Co­missão Elei­toral is­ra­e­lita ter proi­bido a Co­li­gação De­mo­crá­tica Na­ci­onal, o par­tido que re­pre­senta os pa­les­ti­ni­anos com na­ci­o­na­li­dade is­ra­e­lita, de par­ti­cipar nas elei­ções de 28 de Ja­neiro, en­quanto um par­tido de ex­trema di­reita que pre­co­niza a li­qui­dação dos pa­les­ti­ni­anos era au­to­ri­zado a con­correr às le­gis­la­tivas.

Igual­mente sig­ni­fi­ca­tivo é o facto de, ao mesmo tempo que au­men­tava a re­pressão nos ter­ri­tó­rios ocu­pados, as forças na­vais de Is­rael par­ti­ci­parem com os EUA e a Tur­quia em ma­no­bras ae­ro­na­vais cujo pano de fundo é o cada vez mais pro­vável ataque ao Iraque.

 

Um Es­tado fora da lei

 

Se é ver­dade que nada pode le­gi­timar o as­sas­si­nato de civis, sejam is­ra­e­litas ou pa­les­ti­ni­anos, não é menos ver­dade que Is­rael, com a sua po­lí­tica, ali­menta e es­ti­mula os actos de­ses­pe­rados dos «ho­mens-bomba».

Desde o início da se­gunda In­ti­fada, em 2000, para além das mais de duas mil ví­timas mor­tais, os pa­les­ti­ni­anos so­frem ainda as con­sequên­cias das de­ten­ções ile­gais e da vi­o­lação dos mais ele­men­tares di­reitos hu­manos. Se­gundo a as­so­ci­ação Bet­selem para a de­fesa dos di­reitos hu­manos nos ter­ri­tó­rios pa­les­ti­ni­anos, Is­rael mantém nas suas pri­sões mais de 6000 pa­les­ti­ni­anos, 1007 dos quais em re­gime de de­tenção ad­mi­nis­tra­tiva, sem culpa for­mada nem jul­ga­mento. Um co­mu­ni­cado da as­so­ci­ação exigiu re­cen­te­mente a li­ber­tação ime­diata destes de­tidos, su­bli­nhando que aqueles «contra quem existem provas devem ser jul­gados e ter di­reito a de­fender-se».

A de­tenção ad­mi­nis­tra­tiva per­mite o en­car­ce­ra­mento de uma pessoa du­rante seis meses, re­no­vá­veis, sem acu­sação nem jul­ga­mento, e sem di­reito a ser in­for­mado das ra­zões da sua de­tenção. O ad­vo­gado do preso também não tem acesso ao pro­cesso contra o sus­peito. Este tipo de de­ten­ções não é de­ci­dido por ne­nhum tri­bunal mas sim um res­pon­sável mi­litar. Não é pois por acaso que desde a che­gada de Saúl Mofaz ao Mi­nis­tério da Guerra, em No­vembro úl­timo, te­nham sido presos 1357 pa­les­ti­ni­anos. Mofaz, re­corda-se, é o an­tigo chefe do Exér­cito is­ra­e­lita e o res­pon­sável pelo mas­sacre de Jenin.

Como se isto fora pouco, o Su­premo Tri­bunal de Is­rael au­to­rizou en­tre­tanto o re­curso à tor­tura e ao uso da força contra os presos, mesmo quando não existe ne­nhuma prova da sua im­pli­cação em «actos ter­ro­ristas».

É este Es­tado fora da lei que é apre­sen­tado como «a única de­mo­cracia» do Médio Ori­ente, e cujo pri­meiro-mi­nistro ga­rante que «so­mente quando o terror acabar se­remos ca­pazes de ne­go­ciar a paz». De que fala Sharon quando fala de terror?

 

Ne­gócio san­grento

No final de De­zembro, uma son­dagem re­ve­lada pela es­tação de rádio do exér­cito,

Ga­lats, in­di­cava que o Likud, con­ti­nuava em queda. Na origem da perda de in­fluência do par­tido do ac­tual pri­meiro-mi­nistro, Ariel Sharon, estão as su­ces­sivas de­nún­cias de cor­rupção nas elei­ções pri­má­rias do Likud para a es­colha dos can­di­datos a de­pu­tados, que estão a ser alvo de um inqué­rito po­li­cial.

