Uma provocação reles

Carlos Gonçalves

Em 1 de Ou­tubro – quase 200 mil, em Lisboa e Porto , demos um grande passo na luta contra o pro­grama de agressão e sub­missão, pela re­jeição deste crime de des­truição da eco­nomia e re­gressão so­cial, deste exe­crável pacto de saque ao povo e ao País, de ig­no­mínia e traição na­ci­onal, pela rup­tura com este per­curso para o de­sastre. Foi a força da de­ter­mi­nação, uma pri­meira jor­nada desta nova etapa do com­bate de massas, dura e di­fícil, que vai per­correr novas con­tra­di­ções e sec­tores so­ciais e travar grandes ba­ta­lhas, mas que aca­bará por su­perar este re­tro­cesso his­tó­rico e abrir um novo rumo para o País.

Con­fron­tado com a luta de massas, sa­bendo que acabou o «es­tado de graça» e que o con­tra­bando ide­o­ló­gico, as «ine­vi­ta­bi­li­dades» e a pre­gação do con­for­mismo pelos media da «guerra psi­co­ló­gica» entra agora em perda, face à re­a­li­dade ob­jec­tiva e à «força ma­te­rial» das ideias, que a luta vai po­ten­ciar, o Go­verno e o seu co­mando re­pres­sivo e um tal Major Ge­neral Carlos Chaves – a não es­quecer –, deu todo o peso, nos media de ser­viço, à pro­vo­cação, já en­saiada por Passos Co­elho, de que vêm aí grandes «tu­multos», «os mai­ores desde o PREC» e que a PSP e o SIS estão já a tratar do as­sunto.

A no­tícia é pífia, mas visa a pro­vo­cação aos tra­ba­lha­dores, aos co­mu­nistas e ou­tros de­mo­cratas; visa pintar o quadro em que agentes pro­vo­ca­dores criem o in­ci­dente para a re­pressão; visa a «la­vagem ao cé­rebro» aos agentes das Forças de Se­gu­rança; visa a in­ti­mi­dação e o medo para des­mo­bi­lizar a luta.

É apenas o que é – uma pro­vo­cação. Como a que fez o PS em Maio de 2010, com os em­pur­rões entre «anarcas» e PSP en­ce­nados para a te­le­visão, como fez o PSD/​CDS com a «in­sur­reição dos pregos» na pri­meira Greve Geral de 1982, era Ângelo Cor­reia MAI e Bal­semão pri­meiro-mi­nistro, ou com a ope­ração que nesse ano as­sas­sinou dois ope­rá­rios no 1.º de Maio no Porto, como fez Ca­vaco e o MAI Dias Lou­reiro em 1994, com a pro­vo­cação do SIS e a re­pressão anun­ciada da luta contra as por­ta­gens na ponte 25 de Abril, ou como já fazia o fas­cismo, com a in­fil­tração e pro­vo­cação da PIDE nas greves e ma­ni­fes­ta­ções que co­ra­jo­sa­mente o afron­tavam.

É uma pro­vo­cação reles. E que como tal não deve ser ig­no­rada, mas sim res­pon­dida na luta de massas pela re­jeição do pro­grama de agressão, da forma que mais dói aos man­dantes e pro­vo­ca­dores de ser­viço.



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