Dilma ganha vantagem <br> para a segunda volta
A presidente do Brasil recolheu 41,59 por cento dos votos
O triunfo de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), não constitui surpresa e era já esperado, embora a expectativa fosse a de obtenção de uma percentagem menor do que os 41,59 por cento dos votos que recolheu no domingo. Surpresa foi a passagem à segunda volta do candidato do Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), Aécio Neves, que garantiu 33,5 por cento dos boletins válidos, deixando a larga distância a candidata do Partido Socialista Brasileiro, Marina Silva, apontada em todas as sondagens como favorita a disputar eleição com a actual presidente brasileira.
Marina Silva, que vinha caindo em todas as pesquisas sobre intenção de voto realizadas durante o período de campanha eleitoral – o que foi atribuído aos valores conservadores que a professora, ambientalista e crente evangélica foi revelando – , acabou por recolher apenas 21,32 por cento dos votos, pouco mais, afinal, do que os cerca de 19 por cento obtidos em 2010, ano em que Dilma Rousseff foi eleita para o primeiro mandato no Palácio do Planalto.
Entretanto, as candidaturas de Marina Silva e Aécio Neves informaram que estão a negociar um acordo que assegure o apoio da primeira ao segundo. Os contornos e conteúdos não são ainda totalmente claros, mas especula-se que a ocorrer um apelo de Marina Silva ao voto no PSDB, este pode não ser seguido por todos os seis partidos que apoiaram a líder da Rede Sustentabilidade no domingo.
PC do Brasil elege
A par das presidenciais, os brasileiros foram chamados a eleger os governadores e parlamentos estaduais, a Câmara dos Deputados e Senado. Em 13 das 27 regiões, os cargos de governador foram já atribuídos, com destaque para as vitórias de Flávio Dino, do Partido Comunista do Brasil no Maranhão, Geraldo Alckmin, do PSDB, em São Paulo, e de Fernando Pimental, do PT, em Minas Gerais. Em 14 estados, prossegue a disputa dos candidatos a governador, incluindo Rio de Janeiro e Brasília, distrito federal.
O Partido Comunista do Brasil, parceiro de governo e de coligação do PT de Dilma Rousseff, conseguiu, por seu lado, eleger 25 deputados nas assembleias legislativas de 17 estados, e uma dezena de deputados federais que se candidataram pelos círculos de 9 estados.
O número de partidos com representação no parlamento nacional passa de 22 para 28.
Dados expressivos
Não é pouco o que está em causa nas eleições presidenciais no Brasil, 7.ª economia mundial e nação central dos processos e mecanismos de cooperação multilateral que, na América Latina e no mundo, procuram sacudir a tutela do imperialismo. Importa, por isso, reter alguns dos indicadores do Brasil entre 2002 e 2013 (divulgados por Luiz Alberto Bandeira no Pátria Latina), período das presidências de Lula da Silva e Dilma Rousseff:
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O PIB triplicou, assim como o PIB per capita
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Os lucros das entidades financeiras públicas – Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social, Banco do Brasil e Caixa Económica Federal –, passaram de 550 milhões de reais, 1,1 mil milhões e dois mil milhões de reais, respectivamente, para 8,15 mil milhões, 15,8 mil milhões e 6,7 mil milhões de reais
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A produção agrícola praticamente duplicou, passando de 97 milhões de toneladas para 188 milhões
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O investimento estrangeiro cresceu mais de 380 por cento, as reservas internacionais aumentaram mais de 1000 por cento e a proporção da dívida face a estas passou de 557 por cento para 81 por cento
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O total de empregos criados passou de 627 mil ao ano para 1,79 milhões anualmente, contribuindo para a queda do desemprego de 12,2 por cento para 5,4 por cento
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O número de falências caiu cinco vezes, o salário mínimo passou de 200 reais para 724 reais (praticamente duplicou a capacidade aquisitiva de bens do cabaz básico), e a inflação média anual desceu de 9,1 por cento para 5,8 por cento
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O Programa Universidade para Todos entrega 1,2 milhões de bolsas de estudo e os estudantes do Ensino Superior passaram de 583 mil 800 para mais de um milhão
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O programa de capacitação técnico-profissional envolve seis milhões de pessoas, e os programas Minha Casa Minha Vida e Luz Para Todos beneficiam 1,5 milhões de famílias e 9,5 milhões de pessoas, respectivamente
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Foram criadas quase 6500 cresces, contratados 14 mil médicos beneficiando 50 milhões de pessoas, e 22 milhões de pessoas foram arrancadas da miséria extrema
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Os indicadores de desigualdade social caíram 11,4 por cento, a taxa de pobreza passou de 34 por cento para 15 por cento, e a de pobreza extrema de 15 por cento para 5,2 por cento
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A mortalidade infantil passou de 25,3 por mil para 12,9 por mil, os gastos públicos em Saúde passaram de 28 mil milhões de reais para 106 mil milhões, e os em Educação passaram de 17 mil milhões para 94 mil milhões
- As comarcas de justiça federal passaram de 100 para 513 e as operações da polícia federal passaram de 48 para quase 1300