Se­gundo no­tí­cias vindas a pú­blico, com­praram-se votos a 500 dó­lares, mas também houve casos de «des­contos» para jo­vens, cujos votos cus­taram apenas 250 dó­lares.

Apa­ren­te­mente, o ne­gócio dos votos está in­ti­ma­mente li­gado à cons­trução de co­lo­natos, bem como à cons­trução de mu­ra­lhas à volta das po­vo­a­ções pa­les­ti­ni­anas. O Es­tado in­veste mi­lhões de dó­lares na­quelas cons­tru­ções, fa­vo­re­cendo os cons­tru­tores, que por sua vez in­vestem no Likud para ga­rantir que no poder es­tarão os «amigos» que lhes en­chem os bolsos.

Em me­ados de De­zembro, data das pri­má­rias no Likud, a compra e venda de votos as­sumiu tais pro­por­ções que o es­cân­dalo acabou por chegar ao do­mínio pú­blico. A po­lícia está agora a in­ves­tigar di­versas per­so­na­li­dades, in­cluindo Omri Sharon, filho de Ariel Sharon, im­pli­cado em ma­no­bras de cor­rupção que deram a vi­tória ao seu pai como can­di­dato a pri­meiro-mi­nistro. A po­lícia in­ves­tiga ainda se mem­bros da mafia local con­se­guiram in­tro­duzir re­pre­sen­tantes na lista de de­pu­tados do Likud.

O es­cân­dalo fez cair as in­ten­ções de voto no Likud, que apa­rece agora com uma pre­visão de 36 man­datos, menos sete ou oito do que as an­te­ri­ores pers­pec­tivas.

Quanto ao Par­tido Tra­ba­lhista, a son­dagem mos­trava uma re­cu­pe­ração em re­lação a ou­tras an­te­ri­ores, apa­re­cendo com 24 man­datos. O Shinui, que se apre­senta como par­tido do centro, eu­ropeu e laico, apa­rece como pos­sível ter­ceira força, com 14 lu­gares, em vez dos 6 que agora detém. O Me­rets mantém-se es­tável, com uma pre­visão de nove man­datos (menos um). Já o Shas, dos ju­deus or­to­doxos se­far­ditas, ac­tual ter­ceiro par­tido, com 17 man­datos, não ul­tra­passa agora os oito nas son­da­gens.

O bloco «União Na­ci­onal», da ex­trema-di­reita, tem uma pre­visão de seis man­datos, en­quanto o outro par­tido da ex­trema-di­reita, Herut, não atinge o mí­nimo ne­ces­sário para in­gressar no par­la­mento.

Com seis man­datos cada apa­recem o Mafdal (na­ci­onal-re­li­gi­osos), os or­to­doxos ash­ke­nazis e o «Is­rael be-Aliah» (dos imi­grantes russos), en­quanto os três par­tidos árabes, juntos, podem ficar com oito lu­gares, per­dendo dois.

A dis­persão de votos, num par­la­mento com 120 lu­gares, vai cer­ta­mente obrigar a co­li­ga­ções, o que, a manter-se a ten­dência ex­pressa nesta son­dagem, dava uma li­geira van­tagem às forças de di­reita, com 68 man­datos. Tendo em conta que o Shinui ga­rante que não fará ne­nhuma co­li­gação com par­tidos re­li­gi­osos, fácil se torna per­ceber que Sharon e o Likud ne­ces­sitam ur­gen­te­mente de re­cu­perar ter­reno. O ex­tremar de po­si­ções, como sempre su­cede quando se re­gistam aten­tados, faz temer que até 28 de Ja­neiro muito sangue corra ainda na «terra pro­me­tida».

 

Um es­tado judeu
não pode ser de­mo­crá­tico

«Is­rael é, por de­fi­nição, um es­tado judeu. Como tal, não pode ser si­mul­ta­ne­a­mente de­mo­crá­tico. Não é um es­tado “go­ver­nado pelo povo” já que um quinto da po­pu­lação não é judeu e por isso a lei im­pede-o de obter a ci­da­dania com todos os di­reitos. Acresce que Is­rael go­verna sobre mais de quatro mi­lhões de pa­les­ti­ni­anos na Cis­jor­dânia, na Faixa de Gaza e na ane­xada Je­ru­salém Ori­ental. Não se pode negar que a estas pes­soas são re­cu­sados até os ves­tí­gios mais su­per­fi­ciais de um go­verno de­mo­crá­tico.»

