A Ordem dos «illuminati» (5)

Jorge Messias

«Nós temos nesta Terra o lugar de Deus Todo-Poderoso… o Papa não é somente o representante de Cristo mas é o próprio Jesus Cristosob um manto de carne»
(
Leão XIII, carta-encíclica de 1894).

«Em 1952 foi formada uma aliança que juntou, pela primeira vez na história, as Famílias Negras (nobreza europeia que historicamente pratica o Espiritismo e o Ocultismo), os Iluminatti, o Vaticano e a Maçonaria. O objectivo era trabalharem em comum na instalação de uma Nova Ordem Mundial» (Milton William Cooper, escritor norte-americano in «Behold a Pale Horse»).

«Acredito que o branco que vejo é preto se a hierarquia da Igreja o tiver declarado...» (Exercícios Espirituais, «Inácio de Loiola»).

«Motivados pelo amor de Cristo, assumimos a obediência como um dom dado por Deus à Companhia por intermédio do seu Fundador... Ela une-nos à vontade salvífica de Deus e, simultaneamente, constitui o vínculo da nossa união em Cristo.

Deste modo, o voto de obediência converte a Companhia num instrumento mais eficaz de Cristo na Igreja, para auxílio das almas e maior glória de Deus» (Inácio de Loiola, «Constituições da Companhia de Jesus»).

No sentido que tradicionalmente lhe é dado pelos manuais escolares, «iluminado» tem um significado eminentemente cultural e exprime o avanço que as classes «cultas» alcançaram sobre o despotismo político, sobretudo ao longo do século XVIII. Na actualidade, os conteúdos dessa mesma expressão são muito diferentes. Trata-se agora de um estrato ligado a um projecto secreto de mudança da sociedade, de sentido maximamente reaccionário. O «iluminatti» deverá corresponder, neste caso, a um misto de autómato jesuítico, de esbirro capitalista e de agente activo da tecnocracia neoliberal.

Os modernos «illuminati» nasceram no seio da Igreja católica, no século XVIII, a partir de um grupo carismático presidido pelo padre jesuíta Adam Weishaupt, o qual adoptou para o novo movimento o nome de Antigos e Iluminados Profetas da Baviera, comunidade hoje conhecida como Ordem dos Iluminatti. Que objectivos eram esses que os motivaram e continuam a motivar?

Pouco antes das grandes insurreições da Revolução Francesa, em 1789, registava-se em toda a Europa católica um forte descontentamento em relação à hierarquia da Igreja. Esta, como sempre, permanecia ferozmente conservadora, enquanto a sociedade laica evoluía a olhos vistos e se acumulava aceleradamente os novos conhecimentos científicos que mudavam a face do mundo. Os povos tomavam consciência da existência de «classes» desiguais perante o Estado e da urgência em serem formadas novas dinâmicas verdadeiramente laicas e mesmo opostas ao poder civil e eclesiástico. Em paralelo com a constituição dos Iluminatti da Baviera, surgiram assim outros grupos semi-secretos tais como os Irmãos do Livre Espírito, os Rosacruzes, os Alumbrados, os Martinistas, o Palladium, os Filadélfios, etc. Não eram ainda partidos políticos, na actual acepção do termo. Representavam, sobretudo, «clubes de reflexão» com natureza de classe. Contestavam o poder absoluto e a hierarquia religiosa mas mantinham os cultos e, sobretudo, continuavam a abraçar os mitos. Por isso, a sua ligação permanente a forças ocultistas. Propunham também uma sociedade política fortemente hierarquizada, nos moldes das Constituições adoptadas pela Companhia de Jesus e dotada com um governo mundial único.

O Vaticano reagiu violentamente. Em 1798, os iluminatti foram reprimidos e extintos. Na realidade, refugiaram-se na Maçonaria, nos quadros da qual continuaram o seu incessante processo de expansão. O Vaticano excomungara-os.

A partir de João Paulo II, a atitude da Igreja em relação às sociedades secretas (Bula de 27/11/1983) mudou substancialmente. Independentemente do habitual «jogo às escondidas» dos desmentidos oficiais é inegável que o Vaticano passou a tolerar a participação de católicos em sociedades secretas. Paralelamente, a Maçonaria abriu de par em par as suas portas aos praticantes e sacerdotes católicos, ainda que desempenhando altos cargos como bispos e cardeais.

Naturalmente que num panorama tão altamente complicado como é o actual, os ilustratti teriam de reaparecer em lugar de destaque. São eles que agora tecem e ligam os elos convergentes dos poderes imperiais da banca, das sociedades secretas, dos grupos fascistas com ou sem expressão legal e da Igreja.

Continuaremos a tentar trazer os iluminatti para a luz do dia.



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