Agressão imperialista à Síria

UE levanta embargo

A UE decidiu, dia 27, relaxar as restrições ao fornecimento de armas aos terroristas sírios, medida aprovada ao arrepio de conferências internacionais agendadas para a pacificação do território.

A guerra é «alimentada por actores externos», afirmou a Alta Comissária da ONU

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Após cerca de 12 horas de reunião em Bruxelas, os chefes da diplomacia dos 27 decidiram permitir o envio de equipamento militar aos grupos armados sírios, argumentando com a retórica da protecção da população civil. A posição não é pacífica no seio da UE, onde um grupo de países, com destaque para a Áustria, consideram que tal só irá degradar o conflito.

Posição contrária esgrimiram a França e a Grã-Bretanha. Paris voltou a arremessar supostos indícios do uso de armas químicas por parte de Damasco (alegadamente constatadas por repórteres do Le Monde), e Londres, através do titular dos assuntos exteriores, William Hague, assumiu a primeira fila da defesa do apoio bélico irrestrito à chamada oposição ao governo de Bashar al-Assad.

Contra o aumento da capacidade operacional dos mercenários que nos últimos dois anos levaram o caos à Síria, manifestou-se a Alta Comissária da ONU, Navi Pillay. No arranque da sessão do Conselho dos Direitos Humanos dedicada precisamente às consequências da guerra, a responsável reconheceu que esta é «alimentada por actores externos».

Israel, que por duas vezes nos últimos meses já bombardeou território sírio, e que as autoridades de Damasco acusam de apoiar os ditos rebeldes, provando, inclusive, o envolvimento de Telavive no terreno, como aconteceu a semana passada –, aproveitou a ocasião para advertir que «saberá o que fazer» caso a Rússia concretize a venda de mísseis antiaéreos à Síria.

O negócio é, aliás, uma das justificações implícitas para o levantamento do embargo, mas a Rússia respondeu prontamente notando que a sua transacção é legal, ao passo que a da UE não o é, isto além de constituir uma contradição de quem diz pretender pôr fim ao banho de sangue mas «injecta mais armamentos».

A decisão dos 27 foi tomada quando o Irão se preparava para acolher uma conferência internacional – prevista para ontem, com participação da Rússia e China – sob o lema «Solução política, estabilidade regional».

A definitiva desestabilização de todo o Médio Oriente e o alastramento do conflito será um efeito provável da medida da UE. No terreno, o Líbano, e mais concretamente o Hezbollah, tem sido provocado diariamente, e os avanços das tropas regulares sírias em importantes regiões assaltadas pelos terroristas – manifestamente incapazes de vencer sem o apoio externo, embora ostentem uma ferocidade desumana, como ficou provado, nos últimos dias, com a sucessão de atentados contra civis ou a execução de uma repórter de TV síria – podem sofrer um revês.

Prevista e participada pela Síria, estava, igualmente, uma conferência internacional a realizar em Genebra durante o próximo mês de Junho. Face à decisão europeia, o agendamento da iniciativa pode não se concretizar, até porque a votação em Bruxelas se efectuou justamente quando o secretário de Estado dos EUA e o seu homólogo russo se encontravam em Paris para discutir os termos da reunião destinada a alcançar a paz, mais distante agora que os ditos rebeldes terão disponível um vasto arsenal.



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