Nomeados do imperador

António Santos

Ungido pela decisão da Administração dos Serviços Centrais de desbloquear a transição de poder, Joe Biden apresentou, na terça-feira, uma equipa de veteranos em «liderar o mundo» e em «confrontar os adversários da América».

Os novos falcões democratas distinguem-se pela diversidade das plumagens, há até um «imigrante latino» à cabeça da máquina das deportações de imigrantes latinos e pela primeira vez uma mulher a decidir quem é que a CIA assassina. São, de resto, indistinguíveis dos republicanos. No voo picado da rapina todos os falcões são pardos.

Veja-se, Antony Blinken, próximo Secretário de Estado que, enquanto consultor de segurança e vice-Secretário de Estado de Obama, em que se distinguiu pelas posições mais agressivas no ataque à Líbia e pelas propostas mais aventureiras na desestabilização da Síria. Terminado o mandato, Blinken fundou a WestExec e enriqueceu a vender consultoria a empresas de armamento e agências de mercenários de todo o mundo, dos EUA a Israel passando pela Arábia Saudita. Este milionário, meritocraticamente também filho de milionários, defende abertamente uma política mais dura de sanções económicas contra a Rússia que «demonstre ao povo russo que há uma multa muito pesada a pagar por quem apoie criminosos internacionais como Putin».

Segue-se Avril Haines. A mulher que desenhou o programa de «assassinatos seleccionados» com drones de Obama será a próxima chefe dos serviços de inteligência. A antiga vice-directora da CIA foi uma defensora pública e indefectível de Gina Haspel quando Trump a nomeou para liderar aquela agência. Haspel foi uma das arquitectas da rede de prisões secretas da CIA onde a administração Bush torturava e admitiu ter destruído essas filmagens.

A lista continua com Alexander Mayorkas, próximo Secretário do Departamento de Segurança Interna, que se apresentou como um imigrante «levado para este país pelos meus pais a fugir do comunismo». Filho de um capitalista cubano, Mayorkas contribuiu para alcançar no mandato de Obama o recorde de deportações de imigrantes em toda história dos EUA.

O longo cadastro dos nomeados de Biden permite antever a continuidade da política imperialista dos EUA da administração Obama sob novas e mais voláteis circunstâncias. Nas palavras de Biden, «A América voltou». O problema é que nunca se foi embora.



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