do executivo PSD/CDS e apela ao reforço da CDU
Governo sem futuro
A luta imporá a demissão de um Governo já derrotado
O prato forte do almoço-convívio realizado no concelho de Mértola foi a situação a que o País e o povo foram conduzidos pela política de direita agravada pelo Pacto de Agressão subscrito há já mais de dois anos pelas troikas nacional (PSD, CDS e PS) e estrangeira (FMI, UE e CE). Um dia e meio depois de Passos Coelho ter discursado no Pontal, o primeiro-ministro e o Governo foram alvo das críticas contundentes de Jerónimo de Sousa.
Para o secretário-geral do PCP, Passos Coelho repetiu na mais recente festa do PSD no Algarve, o que já havia dito, o ano passado, na mesma ocasião: «miragens de crescimento e criação de emprego» que «a realidade teimou em desmentir».
«Afirmava que 2013 seria o ano da viragem», mas, desde que o anunciou, «o PIB já recuou 3,4 por cento, temos mais 60 mil novos desempregados e mais 180 mil empregos destruídos. Mais 120 mil portugueses foram forçados a emigrar», lembrou, antes de acusar o primeiro-ministro de fazer um discurso «onde o cinismo e a mistificação perpassam em toda a sua extensão», pois «vem dizer que os portugueses votaram em eleições livres sabendo o que os esperava».
«É muito o seu descaramento!», continuou, recordando a propósito que Passos Coelho «tem feito tudo ao contrário do que anunciou e prometeu, e agora diz que o povo sabia no que votava».
Tragédia, farsa,
chantagem e ofensiva
Mas a tragédia protagonizada pelo Governo e a sua repetição como farsa ameaça tornar-se «ainda mais dramática com a nova ofensiva que se prepara», ao que acresce a insistência «na utilização da chantagem e das pressões sobre o Tribunal Constitucional (TC)», avisou.
Ao qualificar de risco constitucional eventuais decisões desfavoráveis do TC ao novo plano de cortes de mais de quatro mil milhões de euros, o primeiro-ministro reitera «a postura de um governo fora da lei e em conflito com as outras instituições do regime democrático e que há muito devia ter sido demitido», afirmou o dirigente comunista.
«Não há novo ciclo mantendo as velhas políticas de direita de 37 anos agravadas pelo Pacto de Agressão», prosseguiu Jerónimo de Sousa.
«Falam de crescimento e de investimento, mas o que de facto pretendem é o reforço da política de austeridade – o seu programa de terrorismo social a que chamam de reforma do Estado; falam de sacrifícios como se eles tivessem valido a pena (…), como se o que este Governo prepara não fosse uma dose dupla de novos e mais brutais sacrifícios para os mesmos de sempre – para os trabalhadores e para o povo!; falam em emprego e preparam-se para despedir dezenas de milhares de trabalhadores da Administração Pública; falam em crescimento e ambicionam cortar milhares de milhões de euros nas funções sociais – da educação à saúde e à protecção social na doença ou no desemprego; falam em dinamização da economia e pretendem aprovar um Orçamento de Estado que trará mais recessão, mais falências, mais desemprego; falam de interesse nacional quando negoceiam já um novo resgate que hipotecará ainda mais a soberania nacional, imporá mais austeridade e liquidação de direitos, avolumará uma dívida pública ruinosa e já hoje impagável».
Lutar sempre
Neste contexto, afirmou igualmente o secretário-geral do Partido, «a cada dia que passa mais são as razões para exigir a demissão do Governo; mais necessário e urgente se torna derrotar definitivamente um governo que, sendo já passado, não se cansa de destruir o futuro do País e dos portugueses».
Executivo que, apesar de estar «amparado pela mão protectora de Cavaco Silva», encontra-se «isolado socialmente e politicamente ilegítimo», e, por isso, há-de ir ao chão com a luta dos trabalhadores e do povo».
Política de classe
«Dizem que não há dinheiro para o desenvolvimento do País e as necessidades do povo, mas ele existe e aparece sempre quando se trata de encher os bolsos do grande capital», recordou Jerónimo de Sousa. O secretário-geral do PCP denunciou, assim, «a natureza de classe desta política de mentira», patente nos contratos swap, nas parcerias público-privadas e «outros desmandos», os quais são «apenas a ponta do novelo maior de corrupção, governação danosa, tráfico de influências e promiscuidade entre os poderes políticos e económicos que a política de direita promove e patrocina», deixando claro que «aqueles que saltam dos grandes grupos económicos e financeiros para o Estado, para depois regressarem a esses mesmos grupos num ciclo infernal de promiscuidade vergonhosa, (...) fazem-no não a pensar no interesse público, mas nos interesses dos grandes grupos a quem efectivamente juraram fidelidade e aos quais têm ligadas as suas vidas, os seus próprios interesses e o seu futuro».
«O que tem vindo a ficar claro e de forma cristalina com este negócio dos swap, tal como com muitos outros, é que tem sido com o dinheiro roubado aos salários e pensões de reforma, com os cortes nos direitos dos portugueses à saúde ou à protecção social, e na falta de apoio às pequenas empresas, que estão a ser pagos milhares de milhões à banca internacional e nacional à conta de contratos ilegítimos e ruinosos», frisou ainda o secretário-geral do PCP.
Confiança na CDU
Notando a importância das próximas eleições autárquicas «pelo que representam no plano local e nacional», Jerónimo de Sousa garantiu que a CDU sustenta a sua confiança no facto de os seus eleitos terem estado ao lado das populações e dos trabalhadores «na defesa dos seus postos de trabalho» e «na luta contra o roubo nos seus salários», bem como «quando foi necessário garantir o acesso à saúde e à educação» ou «lutar para que não levassem o posto de correios ou os serviços públicos».
«Confiança de quem sabe ter solução para os problemas nacionais e apresenta ao povo e ao país uma política alternativa, patriótica e de esquerda ao serviço dos trabalhadores e do povo, capaz de assegurar um Portugal com futuro, desenvolvido e soberano», disse antes de destacar que reforçar a CDU é «acrescentar força à luta».