Greves sucessivas desde dia 17

Portugal sem portos

A alteração do regime laboral do sector marítimo-portuário, desencadeada pelo Governo com apoio de patrões e estruturas da UGT, lançou o alarme e teve resposta firme dos trabalhadores, que levou à paralisação do sector.

A revisão prejudica os trabalhadores e o País

Image 11553

A esta luta e, em geral, à situação que se vive no sector marítimo-portuário, foi dedicada uma audição que o grupo parlamentar do PCP realizou anteontem, na AR, com a participação de representantes dos trabalhadores e de especialistas. Os deputados comunistas, como explicou Bruno Dias, num depoimento publicado no sítio do Partido na Internet, quiseram assim dar voz a quem combate a proposta de lei de revisão do regime de trabalho portuário, que o Governo aprovou dia 20, uma semana depois de ter obtido o acordo de organizações minoritárias.

Os portos de todo o País estão encerrados há mais de uma semana, devido às greves dos pilotos de barra e pessoal do controlo marítimo, nos dias 17, 18 e 25; dos estivadores, a 19 e 20 (apenas não encerrou o porto de Leixões, por acção do divisionismo sindical); dos trabalhadores das administrações portuárias, nos dias 21 e 24.

No dia 25, terça-feira, trabalhadores portuários de vários países da Europa (Espanha, Itália, França, Dinamarca, Grécia, Chipre, Suécia, Malta) realizaram uma greve simbólica de uma hora, em solidariedade com a luta no nosso País.

A grande adesão à greve e os seus efeitos noutros sectores da economia acabaram por ser uma clara resposta ao pretenso acordo que o Governo obteve dia 13 e que usou como fundamento para aprovar, uma semana depois, a proposta de lei que vai ainda fazer o percurso legislativo na AR.

As greves foram convocadas pelos sindicatos que integram a Frente Comum Sindical Marítimo-Portuária, entre os quais está um sindicato filiado na Fectrans/CGTP-IN, e que já tinham realizado uma paralisação a 14 de Agosto, considerando que as modificações pretendidas pelo Governo põem em causa os interesses e o emprego dos trabalhadores do sector, e contrariam também os interesses do País.

Rodoviárias

No dia 19, a greve na Rodoviária do Alentejo e na Trevo (Transportes Rodoviários de Évora), que fazem parte do Grupo Barraqueiro, teve uma adesão superior a 85 por cento, segundo a Fectrans/CGTP-IN, e foi «uma manifestação clara e inequívoca da disposição dos trabalhadores», pela negociação e defesa do Acordo de Empresa. Em plenário, foi aprovada nova paralisação, a 24 de Outubro, caso as negociações não avancem. A Direcção Regional de Évora do PCP saudou a luta dos trabalhadores, como «exemplo a seguir nas empresas e locais de trabalho, nas ruas e praças, de modo a travar este rumo de retrocesso laboral, social e económico».

A Fectrans reafirmou o seu empenhamento em alcançar um contrato colectivo para todos os trabalhadores da Barraqueiro Transportes, que resultou da fusão de oito empresas do Grupo Barraqueiro. Em comunicado, no dia 21, a federação apresentou o ponto da situação das negociações do novo AE e rejeitou recomeçar este processo conjuntamente com organizações sindicais que vão agora iniciá-lo. Salientou a necessidade de negociar também aumentos salariais.

Na Scotturb, num plenário que foi o mais participado dos últimos anos, foi decidida uma greve para 3 de Outubro, caso não haja resposta às reivindicações aprovadas.

Lisboa

No dia 20, no Metropolitano de Lisboa, em plenário, foram confirmadas as greves para hoje e dia 4, de manhã. Também na Transtejo e na Soflusa, os plenários de anteontem paralisaram a circulação e aprovaram novas lutas.




Mais artigos de: Trabalhadores

O capital deve pagar

Depois de recuar nas alterações da Taxa Social Única, o Governo prepara novas medidas com o mesmo objectivo. A CGTP-IN propôs alternativas e reafirmou o apelo à intensificação da luta, este sábado, no Terreiro do Paço.

Apelo reforçado para sábado

Numa altura em que se multiplicam as reuniões, plenários e contactos informais, para que mais trabalhadores participem na manifestação no Terreiro do Paço, a CGTP-IN veio repor a verdade acerca dos cortes nos subsídios.

Com luta é possível

Os trabalhadores do distrito de Setúbal não se têm resignado, perante a ofensiva dos governos e do capital, e conseguiram resultados que foram valorizados dia 21, no 9.º Congresso da União dos Sindicatos.

Sonoro protesto em Belém

Durante a tarde e a noite de sexta-feira, dia 21, vários milhares de pessoas manifestaram-se frente ao Palácio de Belém, enquanto ali decorria a reunião do Conselho de Estado. A iniciativa partiu dos promotores das manifestações «Que se lixe a...

Cavaco apupado em Évora

O PR foi recebido em Évora, na sexta-feira, pelos protestos de cerca de 300 trabalhadores da Administração Pública e de empresas privadas. Respondendo ao apelo da estrutura distrital da CGTP-IN, concentraram-se junto às instalações da Embraer, que Cavaco Silva foi...

Quem afundou <br>a <i>Cerâmica de Valadares</i>?

O fim, para o qual a Cerâmica de Valadares parece caminhar, tem responsáveis bem identificados que contribuíram largamente para afundar uma fábrica com mais de 90 anos de história e aniquilar mais de 300 postos de trabalho – afirma a Comissão...

Desemprego não pára

Nos concelhos industrializados do Vale do Sousa, o número de desempregados aumentou mais de 21 por cento desde o início do ano, revelou dia 20 a agência Lusa. Citando dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), relativos a Agosto, refere que Paços de Ferreira...