Estas de­sas­som­bradas pa­la­vras são de Jen­nifer Lo­ewens­tein, uma jor­na­lista judia que, entre ou­tras coisas, tes­te­mu­nhou o mas­sacre no campo de re­fu­gi­ados de Jenin.

Jen­nifer não tem dú­vidas quanto à na­tu­reza an­ti­de­mo­crá­tica das leis is­ra­e­litas eem re­cente en­tre­vista ao Re­be­lion, aponta como exem­plos «a proi­bição de pos­suir terras para os não ju­deus, ou a de se apre­sentar às elei­ções quando se de­fendem certos pontos de vista, como o de que Is­rael de­veria ser um es­tado ver­da­dei­ra­mente de­mo­crá­tico e trans­formar-se num es­tado de todos os seus ci­da­dãos».

Em abono da sua po­sição, a jor­na­lista re­fere o «facto im­pres­si­o­nante e pouco co­nhe­cido de que há 700 po­vo­a­ções árabes em Is­rael (fora dos ter­ri­tó­rios ocu­pados) que não são re­co­nhe­cidas pelo go­verno, do que re­sulta que os seus ha­bi­tantes não têm ser­viços mu­ni­ci­pais, não são in­cluídos no re­cen­se­a­mento e, o que é cru­cial, não têm di­reito de voto». Apesar disso, su­blinha, «têm que pagar im­postos».

Se­gundo Jen­nifer Lo­ewens­tein, «a dis­cri­mi­nação contra os árabes está muito ex­pan­dida e existe em todas as pro­fis­sões e a todos os ní­veis da so­ci­e­dade», o que faz com que te­nham uma par­ti­ci­pação muito in­fe­rior ao seu peso de­mo­grá­fico.«Os árabes is­ra­e­litas - de­nuncia - formam o sector mais pobre da po­pu­lação do país», sendo-lhes ne­gadas «pres­ta­ções es­sen­ciais, como o equi­va­lente à “re­forma”, porque não fazem o ser­viço mi­litar». O ci­nismo não podia ser maior: os árabes is­ra­e­litas estão proi­bidos de cum­prir o ser­viço mi­litar.

O pa­ra­le­lismo com a África do Sul do apartheid é ine­vi­tável. A ra­cista África do Sul também era uma de­mo­cracia... para os brancos.

 

O amigo ame­ri­cano

 Desde 1973, Is­rael custou aos EUA cerca de 1,6 mil mi­lhões de dó­lares, ou seja, cada norte-ame­ri­cano «pagou» para a ma­nu­tenção da­quele Es­tado mais de 5700 dó­lares. O cál­culo foi feito por Thomas Stauffer, con­sultor eco­nó­mico de Washington, que afirma que o apoio dos EUA a Te­la­vive as­cende a mais de duas vezes o custo da guerra do Vi­et­name.

Para o ano fiscal de 2003, Washington já dis­po­ni­bi­lizou para ajudas di­rectas a Is­rael 2040 mi­lhões de dó­lares em as­sis­tência mi­litar e 720 mi­lhões em ajuda eco­nó­mica, mas mesmo assim os is­ra­e­litas não estão sa­tis­feitos.

Numa reu­nião re­a­li­zada em No­vembro na Casa Branca, re­pre­sen­tantes do go­verno de Sharon pe­diram 4 mil mi­lhões de dó­lares de ajuda mi­litar adi­ci­onal para pagar os custos da ocu­pação e com­bate aos pa­les­ti­ni­anos. Na mesma reu­nião foi ainda so­li­ci­tado um cré­dito ga­ran­tido de mais de 8 mil mi­lhões de dó­lares para fazer face à crise eco­nó­mica que o país en­frenta.

Se­gundo Stauffer, em re­cente con­fe­rência re­a­li­zada na Uni­ver­si­dade de Maine, or­ga­ni­zada pelo US Army War Col­lege, de­di­cada ao custo total da po­lí­tica dos EUA no Médio Ori­ente, o pe­dido de Is­rael deve ser apro­vado este mês, pro­va­vel­mente no âm­bito de uma lei sobre gastos ex­tra­or­di­ná­rios a co­berto dos custos da guerra contra o Iraque.



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